Não é simplesmente mais um equalizador que descrevemos neste artigo. Cada aplicação exige um projeto próprio e mais do que nunca isso é válido no caso de equalizadores. Este, que levamos aos nossos leitores, possui características próprias que o diferenciam em muitos aspectos dos equalizadores comuns. Somente após a análise deste interessante projeto é que os leitores poderão confirmar o que afirmamos, e verificar que ele pode significar muito mais para o som de seu carro.

Obs.: Este artigo é de 1994, mas os componentes usados ainda são comuns no nosso mercado, se bem que existam configurações mais modernas e de maior rendimento.

A introdução deste artigo fala de algo que muitos leitores talvez não levem em conta ao abordar um projeto de áudio, quer seja ele um amplificador, um mixer ou um equalizador.

Este "algo" é a finalidade do projeto e que determina basicamente seu circuito e também seu modo de operação.

Isso quer dizer que um equalizador não é simplesmente um equalizador, se bem que esta seja uma maneira um tanto quanto estranha de abordar o problema.

Na nossa opinião, um equalizador não pode ser simplesmente um equalizador: tem que ser algo mais, tem que ser um equalizador para uma determinada aplicação, apresentando características específicas para esta aplicação.

Um equipamento desse tipo, para operar com um sistema de som doméstico não deve ter as mesmas características de um equalizador para o carro.

Se um projeto precisar atender às duas aplicações, o que é possível, ele deve ter características ainda mais diferenciadas.

Do mesmo modo, o tipo de circuito e a montagem estão também determinados pelo poder aquisitivo do montador, ou seja, por quanto ele pretende gastar.

Reunir as características que o leitor deseja para um equalizador é, portanto, uma tarefa que exige cuidados especiais e se bem feita, certamente levará um projeto incomum, para algo mais que um simples equalizador.

O projeto Slim Equalizer (Slim =fino), que apresentamos aos leitores, tem as características de um projeto interessante e que podem ser resumidas da seguinte maneira:

a) Baixo custo, sendo acessível aos que desejam fazer uma montagem eficiente e econômica. Utilizando uma solução simplificada para permitir o uso de potenciômetros comuns, seu custo é reduzido.

b) Pode ser usado tanto em casa, no sistema de som doméstico como no carro, melhorando o desempenho de toca-fitas que tenham amplificadores externos.

c) Tamanho reduzido, facilitando sua instalação no carro ou junto a um amplificador comum.

d) Quatro frequências de equalização, atendendo à sensibilidade normal do ouvido de bom gosto do leitor.

e) instalação fácil e montagem simples.

 

COMO FUNCIONA

Por que equalizar o som de um amplificador ou toca-fitas (ou CD player)?

Já tivemos a oportunidade de abordar este problema em diversas oportunidades e ele se resume no seguinte:

Cada ambiente é um ambiente, e ele "reage" aos sons de um amplificador ou qualquer sistema de modos diferentes.

Em outras palavras, o ambiente pode ser responsável pela absorção de determinadas freqüências da faixa audível de uma forma mais intensa, prejudicando assim a fidelidade de reprodução, conforme mostra a curva da figura 1.

 

Figura 1 – Curvas de absorção do som num ambiente
Figura 1 – Curvas de absorção do som num ambiente

 

A absorção de frequências altas pelos objetos de uma sala, ou ainda pelos materiais de forração em uma sala ou automóvel, pode fazer com que a música fique pobre em agudos.

Do mesmo modo, a absorção dos sons de baixas freqüências afetará os graves que também terão sua intensidade reduzida.

A finalidade de um equalizador é justamente adaptar o som do amplificador às condições do meio ambiente.

Se o ambiente absorve graves, com a ajuda do equalizador, podemos reforçá-los de modo a haver sua compensação.

O equalizador deve então ser ajustado de acordo com o ambiente, tendo como referência a sensibilidade do ouvinte.

Na figura 2 mostramos um gráfico em que aparecem as 4 faixas defreqüência de atuação do equalizador.

