Você é do tipo que fecha o carro com as lanternas ligadas só percebendo isso ao voltar, quando a bateria já está esgotada e torna-se impossível dar a partida? Se este problema já o atingiu por algumas vezes é sinal que você precisa de um recurso eletrônico para "lembrá-lo" que é preciso apagar as lanternas antes de sair. O lembrete eletrônico, que descrevemos neste artigo, tem justamente esta função, sendo simples de montar e instalar.

Obs. Este artigo é de 1989. Os carros atuais normalmente já possuem este recurso.

A ideia básica do projeto é simples: se você tirar as chaves do contato e abrir a porta com as lanternas acesas, um alarme soa, avisando-o do fato.

Já, se a chave estiver no contato, não haverá problema em deixar as lanternas acesas, pois em princípio você estará no carro ciente do que está fazendo, sendo possível abrir e fechar as portas sem que o alarme seja acionado.

O circuito consiste num sistema lógico digital com integrados CMOS, que reconhece as condições em que o alarme deve soar e ativa um pequeno oscilador de áudio que alimenta um alto-falante com boa potência.

Com pequenas adaptações o mesmo sistema pode funcionar como um alarme conjugado contra roubo, bastando para isso acrescentar algumas portas lógicas e um sistema de inibição do veículo.

Os poucos componentes usados neste projeto são de baixo custo e adaptá-los a qualquer veículo não é difícil.

 

O CIRCUITO

Para detectar a condição em que deve soar o alarme a partir das informações (níveis lógicos) de 3 entradas ou circuitos de sensoriamento usamos 2 portas NOR de um 4002 CMOS.

Uma das portas é ligada como um sensor do nível de sinal nas lanternas, enquanto que a outra serve para indicar a condição em que teremos o acionamento do alarme.

Assim, levando em conta a saída (pino 13) teremos nível lógico alto apenas em uma condição: quando as lanternas estiverem acesas (nível alto na entrada correspondente a R1 e consequentemente baixo no pino 1) e houver um nível baixo nos contatos, assim como alto nas lâmpadas internas acionadas pelas portas.

A tabela verdade permite analisar a operação do sistema até a saída desta etapa.

 

X = irrelevante (o nível pode ser 1 ou 0, indiferentemente).
X = irrelevante (o nível pode ser 1 ou 0, indiferentemente).

 

Veja então que, para haver o disparo do alarme, bastará ter um nível alto no pino 13 do CI-1.

A etapa de disparo e o alarme vêm a seguir.

Para alimentar o alarme a partir do nível lógico 1, polarizamos o transistor Q2 no sentido direto, levando Q1 à saturação.

Q1 conduz então intensamente a corrente para um oscilador de áudio formado pelo integrado CI-2 e pelo transistor Q3.

A frequência gerada pelo oscilador, que emprega 3 das 4 portas NAND de um 4011, é dada pelo capacitor C1 e pelos resistores R11 e R12.

Este capacitor poderá ser alterado caso desejar um som mais grave ou mais agudo.

Valores maiores do capacitor levam a um som mais grave.

A quarta porta forma um buffer que excita diretamente a base de um transistor de potência TlP31 (Q3).

Este transistor excita então o alto-falante com boa potência.

Se o volume obtido for muito alto, bastará acrescentar ao circuito o resistor R15, cujo valor pode ficar entre 10 e 100 ohms.

Quanto maior o valor acrescentado, menor a intensidade de som.

Como se trata de um lembrete, até um som bem mais fraco é admissível (caso você não deseje chamar a atenção de ninguém), neste caso Q3 pode ser suprimido com a ligação de um buzzer piezoelétrico no pino 10 de Cl-2, conforme sugere a figura 1.

 

Figura 1 – Usando um transdutor piezoelétrico
Figura 1 – Usando um transdutor piezoelétrico

 

Para manter as tensões estáveis nos integrados e evitar que picos de alta tensão gerados pelo sistema de ignição possam causar problemas de funcionamento, usamos 4 diodos zener em pontos estratégicos do circuito.

 

MONTAGEM

Na figura 2 mostramos o diagrama completo do lembrete.

 

Figura 2 – Diagrama do lembrete
Figura 2 – Diagrama do lembrete | Clique na imagem para ampliar |

 

Na figura 3 temos a nossa sugestão de placa de circuito impresso.

 

Figura 3 – Placa para a montagem
Figura 3 – Placa para a montagem | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Os integrados CMOS devem ser instalados em soquetes DIL de 14 pinos.

Para Q1 e para Q3 devem ser usados radiadores de calor e o resistor R4, se usado, deve ser de 1 W.

O alto-falante deve ser de 10 cm para melhor qualidade de som e rendimento.

Os diodos zener são todos de 400 mW, enquanto que D1 pode ser qualquer diodo de silício de uso geral.

Os capacitores são Comuns. C1 é um capacitor de poliéster, cujo valor depende da frequência do som, e C2 é um eletrolítico para 16 V ou mais.

O aparelho poderá ser montado numa caixinha plástica e colocado em qualquer ponto sob o painel do veículo.

Será interessante prever uma chavinha para desativar o sistema em caso de pane.

As entradas são ligadas, conforme mostra a figura 4, nos seguintes pontos:

 

Figura 4 – Instalação
Figura 4 – Instalação

 

 

a) Lanternas - após o interruptor de painel que aciona as lanternas.

b) Porta - junto ao polo que recebe tensão quando a lâmpada de cortesia acende ao serem abertas as portas.

c) Contato ou Partida - após a chave de contato no painel.

O negativo da alimentação vai a qualquer ponto do chassi e o positivo a qualquer ponto da instalação que receba 12 V.

O consumo de corrente da unidade não chega a 1 A na condição de ativado e é desprezível na condição de espera, o que significa que não será preciso usar fio muito grosso na sua instalação.

Feita a instalação, retire a chave do contato com a lanterna acesa.

Nada deve ocorrer. No entanto, ao abrir a porta o alarme deve disparar.

Para usar é só lembrar que, se você esquecer de apagar as lanternas ao sair do carro, o aparelho vai lhe avisar, disparando o alarme.

 

CI-1 - CD4002 - circuito integrado CMOS

CI-2 - CD4001 - circuito integrado CMOS

C1 – 10 nF - capacitor de poliéster - ver texto

C2 – 10 uF x 16 V - capacitor eletrolítico

R1, R2, R3 - 1k5 - resistores (marrom, verde, vermelho)

R4, R5, R6, R7, R9 – 10 k – resistores (marrom, preto, laranja)

R8 - 2k2 - resistor (vermelho, vermelho, vermelho)

R10, R13 – 1 k - resistores (marrom, preto, vermelho)

R11, R12 – 47 k - resistores (amarelo, violeta, laranja)

R14 – 100 ohms - resistor (marrom, vermelho, marrom)

R15 - 10 a I00 ohms x 1 W - resistor – ver texto

Q1 - TIP32 - transistor PNP de potência

Q2 -4BC548 - transistor NPN de uso geral

Q3 - TIP31 - transistor NPN de potência

D1 - 1N4148 - diodo de silício de uso geral

D2 a D5 – 12 V X 400 mW - diodos zener

FTE – alto-falante de 8 ohms

F1 – 2 A - fusível

Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem, fios, solda, radiadores de calor etc.