Mixers ou misturadores são equipamentos indispensáveis para quem gosta de som. Apresentando a possibilidade de misturar em gravações ou reproduções os sons de diversas fontes, os mixers dão um efeito especial a conjuntos musicais, edição de fitas ou mesmo em festas. O mixer estereofônico que descrevemos, além de sua qualidade, possui alguns recursos que merecem uma observação maior, como por exemplo os controles de tonalidade, a presença de entradas sensíveis para microfones e a alimentação com apenas 12 V.

Descrevemos neste artigo um mixer universal estereofônico de excelente qualidade e que certamente chamará a atenção do leitor que opera equipamentos de som.

Com 3 entradas de grande sensibilidade para cada canal, este circuito admite praticamente qualquer tipo de sinal, e sua qualidade é garantida pela presença de um quádruplo amplificador de alto ganho integrado.

Sendo alimentado por apenas 12 V, com um consumo de corrente muito baixo, a própria fonte de amplificadores, pré-amplificadores e outros dispositivos pode ser utilizada com uma simples redução com resistor e diodo zener, sem perigo de sobrecargas e sem a presença de roncos que poderiam aparecer no caso de uma fonte externa mal dimensionada.

Além disso, essa tensão de 12 V também permite o uso móvel com a alimentação direta pela bateria de um carro.

Resumindo as características do circuito temos:

Tensão de alimentação: 12 V

Consumo de corrente: 10 mA

Número de integrados: 1

Impedância de entrada: 100 k

Número de entradas por canal: 3

Ajuste de tom por canal:1

 

 

COMO FUNCIONA

 

A base do mixer é um integrado que consta de 4 amplificadores operacionais de características excepcionais.

Podemos usar tanto o LM324, que apresenta uma impedância de entrada de 1OM ohms, como o TL074 (Texas), que possui transistores de efeito de campo na entrada e uma impedância de 1 T ohms (1 Tera ohms = 1012 ohms!).

A pinagem dos dois integrados é a mesma, o que dispensará qualquer alteração na placa de circuito impresso para a utilização de um ou de outro.

Para cada canal usamos dois amplificadores. Um deles é usado como pré-amplificador, com ganho dado pelos resistores R7 e R8.

Para o LM324 sugerimos utilizar 1M e para o TL084, dependendo da intensidade mínima dos sinais que devem ser mixados, podemos diminuir essa resistência para até 120 k.

O segundo amplificador é usado como driver, com ganho praticamente unitário, tendo o controle de tonalidade no circuito de realimentação.

Na placa prevemos a utilização de ajustes de tom, através dos trimpots (P7 e P8), para as aplicações em que se utilizar um amplificador já dotado de controle de tonalidade.

Para os casos em que o amplificador não dispuser deste recurso, sugerimos a utilização de potenciômetros de 1ook no painel do mixer.

A polarização da entrada não inversora de cada amplificador é feita por um divisor de tensão com resistores de 22 k (R11/R17 e R12/R18), que fornece 6 V de referência.

Nas saídas são previstas ligações para dois VU-meters, um para cada canal, que tanto podem ser do tipo analógico (galvanômetro) como de ponto móvel (LEDs).

 

 

MONTAGEM

 

Na figura 1 damos o diagrama completo do mixer, em que são indicadas 3 entradas para cada canal.

 

  Figura 1 – Diagrama do mixer
Figura 1 – Diagrama do mixer | Clique na imagem para ampliar |

 

 

A placa de circuito impresso é mostrada na figura 2.

 

   Figura 2 – Placa para a montagem
Figura 2 – Placa para a montagem | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Para o integrado sugerimos a utilização de soquete DIL de 14 pinos, pois este recurso além de livrá-lo do calor no processo de soldagem permite a substituição com facilidade em caso de manutenção ou para a realização de experiências com os dois tipos indicados.

Os potenciômetros de entrada são lineares de 100 k, havendo a possibilidade de uso tanto dos tipos rotativos como deslizantes, conforme a caixa escolhida para alojar o aparelho.