 

Figura 2 – Frequências de atuação do equalizador
Figura 2 – Frequências de atuação do equalizador

 

A primeira, centralizada em 200 Hz, corresponde aos sons graves, a segunda e terceira, centralizadas em 1 kHz e 4 kHz corresponde aos médios, e finalmente a terceira, centralizada em 10 kHz, corresponde aos agudos.

O equalizador pode ser ajustado de dois modos: para reforçar determinada faixa de frequência ou para atenua-Ia, ou seja, diminuir sua intensidade.

Assim, se todos os controles do equalizador forem mantidos na posição central não teremos nem reforço nem atenuação.

O sinal que entra, sai do mesmo modo.

Esta seria a posição ideal para os controles num ambiente ideal, ou seja. que não refletisse nem absorvesse os sons de todas as frequências (figura 3).

 

Figura 3 – Posições dos controles
Figura 3 – Posições dos controles

 

Se os potenciômetros forem levados para a direita, teremos um reforço da faixa de freqüências correspondente.

Do mesmo modo, se os potenciômetros forem levados para a esquerda, teremos uma atenuação.

A combinação de reforços e atenuações permite obter a reprodução ideal para cada ambiente e para cada gosto.

Na figura 4 temos os circuitos usados na equalização de cada freqüência.

 

   Figura 4 – Os circuitos de equalização
Figura 4 – Os circuitos de equalização

 

Os valores dos capacitores determinam a frequência central da equalização.

São usados dois transistores como elementos ativos do circuito.

O primeiro é um pré-amplificador de áudio e tem por finalidade aumentar a intensidade do sinal de modo que ele possa excitar convenientemente os circuitos de filtro dos potenciômetros de equalização.

O segundo é formado por dois transistores que formam um amplificador, onde a realimentação negativa é justamente dada pela rede de equalização.

Esta realimentação determina o ganho desta etapa em cada freqüência, obtendo-se com isso o reforço ou atenuação desejados.

O uso de potenciômetros duplos é justificado pelo fato de termos que equalizar do mesmo modo os dois canais de um sistema estéreo, o que quer dizer que o circuito deve ser montado em duplicata.

A placa que damos na parte prática já prevê isso, pois já contém os componentes para a versão estéreo.

O importante neste tipo de montagem é a manutenção de ligações curtas e diretas, para que roncos ou oscilações não prejudiquem seu funcionamento.

A alimentação do circuito é feita com tensão de 12 V que pode ser obtida tanto de fonte como da própria instalação elétrica do carro.

Se for usada fonte, deve ser prevista uma excelente filtragem para que não ocorram problemas de roncos.

 

OS COMPONENTES

Uma das características deste equalizador está na utilização de componentes comuns de baixo custo.

Nem por isso, seu desempenho deixa de ser tão bom como o de equipamentos mais caros, pois soluções simples não implicam necessariamente em perda de qualidade.

Outra característica está na caixa de reduzidas dimensões, conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 – Sugestão de caixa
Figura 5 – Sugestão de caixa

 

 

Este formato de caixa permite a instalação fácil no carro e também para o uso doméstico.

Os transistores usados podem ser do tipo BC548 ou equivalentes.

Tipos de menor nível de ruído como os BC549 para o caso do pré-amplificador são recomendáveis.

Os potenciômetros são comuns duplos lineares de 100 k ohms.

Dada a montagem em placa de circuito impresso, são usados tipos miniatura com terminais para fixação direta nesta placa.

Os resistores são de 1/8 W com 5% ou mais de tolerâncias.

Os capacitores eletrolíticos têm tensões conforme a lista de materiais, enquanto que os demais podem ser cerâmicos ou poliéster.

Veja que na placa também existe uma chave comutadora de 4 pólos x 2 posições do tipo pressão para desligar o equalizador, fazendo o sinal passar diretamente da fonte para o amplificador.

