Com este circuito é possível fazer piscar uma lâmpada potente de 16 ou 12 V numa freqüência que depende do ajuste de um potenciômetro, com um ciclo ativo de 50%. O circuito pode ser usado em sinalização de estradas, emergências, pistas de pouso, e em outras aplicações que se exige boa potência luminosa a partir de alimentação por bateria.

O artigo é de 1991. Numa versão atual, em lugar de lâmpadas podemos usar LEDs com resistores apropriados em série, obtendo assim um rendimento muito maior.

 

Um circuito capaz de fazer piscar uma lâmpada de até 3 A, o que corresponde a 18 W em 6 V ou 36 W em 12 V, para uma sinalização potente, sendo alimentada por bateria não pode ser muito simples se não usarmos componentes especiais.

Neste artigo descrevemos um circuito que, com apenas dois circuitos integrados e um transistor se consegue controlar uma potente lâmpada e com muita simplicidade.

O sinalizador proposto neste artigo serve para aplicações em que se usem potentes lâmpadas de faróis de automóveis ou mesmo de potências intermediárias e com alimentação a partir de bateria.

Dentre as aplicações possíveis para este sinalizador sugerimos:

- Em barcos ou viaturas

- Pistas de pouso

Locais de acidentes ou obras

 

CARACTERÍSTICAS

Tensões de alimentação: 12 a 15 V

Tipos de lâmpadas: 6 a 12 V com até 3 A (ou LEDs – veja observação)

Corrente máxima de carga: 3 A

Faixas de freqüências de ajuste: 1 piscada a cada 10 segundos a 10 piscadas por segundo.

Ciclo ativo: 50%

 

 

COMO FUNCIONA

O controle da carga, ou seja, da lâmpada ou lâmpadas que devem piscar é feito por um único circuito integrado do tipo LM350T.

Este componente consiste num regulador de tensão integrado com capacidade de entregar na sua saída tensões fixas sobre correntes de até 3 A.

Dependendo da polarização de seu terminal de ajuste (A), a tensão na saída pode variar entre 1,2 V e aproximadamente 2 V a menos que a tensão usada na alimentação, ou seja, aplicada na sua entrada.

Quando o terminal de ajuste está em 0 V temos a tensão mínima de saída, em torno de 1,2 V, o que não é suficiente para deixar a lâmpada usada como carga sem alimentação, mas por outro lado é interessante na nossa aplicação pois mantém seu filamento ligeiramente aquecido, reduzindo assim o impacto da aplicação da tensão maior durante as piscadas.

Quando o terminal de ajuste é levado a uma tensão mais alta, a saída também sobe, ficando aproximadamente 1,2 V acima da referência.

O ajuste desta referência pode ser feito, no nosso caso, por meio de P2 que, juntamente a R2 formam um divisor de tensão.

Para fazer com que a tensão no terminal de controle de Cl-2 (LM350T) oscile entre aproximadamente 0 V e a tensão de referência que será ajustada de acordo com a lâmpada usada empregamos um oscilador com único circuito integrado 40938 (Cl-1).

O oscilador básico usa uma das portas disparadoras do circuito integrado e tem sua freqüência determinada por C2, R1 e P1. Como P1 é um trimpot ele permite ajustar a freqüência de operação do oscilador numa ampla faixa de valores.

Este tipo de oscilador tem um ciclo ativo de 50% e seu sinal é aplicado às outras três portas do circuito integrado que funcionarão como um amplificador digital e buffer, excitando diretamente a base do transistor NPN de uso geral.

O coletor do transistor está ligado ao terminal de controle do LM350T enquanto que o emissor está ligado à terra.

Quando a saída do oscilador se encontra no nível baixo, o transistor é polarizado no corte de modo que a tensão no terminal de ajuste de Cl~2 vai ao valor ajustado pelo potenciômetro como referência, de acordo com a lâmpada.

A lâmpada recebe então a tensão nominal e acende com seu brilho normal.

Veja que entendemos como "oscilador" neste caso ao conjunto das 4 portas, já que o "buffer" realmente inverte o sinal da porta osciladora para aplicar ao transistor.

Com a tensão na base do transistor no nível alto, a tensão no terminal de ajuste do circuito integrado praticamente cai a zero, e com isso na sua saída temos a tensão mínima da ordem de 1,2 V. Esta baixa tensão não permite que a lâmpada acenda, mas mantém seu filamento ligeiramente aquecido o que é bom para evitar o 'impacto' do estabelecimento da tensão máxima no inicio de ciclo de acendimento.

Na figura 1 temos a forma de onda na lâmpada para um ajuste de 6 V.

 

  Figura 1 – Forma de onda na lâmpada
Figura 1 – Forma de onda na lâmpada

 

Veja que, se formos usar uma lâmpada de 6 V, com alimentação de 12 V o ajuste pode ser feito de modo a termos a tensão nominal aplicada.

