De todos os projetos eletrônicos que publicamos, os transmissores estão, sem dúvida, entre os mais atraentes. É claro que as restrições legais impedem que eles sejam usados a plena potência e alcance; no entanto, circuitos simples com características experimentais, mas de ótimo desempenho, existem às centenas. Neste artigo selecionamos seis projetos de transmissores para as faixas de ondas médias, curtas, VHF e FM, que o leitor interessado pode montar com pouco esforço e gasto.

 


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Nota: Este artigo saiu na revista Eletrônica Total 65 de 1994. Os transmissores também se encontram em artigos separados no site.

Transmissores para diversas faixas podem ser construídos com componentes baratos, se não for exigida a estabilidade e potência dos transmissores comerciais. Até mesmo transistores que normalmente são destinados a circuitos de áudio, quando solicitados a gerar sinais de altas frequências podem surpreender. Na seleção de projetos dada a seguir temos seis transmissores que apresentam as seguintes características:

Projeto 1 - Pequeno transmissor de FM para distâncias de até 100 metros 4

Projeto 2 - Transmissor de FM para distâncias de até 500 metros 4

Projeto 3 - Transmissor de VHF e FM para distâncias superiores a 1 km

Projeto 4 - Transmissor de ondas curtas e VHF para distâncias superiores a 500 metros

Projeto 5 - Transmissor de ondas médias e curtas de pequeno alcance

Projeto 6 - Transmissor de VHF e FM para distâncias superiores a 2 quilômetros.

Lembramos que os transmissores de maior alcance não devem ser utilizados com antenas externas, a não ser em regiões rurais, no sentido de não causar interferências em serviços de comunicações legalmente estabelecidos, e com isso infringir a lei.

 


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PROJETO 1 - Pequeno Transmissor de FM

Alimentado por duas ou quatro pilhas pequenas este transmissor pode ficar, depois de pronto, menor que um maço de cigarro, e por isso ser usado como microfone volante. Seu alcance depende da alimentação, sendo da ordem de 50 metros com duas pilhas e mais de 100 metros com quatro. O sinal pode ser captado em qualquer receptor de FM sintonizado em frequência livre.

Também influi no alcance a presença de obstáculos, de modo que em campo aberto e sobre a água o alcance é maior.

 


 

 

Na figura 1 temos o diagrama do nosso primeiro transmissor, e tia figura 2 a disposição dos componentes numa placa de circuito impresso.

Como se trata de montagem muito simples, existe a possibilidade de dispor os componentes numa ponte de terminais, desde que todos os fios e terminais de componentes sejam mantidos curtos. Na figura 3 temos o modo de fazer isso.

 


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A bobina L1 consiste em 4 espiras de fio rígido 22 AWG ou fio esmaltado grosso de espessura entre 18 AWG e 24 AWG num lápis que serve de forma e depois é retirado. O trimmer CV pode ser de qualquer tipo, com capacitância máxima entre 20 pF e 50 pF.

Como antena pode ser usado um pedaço de fio rígido de 15 a 40 cm de comprimento. Não use fio maior para não instabilizar o circuito. Os capacitores devem ser todos cerâmicos, e os resistores são de 1/8 W ou mais. O transistor admite equivalentes, como o BF245. O microfone é de eletreto de 2 terminais; pode ser usada uma cápsula piezoeléctrica de microfone em seu lugar, mas neste caso R1 deve ser retirado do circuito.

O capacitor C1 é o único eletrolítico, e sua tensão de trabalho deve ser de 6 V ou mais. O suporte das pilhas precisa ter a polaridade observada, e todo o conjunto cabe numa pequena caixa de plástico.

Para usar, sintonize um rádio de FM fora de estação e ajuste CV até captar o sinal mais forte. Use uma chave não-metálica para fazer este ajuste. Conseguido este sinal é só falar diante do microfone para ter a reprodução dos sinais.

Afaste-se com o transmissor para não ter o efeito de microfonia, que é um forte apito que ocorre quando transmissor e receptor estão muito próximos um do outro. Para melhor desempenho segure o transmissor firme e em posição vertical. Não segure na antena quando em operação, para não deixar "escapar" o sinal.