As ligações aos jaques de entrada e saída, assim como as ligações aos potenciômetros, devem ser blindadas para se evitar a captação de zumbidos.

Uma boa sugestão e que melhora o desempenho quanto à imunidade a zumbidos é a instalação em caixa metálica devidamente aterrada.

Um capacitor eletrolítico de 100 uF em paralelo com um cerâmico de100 nF podem ser necessários para desacoplar a alimentação caso o cabo de 12 V tenha de ser longo.

Estes capacitores devem ser montados junto à placa de circuito impresso, na entrada de alimentação.

Os resistores são todos de 1/8 W com 10% ou 20% de tolerância e os eletrolíticos para 16 V. Os demais capacitores podem -ser cerâmicos ou de poliéster.

A prova de funcionamento é imediata.

 

 

PROVA E USO

 

Ligue o mixer a uma fonte de 12 V com excelente filtragem ou então a uma fonte de maior tensão, utilizando o divisor da figura 3.

 

  Figura 3 – Redutor de tensão
Figura 3 – Redutor de tensão | Clique na imagem para ampliar |

 

 

O resistor Rx é calculado pela seguinte fórmula:

Rx = (V -12)/0,01

 

Onde:

Rx é a resistência em ohms

V é a tensão disponível na fonte do aparelho utilizado como alimentador.

O diodo zener de 12 V é de 400 mW.

Depois, faça a conexão da saída do mixer à entrada AUX de qualquer amplificador (mono ou estéreo).

Nas entradas, ligue fontes de sinais como a saída de um gravador, microfone, toca-discos ou mesmo rádio e verifique a atuação dos controles.

Cada controle só deve ser levado até a posição em que haja volume máximo sem distorção, não devendo ultrapassá-la para não haver saturação.

Verifique a atuação do controle de tom e ajuste o nível de volume do amplificador para obter o melhor funcionamento.

Se notar ronco, verifique as blindagens e se possível use um terra comum para o mixer e o amplificador.

Os jaques utilizados na entrada dependem do tipo de fonte de sinal empregado; para a saída podem ser preparados cabos contendo plugues de acordo com a saída do mixer e entrada do amplificador.

Para utilizar o aparelho procure antes determinar o nível de sinal de saturação de cada fonte, marcando-o no potenciômetro do mixer correspondente.

Se necessitar de maior ganho, caso as fontes de sinal sejam de muito baixa intensidade, aumente R7 e R8 para 1M5 ou mesmo 2M2.

Se as fontes de sinal forem intensas (gravador, sintonizador etc.) e o alto ganho for desnecessário, reduza R7 e R8 até o mínimo de 120 k.

 

CI-1 - LM324 ou TL074 - circuito integrado (ver texto)

P1 a P6 - potenciômetros lineares de 100 k - rotativos ou deslizantes

P7, P8 - trimpots ou potenciômetros de 100 k (ver texto)

R1 a R6, R21, R22 – 100 k – resistores (marrom, preto, amarelo)

R7, R8 – 120 k á 1M - resistores (ver texto)

R9, R10, R11, R12, R17, R18, - 22 k resistores (vermelho, vermelho, laranja)

R13, R14 - 3k3 - resistores (laranja, laranja, vermelho)

R15, R16 - 12k - resistores (marrom, vermelho, laranja)

R19, R20 - 270 ohms - resistores (vermelho, violeta, marrom)

C1, C2 – 100 nF - capacitores cerâmicos ou de poliéster

C3, C4, C9, C10 – 15 pF – capacitores cerâmicos

C5, C6, C7, C8 - 2n2 -. capacitores cerâmicos ou de poliéster

C11, C12, C13, C14 – 22 uF x 16V - capacitores eletrolíticos

Diversos: placa de circuito impresso, suporte DIL de 14 pinos, fios blindados, botões para os potenciômetros, jaques de entrada e saída caixa para montagem, fios, solda etc.