Descreveremos neste artigo um aparelho que é o "inverso" de um mixer, permitindo a separação de sinais de uma fonte para excitar diversos amplificadores. Trata-se de equipamento de grande utilidade em conjuntos musicais ou ainda em sistemas de sonorização ambiente, quando são usados diversos amplificadores em paralelo para se conseguir maior potência. O aparelho é muito simples e de grande fidelidade.

Obs. Esta versão do circuito saiu em artigo de 1989. Outras versões do mesmo projeto são encontradas em artigos mais recentes.

Um multiacoplador pode ser descrito como um circuito “inverso" a um mixer.

No mixer aplicamos diversos sinais às entradas e os obtemos misturados numa única saída. Num multiacoplador temos um sinal de entrada que é separado em diversas saídas para excitar amplificadores independentes..

É importante observar que não é muito vantajoso termos um único amplificador de potência ultra-elevada, se quisermos ter uma grande potência sonora, é muito mais cômodo (e, às vezes, mais barato) termos um conjunto de amplificadores de menor potência associados em paralelo, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – Usando diversos amplificadores
Figura 1 – Usando diversos amplificadores | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Além da comodidade, é preciso ainda ressaltar o fator segurança, já que se um dos amplificadores tiver problemas os outros continuarão funcionando e tudo que ocorrerá será uma pequena redução da potência.

No caso de um único amplificador, se ele tiver problemas, o sistema para por completo.

Observando a figura 1, notaremos que o multiacoplador é intercalado entre a fonte de sinal (que pode ser a saída de um instrumento ou de um mixer, que mistura os sinais de todos os instrumentos) e os amplificadores.

Na nossa versão temos três saídas, mas nada impede que este número seja aumentado até 10 ou mais, sem problemas de perdas.

O circuito utiliza transistores de efeito de campo e tem um consumo de corrente muito baixo, o que permite a utilização de bateria na sua alimentação.

É claro que, num sistema mais elaborado, podemos até tirar sua alimentação de um dos amplificadores que ele deve excitar.

A sensibilidade de entrada é da ordem de 100 mV, e se obtém um sinal de mais de 1Vpp para a saída, o que excita muito bem a maioria dos amplificadores comuns.

 

 

O CIRCUITO

 

O sinal de entrada passa por um transistor de efeito de campo, montado na configuração de fonte comum (equivalente à emissor comum).

Nesta configuração obtemos um bom ganho de tensão e uma elevadíssima impedância de entrada. No caso, esta impedância é dada basicamente pelo ajuste de sensibilidade P1.

O sinal retirado do dreno do transistor é levado aos difusores, que são outros transistores de efeito de campo, ligados na configuração de dreno comum.

Nesta configuração obtemos ainda uma elevadíssima impedância de entrada, que não carrega o excitador Q1, e uma impedância baixa de saída, da çrdem de 4k7.

O sinal tem excelente intensidade na saída, podendo facilmente excitar os amplificadores.

C5 desacopla o circuito da fonte de alimentação, que pode ter tensões entre 12 e 18 V. A corrente consumida será de apenas alguns miliampères.

 

 

MONTAGEM

 

Na figura 2 damos o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 2 – Diagrama completo do aparelho
Figura 2 – Diagrama completo do aparelho | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Na figura 3 temos a nossa sugestão de placa de circuito impresso, bastante compacta, a qual pode ser facilmente instalada numa caixinha plástica.

A fonte, neste caso; pode ser duas baterias de 9 V em série.

Como se trata de montagem que opera com sinais de áudio de baixa intensidade, devem ser tomadas precauções de modo a se evitar a captação de zumbidos.

Isso significa a utilização de fios blindados para as entradas e saídas, com todas as suas malhas ligadas a um ponto comum e ao negativo da alimentação.

Os transistores são do tipo BF245, facilmente encontrados no nosso mercado, mas equivalentes como o MPF102 também podem ser experimentados.

Os resistores são de 1/8 ou ¼ W com 5 ou 10% de tolerância e os capacitores podem ser cerâmicos ou de poliéster. Seus valores não são críticos, podendo ser usados tipos de 120 ou mesmo 150 nF, caso haja dificuldade em se encontrar os valores originais.

Os jaques de entrada e saída deverão ser escolhidos em função dos equipamentos que devem ser interligados.

Sugerimos a utilização de jaques do tipo RCA, com a disponibilidade de cabos contendo plugues equivalentes de um lado e plugues de acordo com os equipamentos associados do outro.

 

 

PROVA E USO

 

Para testar seu aparelho, basta ligar uma das saídas à entrada de um amplificador, que deve estar à meio volume. Aplicando um sinal na entrada do multiacoplador e abrindo P1, deve haver sua reprodução no amplificador, sem distorção.

Experimente do mesmo modo as outras saídas.

Para usar, ajuste a sensibilidade de modo a obter excitação total dos amplificadores, mas sem distorção dos sinais. Faça o mesmo ajuste no volume de cada amplificador.

Se houver algum tipo de ronco, verifique as blindagens dos fios de entrada e saída dos sinais.

 

Q1, Q2, Q3, Q4 - BF245 ou equivalente - transistores de efeito de campo

C1 a C5 – 100 nF - capacitores cerâmicos ou de poliéster

R1 – 10 k - resistores (marrom, preto, laranja)

R2 - 1k2 - resistor (marrom, vermelho, vermelho)

R3, R4, R5 - 4k7 - resistores (amarelo, violeta, vermelho)

P1 - 2M2 - potenciômetro lin ou log

Diversos: jaques de entrada e saída, caixa para montagem, placa de circuito impresso, fios blindados, knob para o potenciômetro, conectores para bate-

rias ou fonte, solda etc.