Receptores simples para as faixas de frequências altas como FM e VHF podem ser elaborados utilizando-se componentes modernos. É o caso deste receptor experimental de FM e VHF que tem sensibilidade suficiente para captar com excelente qualidade de som as estações de FM locais além de aviões, polícia, radioamadores e o som das estações de TV, a uma boa distância. Se o leitor deseja explorar esta faixa do espectro eis a sua oportunidade de construir um receptor econômico e sensível.

Nota: Artigo da Eletrônica Total 22 de 1990.

 

Uma das características mais importantes dos receptores superregenerativo como o que descrevemos é a sua capacidade de receber sinais de frequências muito altas, como os da faixa de VHF, com excelente sensibilidade num circuito muito simples.

Assim, basta um detector superregenerativo com apenas um transistor para que tenhamos a possibilidade de receber sinais das estações de FM e principalmente de serviços que usam a faixa de VHF como as comunicações entre aeronaves e torre de controle, as comunicações entre viaturas de polícia e as estações de controle, radioamadores e ainda os sons dos canais de TV.

O receptor que descrevemos neste artigo utiliza dois transistores e um circuito integrado, fornecendo excelente potência num pequeno alto-falante. Na verdade, se usarmos um alto-falante maior numa pequena caixa acústica teremos uma qualidade de som para as estações de FM que pode ser considerada surpreendente.

A alimentação do circuito é feita com apenas 4 pilhas pequenas e o aparelho possui apenas 4 ajustes muito simples de serem feitos, não exigindo instrumentos especiais.

 

COMO FUNCIONA

Na figura 1 ternos um diagrama de blocos que representa este receptor.

 


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A etapa de entrada é o detector superregenerativo com um transistor de alta frequência. Este circuito de entrada, ao mesmo tempo que oscila na frequência da estação a ser recebida também gera um sinal de regeneração de frequência mais baixa que permite a separação da modulação, ou seja, da portadora de áudio.

A bobina L1 em conjunto com CV determina a frequência da estação que está sendo sintonizada. Como se trata de projeto econômico, utilizamos na sintonia um trimmer em lugar do tradicional variável, de modo que o ajuste na frequência desejada ou estação será feito com uma ferramenta (chave) não magnética, do tipo de plástico ou madeira usada pelos técnicos para ajustar rádios.

Uma solução alternativa consiste em se prender no parafuso do trimmer um tubo de caneta esferográfica (cole com cola forte) e fixar um botão plástico (figura 2).

 


 

 

O choque de RF faz a separação do sinal de áudio do sinal de RF. O sinal de áudio é então levado ao segundo bloco que consiste num pré-amplificador de áudio de dois transistores. Observe que nesta etapa temos filtros RC que melhoram a qualidade do sinal de áudio a ser amplificado. O sinal amplificado por esta etapa é levado ao amplificador de potência de áudio que consiste num integrado tipo TBA820M. Este integrado se caracteriza por um número elevado de vantagens que proporciona ao projeto.

Uma delas é a possibilidade de fornecer uma boa potência de áudio com apenas 6V de tensão de alimentação. Outra é a necessidade de pouquíssimos componentes externos para funcionar como amplificador de alta fidelidade. O sinal deste amplificador é levado ao alto-falante onde é feita a reprodução. O receptor pode receber com facilidade sinais na faixa de 50 a 150 MHz, mas como se trata de faixa muito ampla, uma única bobina não consegue esta cobertura.

Assim, para cobrir a faixa de 50 a 88 MHz devemos ter uma bobina com 6 ou 7 espiras. Para a faixa de FM deveremos ter suma bobina de 4 espiras e para VHF devemos usar 2 ou 3 espiras (figura 3).

 

 


 

 

A faixa de 50 a 88 MHz nos permite captar o som dos canais baixos de TV e alguns serviços públicos. De 88 a 108 MHz temos a faixa de FM e na faixa de 108 a 150 MHz temos as frequências usadas nos serviços públicos, na aviação, radioamadores, polícia, bombeiros, etc.

Na verdade, a sintonia em uma faixa livre permite a utilização deste receptor com excelente desempenho para os sinais do SPYFONE descrito na edição n° 20.

 


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MONTAGEM

Na figura 4 temos o diagrama completo do receptor. Como se trata de montagem algo crítica em vista das frequências elevadas de operação, os componentes devem obrigatoriamente ser fixados em placa de circuito impresso conforme disposição mostrada na figura 5.

 


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Para as bobinas, veja a figura 3 e escolha a faixa que pretende sintonizar. Existe a possibilidade de você usar um pequeno soquete e fazer a troca manual conforme as faixas que desejar explorar. CV é trimmer com base de porcelana (2-20 ou próximo disso) e o choque de RF XRF de 47 µH é do tipo comercial, mas pode ser enrolado em casa, consistindo em 50 espiras de fio 32 num palito de fósforos.

Os resistores são de 1/8W com 10% ou 20% de tolerância e os capacitores maiores são eletrolíticos para 6V ou mais. Os capacitores menores devem ser todos cerâmicos. Os trimpots são do tipo para montagem vertical em placa de circuito impresso e o potenciômetro incorpora a chave que liga e desliga a alimentação.

Para o integrado pode ser usado um suporte DIL de 8 pinos e o alto-falante é de 8 ohms com 5 cm ou mais de diâmetro. A antena basicamente consiste num pedaço de fio rígido de 20 a 40 cm, mas uma antena de maior rendimento pode ser do tipo telescópio com comprimento de até 1,2 metro. Antenas maiores não proporcionarão bons resultados pois podem instabilizar o circuito.

 

PROVA E USO

A prova de funcionamento e os ajustes são feitos da seguinte forma: coloque as pilhas no suporte e ligue a alimentação girando o potenciômetro para a direita. Abra o volume até meio curso. Ajuste então o trimpot P1 girando-o primeiramente no sentido anti-horário e depois no sentido horário até obter o melhor ponto de oscilação.

Você deverá notar um chiado no alto-falante. Em seguida, posicione P3 em meio curso, ajustando assim o ganho inicial do TBA820M. Atue agora sobre o trimmer CV com uma chave não magnética (plástico ou madeira) até sintonizar alguma estação. Uma vez obtida a sintonia da estação proceda ao ajuste fino atuando sobre os trimpots P1 e P2.

Outra possibilidade de ajuste, se ainda não for obtida boa recepção consiste em se atuar sobre a bobina apertando ou separando um pouco suas espiras.

É interessante que os primeiros ajustes sejam feitos com uma bobina para a faixa de FM, onde existem mais estações operando e com maior potência, verificando-se assim o funcionamento do circuito com mais facilidade e adquirindo-se prática no manuseio dos ajustes.

Somente depois disso é que recomendamos ao leitor que tente usar as bobinas para as outras faixas onde a operação das estações é intermitente exigindo um pouco de paciência na sua localização.

 

FREQUÊNCIAS DE VHF

São Paulo APP: 119,1 - 119,4 - 119,8 e 120,4

São Paulo (Guarulhos - torre) 118,1

Santos: 126,9 MHz

Campinas: 118,9 - 117,3MHz

Recife: 128,3 - 126,5 - 124,9, 119,5 - 119,7MHz

Rio de Janeiro: 119,0 - 119,5 - 119,7 - 120,3 - 113,0 - 120,5MHz

Belo Horizonte: 118,7 - 120,7 MHz

Porto Alegre: 119,5 - 119,7 - 120,1 - 128,8 MHz

Brasília: 126,9 - 119,2 - 120,0 - 125,2 MHz