 

Projeto 2 - Transmissor de FM para distâncias de até 500 metros

Este transmissor de maior alcance pode ser alimentado por pilhas ou fonte de até 12 V. O maior alcance, evidentemente, será obtido com a alimentação de 12 V. O circuito tem também maior sensibilidade para o microfone e um ajuste de ganho na modulação feito por meio de um trimpot (P1).

O alcance maior será obtido com uma antena de 1 metro a 1,2 metros. Os valores entre parênteses no diagrama são para uma tensão de alimentação de 12 V.

 


 

 

 

Na figura 4 temos o diagrama completo do transmissor. L1 e CV são os mesmos do projeto anterior. Os capacitores são todos cerâmicos, exceto C1 e C2, que são eletrolíticos para 12 V ou mais de tensão de trabalho.

 


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O microfone é de eletreto de dois terminais, também podendo ser substituído por um de cristal ou piezoelétrico com a simples retirada de R1.

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 5. Para ajustar e usar o transmissor o procedimento é o mesmo do projeto anterior. Melhor desempenho também pode ser obtido se a antena for ligada a uma tomada de L1 e não no coletor do transistor.

Com a escolha apropriada do ponto de ligação teremos maior estabilidade para o circuito. O único ajuste adicional é o de polarização, em P1, que deve ser colocado no ponto que dê melhor qualidade de som.

 


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Projeto 3 - Transmissor de VHF e FM de Longo Alcance.

Este circuito usa 3 transistores, e o alcance depende tanto da alimentação como da antena. A diferença em relação aos projetos anteriores está na utilização de Q3 como amplificador de RF, que aumenta a potência do sinal gerado por Q2. No entanto, neste transmissor temos 3 ajustes de trimmers, que devem ser feitos com cuidado para o máximo rendimento.

A antena pode ser um dipolo, plano terra ou vertical, e em sua função é feito o ajuste de CV3. Na figura 6 temos o diagrama completo do transmissor, e na figura 7 a disposição dos componentes numa placa de circuito impresso. As bobinas são enroladas todas com fio esmaltado grosso, de 18 a 22 AWG, ou então com fio rígido de capa plástica (22 AWG) tomando como referência um lápis.

 


 

 

 

 


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Temos então:

• L1 - 4 espiras

• L2 - 3 espiras enlaçadas em L1

• L3 - 4 espiras

• L4 - 5 espiras.

Os trimmers são todos de 20 pF a 50 pF de capacitância, e com exceção de C1 e C2, que são eletrolíticos para 12 V, os demais capacitores devem ser cerâmicos. Os resistores são todos de 1/8 W, menos R10, que é de 1/2 W. O transistor Q3 admite equivalente, como BD137 ou 80139, e deve ter um pequeno radiador de calor.

O ajuste deve ser feito sintonizando-se primeiramente um receptor nas proximidades numa frequência livre, e ajustando-se CV1 para captar o sinal mais intenso. A antena pode ser pequena para este ajuste.

Depois, usando um medidor de intensidade de campo ou outro recurso que permita avaliar o alcance, ajuste CV2 até obter o máximo sinal. CV3 é ajustado para se obter maior alcance com a antena definitiva. O trimpot P1 é ajustado para se obter melhor qualidade de som. Retoque todos os ajustes depois de feitos.

Para operar na faixa de VHF, entre 50 MHz e 80 MHz, altere as bobinas da seguinte forma:

• L1, L3 - 5 ou 6 espiras

• L2 —4 espiras

L4 • 8 espiras

Os demais componentes se mantêm inalterados.

 


 

 

 

Projeto 4 - Transmissor de ondas curtas e VHF.

Dependendo da bobina L1 este transmissor pode operar em frequências entre 10 MHz e 50 MHz. O alcance depende não só da frequência escolhida para a operação como também da antena, da sensibilidade do receptor e das condições locais (obstáculos, topografia etc).

O circuito usa dois transistores e possui um controle de modulação feito em P1. Pode também ser usado outro tipo de microfone ou modulação externa,.com a retirada do resistor R1. A alimentação pode ser feita com tensões de 6 V a 12 V, com pilhas grandes ou fonte, dado o consumo relativamente elevado da unidade.

Com pilhas pequenas ele pode ser portátil, mas seu uso deve ser restrito a comunicações de curta duração para preservar as pilhas. Na figura 8 temos o diagrama completo do transmissor.

