Recebemos de nosso leitor ESTEVÃO MARQUES este interessante projeto que mostra que mesmo com a tecnologia avançando cada vez mais, ainda se pode inventar coisas interessantes unindo coisas antigas com coisas novas. O que o leitor propõe e que descrevemos neste artigo, é encontrar num chip de cartão de crédito ou memória SIM fora de uso ou queimado um par de terminais que se comporte com o diodo. Este “diodo virtual” pode então ser usado como detector num rádio experimental, do tipo galena com muitos descritos neste site.
Já descrevemos em nosso site diversos rádios experimentais que usam os mais diversos tipos de detectores. Na verdade, até temos um artigo em que mostramos que os antigos experimentavam tudo para detectar sinais de rádio, ou seja, obter junções semicondutoras, desde vasilhames com as mais diversas substâncias até mesmo pernas de rã (veja o artigo HIST047 e HIST048). Vimos também diversos rádios experimentais com detectores como uma lamina de barbear (ART064) .
A ideia básica é simples: uma junção semicondutora ou diodo retifica sinais de alta frequência captados por uma antena e sintonizados e com isso a modulação de baixa frequência que corresponde ao som pode ser extraída e aplicada a um fone para se transformar em som.
Assim eram os rádios de galena em que o detector era um cristal de galena, como o mostrado no TEL129.
Desta forma, pode-se ter um rádio muito simples com a estrutura mostrada na figura 3 e no lugar do diodo ou galena (D)podemos ter qualquer coisa que faça as funções de um diodo, ou seja, apresente uma junção semicondutora.
Tivemos até leitores que fizeram experiências com LEDs e obtiveram resultados interessantes.
No nosso caso partimos do fato de que um chip de cartão de crédito ou memória consiste num circuito eletrônico que possui muitos transistores e, portanto, junções semicondutoras com as mais diversas configurações. (figura 4)
Assim, se tivermos um desses cartões fora de uso e testarmos os diversos terminais com um multímetro, podemos encontrar um par deles que se comporte como um diodo, ou seja, apresente uma baixa resistência no sentido direto e uma alta resistência no sentido inverso, conforme mostra a figura 5.
Encontrando um par de regiões que tenha baixa resistêncuia direta e alta resistência inversa, podemos usá-lo como um diodo detector num rádio experimental.
Temos então o circuito mostrado na figura 6.
Evidentemente, como se trata de rádio sem etapas de amplificação precisamos de uma longa antena e uma boa ligação à terra. A antena pode ser um fio esticado de 5 a 30 metros de comprimento (pode ser encapado) e a ligação à terra pode ser feita num objeto de metal qualquer grande.
CV é um capacitor variável obtido de um rádio transistorizado antigo de ondas médias.
L1 consiste em 80 a 100 voltas de fio 26 a 30 num bastão de ferrite, que também pode ser obtido de um rádio antigo transistorizado.
Na figura 7 temos então o aspecto da montagem.
J1 tanto pode ser um par de terminais para ligarmos a um transdutor ou cápsula cerâmica ou de cristal (do tipo usado em telefones) como pode ser um jaque para ligar um pequeno fone de cristal, como o mostrado na figura 8.
O receptor captará as estações de ondas médias locais, se você não morar num local muito ruidoso, sujeito à interferências de lâmpadas fluorescentes, máquinas, motores, etc.