Entretanto, com uma lâmpada de 12 V e uma alimentação de 12 V, a lâmpada acenderá com brilho pouco menor, pois a tensão máxima obtida será de 10 V, ou pouco menos.

Assim, para máximo brilho com lâmpadas de 12 V será interessante alimentar o circuito com tensão um poucos maior, como por exemplo 15 V.

 

MONTAGEM

Na figura 2 temos o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 2 – Diagrama do aparelho
Figura 2 – Diagrama do aparelho

 

Os componentes podem ser instalados numa placa de circuito impresso conforme sugere a figura 3.

 

   Figura 3 – Placa para a montagem
Figura 3 – Placa para a montagem

 

O circuito integrado 4093 (Cl-1) deve ser instalado em soquete DlL de 14 pinos enquanto que o LM35oT deve ser dotado de um bom radiador de calor.

P1 e P2 são trimpots para montagem vertical em placa de circuito impresso enquanto que todos os resistores são de 1/8 ou 1/4 W com 5 a 20% de tolerância.

O capacitor C1 deve ter uma tensão de trabalho de pelo menos 16 V e C2 tanto pode ser de poliéster ou cerâmico.

O transistor Q1 admite equivalentes como o BC547 ou BC549 e a lâmpada será tanto de 6 como de 9 V com potência de acordo com a finalidade visada.

Lâmpadas de 9 V também podem ser usadas.

O aparelho poderá ser instalado no interior de pequena caixa plástica com a lâmpada na parte superior.

A lâmpada pode ficar protegida por um corpo plástico transparente, colorido ou então ser dotada de refletor que permita concentrar a luz numa única direção, conforme sugere a figura 4.

 

   Figura 4 – Sugestão de instalação
Figura 4 – Sugestão de instalação

 

Observe que os fios de conexão à bateria e também à lâmpada devem ser relativamente grossos, de acordo com a intensidade da corrente que devem trabalhar.

 

AJUSTES E USO

Para ajustar o aparelho, retire a lâmpada antes de ligá-lo a alimentação e no seu uso conecte um multímetro na escala de tensões que permita ler o valor no qual a lâmpada deve funcionar.

Em seguida, por um momento desligue o resistor R2 (basta levantar um dos seus terminais) e ligue a alimentação do aparelho.

Ajuste então o trimpot P2 para se obter no multímetro (saída do LM 350T) a tensão da lâmpada que vai ser usada.

Você pode trabalhar com lâmpadas de 4,5 a 12 V, desde que a corrente não seja maior que 3 A. Lembramos que para obter a corrente, basta dividir a potência pela tensão.

Feito este ajuste, conforme mostra a figura 5 desligue o aparelho, ressolde R2 e ligue agora a lâmpada em seu lugar.

 

Figura 5 – Ajuste da tensão máxima
Figura 5 – Ajuste da tensão máxima

 

O próximo passo consiste em ajustar em P1 a freqüência das piscadas.

Com isso, o aparelho estará pronto para ser usado.

Um sistema de sinalização portátil pode ser elaborado com base numa potente lâmpada de 6 V (de farol de bicicleta, por exemplo) e uma bateria de 12 V de 6 Ah, conforme mostra a figura 6.

 

   Figura 6 – Sistema de sinalização portátil
Figura 6 – Sistema de sinalização portátil

 

Este sistema com autonomia de 2 horas pode ser útil em situações de emergência como a sinalização de pistas de pouso, acidentes, obras, operações de salvamento, etc.

A modificação no circuito original feita conforme mostra afigura 7 permite acionar duas lâmpadas alternadamente, cada qual com até 3 A de corrente.

 

   Figura 7 – Usando duas lâmpadas
Figura 7 – Usando duas lâmpadas

 

O ajuste de freqüência é único e os circuitos integrados LM350T devem ser montados em bons radiadores de calor.

Lembramos que podem ser usadas lâmpadas incandescentes de formato comum de 15 W para 12 V.

 

CI-1 - 4093B - circuito integrado CMOS

CI-2 - LM350T - circuito integrado regulador de tensão

Q1 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral

X1 - lâmpada de 6 a 12 V até 3 A ver texto (ou LEDs)

P1 - 2,2 M Ω - trimpot

P2 - 10 k Ω - trimpot

C1 - 220 µF x 16 V - capacitor eletrolítico

C2 - 470 nF (474 ou 0,047) - capacitor cerâmico ou de poliéster

R1 - 100 k Ω x 1/8 W - resistor (marrom, preto, amarelo)

R2 - 10 k Ω x 1/8 W - resistor (marrom, preto, laranja)

R3 - 220 Ω x 1/8 W - resistor (vermelho, vermelho, marrom)

Diversos: placa de circuito impresso, soquete para o CI-1, radiador de calor, caixa para montagem, fios, solda, etc.