 


 

 

A montagem dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 9.

 


 

 

A bobina L1 depende da faixa de frequências de operação, e para frequências de até 20 MHz deve ser enrolada num pequeno bastão de ferrite com fio 22 AWG ou mais fino. Para frequências mais elevadas o núcleo é retirado. L2 também depende da frequência, e é enlaçada em L, nas versões sem núcleo e enrolada ao lado nas versões com núcleo.

 


 

 

 

 


 

 

 

Temos então a seguinte tabela de espiras:

O transistor Q2 deve ter um radiador de calor que nada mais é do que uma chapinha de metal de 3 x 5 cm parafusada. CV1 e CV2 podem ser trimmers comuns, de até 50 pF. Os resistores são todos de 1/8 W, menos R6, que é de 1/2 W.

Em P1 é feito o ajuste de modulação. C1, C2 e C5 são eletrolíticos para 16 V ou mais de tensão de trabalho. Para ajustar, ligue o circuito à antena e sintonize um receptor a uma distância de pelo menos 2 metros. Ajuste CV1 para captar o sinal e depois CV2 para máxima intensidade. P1 é ajustado para se ter som puro ao falar no microfone. Se usar fonte externa, ela deve ter excelente filtragem para que não ocorram roncos.

 


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Projeto 5 - Transmissor de Ondas Médias e Curtas de Pequeno Alcance

Alimentado por pilhas comuns, dependendo da faixa de frequências este transmissor pode ter alcances entre 5 e 50 metros. Este alcance depende de diversos fatores, como por exemplo a sensibilidade do receptor e a própria eficiência da antena.

A bobina L1 é quem determina a faixa de frequência de operação. Sendo enrolada num bastão de ferrite de 10 a 15 cm com 1 cm de diâmetro aproximadamente, e fio de 22 a 28 AWG, ela tem as seguintes características dadas na tabela abaixo. Na figura 10 temos o diagrama completo do transmissor, e na figura 11 a sua placa de circuito impresso.

 


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Os capacitores devem ser todos cerâmicos, exceto C1, C2 e C4. O transistor Q2 precisa de um pequeno radiador de calor. A antena é telescópica de 1 a 2 metros ou externa (fio esticado). Para operação fixa, a ligação ao terra no negativo da fonte aumenta o alcance.

 

Projeto 6 - Transmissor de VHF e FM de longo alcance

Este transmissor de 4 transistores, com saída em push-pull, tem uma potência que se aproxima de 2 W e pode alcançar distâncias muito grandes com antena apropriada. Sua alimentação determina a potência e pode ser feita com tensões de 6 V a 12 V. Para 6 V recomenda-se usar pilhas médias ou grandes, dado o consumo. O circuito tem três ajustes em trimmers e um em trimpot para modulação.

A modulação é externa, podendo ser feita com microfone ou então a partir da saída de um mixer ou outra fonte de sinais.

As bobinas determinam a faixa de frequências de operação, que pode ficar entre 50 e 110 MHz, ou seja, em VHF, incluindo a faixa de FM. Temos então a seguinte tabela de bobinas, todas enroladas com referência num lápis com fio encapado 22 AWG ou esmaltado de 18 a 24 AWG:

• Frequência: 50 a 88 MHz

• L1 - 6 espiras

• L2 - 4+4 espiras enlaçadas em L1

• L3 • 6+6 espiras

• L4 - 5 espiras enlaçadas em L3

• Frequência: 88 a 110 MHz

• L1 - 4 espiras

• L2 - 3 espiras enlaçadas em L1

• L3 - 4+4 espiras

• L4 - 4 espiras enlaçadas em L3

 


 

 

Na figura 12 temos o diagrama completo do transmissor, e na figura 13 a disposição dos componentes numa placa de circuito impresso.

 


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Os transistores admitem equivalentes, e para alimentação de 12 V os transistores Q2 e Q3 devem ser dotados de radiadores de calor de pelo menos 3 x 5 cm. Para operar ajustamos CV1 para a frequência desejada e depois CV2 e CV3 para maior potência de saída, quer tendo por base um medidor de intensidade de campo ou uma pequena lâmpada de 6 V x 50 mA ligada na saída.

 


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