Eis um aparelho de grande utilidade para a bancada de trabalhos eletrônicos, desde o amador até o profissional: um variac. Fornecendo tensões alternadas de 0 a 110 V, este circuito é uma espécie de dimmer de uso geral, para testes de equipamentos diversos, alimentação de transformadores e cargas resistivas, substituindo o tradicional variac por transformador.
Um Variac consiste num auto-transformador com relação entre espiras que pode ser ajustada por meio de um controle externo. Normalmente existe um cursor que corre sobre um enrolamento com fios parcialmente descascados de modo a fazer contatos. com diferentes espiras e assim ser obtida uma faixa de tensões muito grande na saída conforme sugere a figura 1.
Podemos usar este Variac para alimentar diversos tipos de aparelhos que estejam em prova, ou mesmo elementos de aquecimento de modo a obter diversas temperaturas.
O que propomos no nosso artigo e uma versão eletrônica que em lugar do transformador usa um Triac. Em lugar de modificarmos o número de espiras do transformador, alteramos o ângulo de condução do Triac e assim controlamos a tensão média sobre a carga.
Usando um Triac para 4 ampères podemos controlar até 440 watts de cargas em 110 V e o dobro na rede de 220 V. O circuito admite Triacs para maiores correntes, o que o amplia na possibilidade de uso.
Devemos observar que, como em todo variac não existe isolamento do circuito alimentado em relação à rede, o mesmo ocorrendo em relação ao circuito de controle.
Todos os pontos deste circuito são "vivos" o que implica numa montagem muito bem isolada, sem pontos expostos.
CARACTERÍSTICAS
Tensão de entrada: 110 ou 220 V CA
Tensões de saída: 0 a 110 V ou 0 a 220 V (conforme rede)
Corrente máxima: 4 ampères (conforme Triac)
COMO FUNCIONA
Alimentando um Triac em série com uma carga por meio de uma tensão alternada, temos diversas possibilidades de disparo para controle de carga.
Se dispararmos o Triac no início de cada semiciclo da corrente alternada, o ângulo de condução será maior e a potência aplicada a carga também, conforme mostra a figura 2.
Se aplicarmos o pulso de disparo no final do semiciclo, o ângulo de condução será pequena e a potência aplicada na carga será igualmente pequena, conforme mostra a figura 3.
Se controlarmos o ângulo de disparo convenientemente, podemos aplicar qualquer potência na carga, entre limites bem estabelecidos o que é desejado nesta aplicação.
O pulso de disparo e obtido no nosso circuito com a ajuda de um transistor unijunção.
Retificamos em onda completa a tensão da rede por meio de uma ponte de 4 diodos (D1 a D3) e reduzimos a tensão para 22 V com a ajuda de R3 e do diodo zener D1.
Os pulsos obtidos são então usados para carregar C1 via P1 e R2.
O ajuste de P1 determina a velocidade de carga de C1 em cada semiciclo e portanto o ponto em que obtemos o disparo do unijunção. Com os pulsos do unijunção aplicados a um transformador de 1:1 temos o disparo do triac.
MONTAGEM
Na figura 4 temos o circuito completo do Variac.
O Triac pode ser de qualquer tipo com sufixo B se a rede for de 110 V ou sufixo D se a rede for de 220 V. Damos a seguir alguns Triacs que podem ser usados neste projeto com corrente correspondentes.
Os diodos D1 a D4 devem ser os 1N4004 se a rede for de 110 V e os 1N4007 se a rede for de 220 V. O transformador de pulso é do tipo 1:1 da Thornton, ou equivalente.
Se o leitor tiver dificuldade em encontrá-lo pode enrolar 100 + 100 espiras de fio 28 num bastão de ferrite de 0,5 cm x 5 cm de comprimento.
Os resistores são todos de 1/8 W exceto R3 que deve ser de fio de 10 W com valores diferentes conforme a rede. Usaremos 4,7 k ohms se a rede for de 110 V e 10 k ohms se a rede for de 220 V.
O diodo zener não é crítico podendo ser usados tipos entre 15 e 27 V. O capacitor C1 é de poliéster para 100 V ou mais e o potenciômetro P1 é linear.
O fusível é escolhido de acordo com a carga. Veja que os fios de conexão a carga devem ter espessuras compatíveis com a intensidade de cor- rente conduzida.
Para conexão destas cargas sugerimos a utilização de uma tomada embutida na própria caixa.
PROVA E USO
Para provar o aparelho, basta ligar uma carga e um multímetro na escala de tensões alternadas, conforme mostra a figura 6.
Atuando-se sobre P1 devemos ter variação da luminosidade da lâmpada e também da tensão marcada pelo multímetro.
Caso não se atinja o valor máximo com P1 na mínima resistência, podemos diminuir um pouco R2 ou mesmo em relação a C1.
Para se conseguir chegar ao mínimo de 0 V com P1 no máximo de resistência, devemos aumentar o capacitor C1. Valores até 220 nF são admitidos.
Comprovado o funcionamento é só usar o aparelho. Ligando este variac no primário de um transformador de uma fonte sem regulagem podemos ter tensões ajustáveis numa ampla faixa, conforme mostra a figura 7.
Não recomendamos utilizar o aparelho com aparelhos eletrônicos como amplificadores, receptores , etc., pois o Triac é uma fonte de ruído nestas condições que pode interferir bastante no funcionamento de tais aparelhos.
Triac - TIC206, 216 ou 226 - ver texto
Triac para 110 V (série B) ou para 220 V (série D).
Q1 - 2N2646 -transistor unijunção
D1, D2, D3 e D4 -1N4004(110 V) ou 1N4007 (220 V) – diodo retificador de silício
D5 - 22 V/1 W - diodo zener
R1 - 470 ohms - resistor (amarelo, violeta, marrom)
R2 - 4,7 k ohms - resistor (amarelo, violeta, vermelho)
R3 - 4,7 k ohms x 10 W (110 V) – resistor de fio - 10 k ohms x 10 W (220 V)
P1 - 100 k ohms - potenciômetro
C1 - 100 nF (104 ou 0,1) – capacitor cerâmico ou de poliéster
X1 - Tomada para a carga
F1 - fusível de acordo com a carga
T1 - transformador de pulsos (1:1)
Diversos: caixa para montagem, placa de circuito impresso, cabo de alimentação, suporte para fusível, botão plástico para o potenciômetro, radiador de calor para o Triac, parafusos, porcas, fios, etc.