Este artigo é uma continuação da série que começa em ART4225 baseada no livro Experiências e Passatempos com eletricidade. O livro é bastante antigo, mas foi ele que me inspirou a entrar para o mundo da eletrônica. Muitos experimentos podem ainda ser usados em aulas e para aprender eletricidade em oficinas maker ou Fablabs.

Eis aqui um jogo muito interessante, que é possível fazer com poucos elementos: um aparelho de rádio a cristal ou elétrico e um par de fones. Faça com que os participantes do jogo formem um semicírculo; sintonize-se o rádio numa estação que transmita música.

 

Logo, ligue dois fios à saída do alto-falante que, por sua vez, estará ligado. Um desses fios será segurado pela pessoa que estiver numa das extremidades do semicírculo, e o outro fio pela pessoa da outra extremidade. Faça com que os demais participantes se deem as mãos, para fechar o circuito. Outra pessoa deverá levar postos dois fones e serão vendados os olhos; faça sair da sala esta pessoa e os integrantes do semicírculo cortarão o circuito, de maneira que só duas pessoas das que o formam soltem as mãos.

 

 

FIG. 1 - Diagrama de ligações.
FIG. 1 - Diagrama de ligações.

 

 

Chame a vítima, a qual, com os olhos vendados, deverá encontrar onde está a interrupção, bastando para isso colocar cada extremo do fone no colo de duas pessoas; percorrerá assim todo o semicírculo e quando chegar ao lugar em que está cortado o circuito, a vítima ouvirá a música que se está transmitindo. Veja-se o diagrama da fig. 1, onde as resistências representam os participantes.

 

Se o circuito estivesse interrompido em dois lugares, seria impossível à vítima encontrar a interrupção.

 

COMO SE HIPNOTIZA UM RECEPTOR

O que descrevemos em seguida é um passatempo interessante e que chamará a atenção dos que não conheçam o segredo.

O operador sintoniza o aparelho em uma estação qualquer — uma que transmita música, por exemplo — e em seguida afasta-se do aparelho, que deixará de funcionar; aproxima-se de novo, e o receptor novamente se fará ouvir; torna a afastar-se e o aparelho deixa novamente de funcionar; e assim várias vezes. Simulando preocupação, fará algumas ajustagens, sem lograr, naturalmente, resultado algum. Depois de tentar de todas as maneiras possíveis para que o alto-falante responda, sem consegui-lo, decide hipnotizá-lo; para isso fará defronte ao mesmo uma série de gestos estranhos, informando em seguida aos presentes, que o dominou e que, encontrando-se o receptor sob sua vontade, funcionará quando o deseje.

A explicação é a seguinte: tudo o que se necessita são duas chapas de lata de 30 cm de lado e uma chave ou interruptor especial que descreveremos em seguida. Colocam as chapas debaixo do tapete, afastadas uma da outra, más de maneira que seja possível parar sobre elas, com um pé em cada uma. Colocam dois preguinhos que atravessem as solas dos sapatos, fazendo contato com o pé e com as chapas, através do tapete. Ligam-se as chapas ao alto-falante como mostra a fig. 2, com fio n.º 42, que deve permanecer oculto.

 

FIG. 2  - Diagrama de ligações para a
FIG. 2 - Diagrama de ligações para a "hipnotização" do receptor,

 

Constrói-se o interruptor da seguinte maneira torne-se urna lâmina de bronze de 30 cm de comprimento por 2,5 cm de largura; corte-se pela metade, de maneira que fiquem dois pedaços de 15 cm e coloquem-se os mesmos numa base de madeira, como mostra a fig. 3.

 

 

 

FIG. 3  - Detalhes do interruptor.
FIG. 3 - Detalhes do interruptor.

 

Note-se que a lâmina de cima está um pouco recurvada, de maneira que ao se exercer pressão sobre ela, fechará o circuito fazendo cem-tacto com a lâmina de baixo, e retornará à sua posição normal quando cesse a pressão. Liga-se o interruptor como mostra a fig. 3. Quando o operador tem os dois pés em cima das chapas, completa o circuito pelo corpo, mas, tão logo tire um dos pés, o cortará. Uma vez hipnotizado o alto-falante, a única coisa que terá a fazer é fechar o interruptor, sem ter mais que tocar nas chapas que se encontram em baixo do tapete.

 

 

O ALTO-FALANTE DELATOR

Este alto-falante deixará de funcionar, denunciando a pessoa que parar num determinado lugar; por exemplo, durante as festas de Natal, quem se detiver em baixo do ramo de visco para receber um beijo. Consegue-se isto facilmente, construindo o aparelho que descrevemos em seguida: tomem-se a mola de um despertador velho, uma peça de madeira fina, um pedaço de cartão forte e urna lata usada. Corte-se da mola um pedaço de 15 cm mais ou menos, e dobre-se como mostra a fig. 4. Aquente-se ao vermelho urna ponta da mola do relógio, e deixe-se esfriar lentamente perto do fogo. Não se deve mergulhá-la na água para esfriar mais depressa, pois conseguir-se-ia uni efeito contrário ao que se procura, e só se deve aquecer a ponta, localizando ali o calor

Fure depois de frio com um prego e parafuse a um pedaço de madeira; corte-se um pedaço de lata de 20 cm de comprimento por 5 cm de largura, mais ou menos.

 

FIGS. 4, 5 e 6 - Detalhe da mola — Armação do interruptor — Diagrama de ligações
FIGS. 4, 5 e 6 - Detalhe da mola — Armação do interruptor — Diagrama de ligações

 

 

Monte o cartão, a mola, a base e a lata como mostra a fig. 5 e solde um fio fino e suficientemente comprido para que alcance o receptor até o lugar que se deseja. Todo o aparelho ficará escondido em baixo do tapete, no lugar em que deverá ocorrer a delação.

 

Hoje contamos com sensores de pressão prontos que podem ser usados numa adaptação deste projeto.

Ligam-se os fios na forma que mostra a fig. 6 e tão logo uma pessoa ou pessoas pisem no aparelho, o alto-falante deixará de funcionar. Se o aparelho foi feito com cuidado, e sobretudo, se não for notado debaixo do tapete, bastará que algum pise neste último para que fique suspenso o funcionamento do receptor.

O que sucede é que a mola, que está normalmente arqueada, estira-se sob a pressão da pisada no tapete, sobressaindo do pedaço de cartão e fazendo contato com a lata, com o que cortará o circuito do alto-falante. Logo que cesse a pressão sobre o tapete a mola recobrará sua posição normal. Melhor será experimentar o aparelho antes de sua definitiva colocação, para certificar-se de seu correto funcionamento.