Veja que esse equalizador será intercalado entre a fonte de sinal, que pode ser o toca-fitas, sintonizador, rádio, CD-player e o amplificador de potência, conforme mostra a figura 6.

 

   Figura 6 – Modo de utilizar
Figura 6 – Modo de utilizar

 

 

Material adicional pode ser conseguido com facilidade, como por exemplo os fios, parafusos e porcas de fixação, separadores para a placa, botões para os potenciômetros, etc.

 

MONTAGEM

Na figura 7 temos o circuito completo de um dos canais de nosso equalizador.

 

 Figura 7 – Circuito completo do equalizador
Figura 7 – Circuito completo do equalizador

 

A placa de circuito impresso para os dois canais de um sistema estéreo é mostrada na figura 8.

 

Figura 8 – Placa de circuito impresso para a montagem
Figura 8 – Placa de circuito impresso para a montagem

 

Na montagem recomendamos os seguintes cuidados para que ela seja perfeita:

* Solde em primeiro lugar os transistores observando sua posição. Seja rápido nesta operação para que o calor não afete estes componentes.

* Solde os resistores, observando com cuidado seus valores.

* Na soldagem dos capacitores eletrolíticos é importante observar sua polaridade. Tenha cuidado com os códigos usados nas marcações, principalmente dos capacitores cerâmicos.

* Os jumpers são pequenos pedaços de fios que interligam dois pontos da placa. Use fio nu ou encapado, conforme o comprimento, que sempre deve ser o mais curto possível. São 8 os jumpers usados nesta montagem. Não esqueça de nenhum!

* Para soldar os potenciômetros basta encaixá-los nos furos. Veja bem o comprimento do eixo antes de fazer esta operação, pois ele determinará a posição da placa no interior da caixa.

* Complete esta fase da montagem com a soldagem dos fios da chave comutadora, segundo mostra o desenho.

Com a placa pronta, o leitor deve passar à fase seguinte que corresponde às ligações externas.

São 6 as ligações que devem ser feitas na placa:

a) Duas correspondentes a alimentação (positivo e terra)

b) Duas correspondentes às entradas (canal esquerdo e direito)

c) Duas correspondentes às saídas (canal esquerdo e direito).

Observe que o terra correspondentes à entrada e saída de sinais é comum.

Terminada a montagem, confira tudo e não tendo dúvidas passe à prova de funcionamento.

 

PROVA E USO

Na figura 9 temos o modo de fazer a ligação do equalizador entre uma fonte de sinal (toca-fitas, rádio, etc.) e o amplificador de potência.

 

   Figura 9 – Modo de fazer as ligações na utilização
Figura 9 – Modo de fazer as ligações na utilização

 

Dependendo do aparelho pode ser importante ligar em cada saída um resistor de fio de 10 ohms x 5 W para manter a carga, sem o qual podem ocorrer distorções.

Ligue o amplificador, o toca-fitas e finalmente o equalizador pressionando a chave.

Coloque todos os potenciômetros na posição normal, ou seja, no meio de seu curso, que corresponde ao zero da escala (ao fixar os botões, cuide para que a marcação de zero fique correspondente ao meio curso).

Ajuste o volume do toca-fitas ou outra fonte de sinal, e do amplificador para que seja obtida uma reprodução normal.

Esse ajuste deve ser feito com o menor volume possível da fonte de sinal, que deve operar com potência reduzida, já que a potência final de áudio será determinada pelo amplificador.

A seguir, atue sobre cada potenciômetro verificando o corte ou reforço das faixas de frequências correspondentes.

Desligando agora o equalizador, o sistema deve continuar funcionando normalmente sendo apenas necessário um eventual retoque no volume do amplificador.

Para usar o equalizador, basta ajustar os potenciômetros de modo a haver o reforço das faixas de frequências, que o bom ouvido de cada um deve perceber quando não estão sendo reproduzidas de forma conveniente.

Para cada tipo de música ou programa, haverá uma equalização ideal.