Por diversas vezes, em artigos escritos por nós, em palestras e mesmo em artigos em jornais, levantamos a questão da influência da Radiação Eletromagnética (tanto campos de baixa como de alta freqüência) na saúde humana. (2007)
Desde que a Doutora Wertemeir em 1970 revelou em estudos que os campos das linhas de transmissão de energia estariam diretamente associados ao aumento do número de casos de leucemia, principalmente em crianças, e depois a controvérsia da influência da radiação dos celulares na saúde, analisamos diversos documentos de entidades internacionais que procuravam alertar para o perigo da situação.
Pois bem, o que se fala agora é que os estudos feitos principalmente com as radiações de altas freqüências dos celulares e outros dispositivos que as produzem, como os fornos de micro-ondas, tiveram uma abordagem inadequada.
Esses estudos partiram sempre do fato de que as radiações produzem efeitos térmicos (aquecem os tecidos vivos) e é esse calor que causa os danos. Desde há muito, entretanto alertamos que o problema vai além.
Por exemplo, certos íons que fazem parte das substâncias vivas ressonam em freqüências muito próximas da freqüência da rede de energia (60 Hz e 50 Hz em alguns países), o que os torna especialmente sensíveis aos campos que atuam sobre o tecido vivo. Sob a influência desses campos, a vibração desses íons pode levar a alterações de natureza química nas células em que eles estão e com isso alterações fisiológicas.
Um estudo que alertou sobre esse fato até sugeriu que a freqüência da rede de energia fosse elevada para 100 ou 120 Hz no sentido de proteger mais os seres humanos, no entanto por motivos técnicos, o assunto não foi levado adiante. Seria preciso alterar as características elétricas de todos os aparelhos que funcionam hoje na rede de energia, o que é impossível.
Agora parece que o assunto está sendo finalmente abordado de uma forma mais ampla pela criação de um grupo de trabalho, denominado Bionintiative (www.bioinitiative.org) que lançou em seu site um documento, o Bioinitiative Report, onde essa organização aborda os estudos mais recentes sobre o assunto e a partir deles visa o estabelecimento de leis e padrões que protejam as pessoas contra a ação desses campos.
Nesse documento, bastante longo, que foi elaborado por especialistas de diversos países no mundo, revela-se que os níveis atuais de radiação máxima tanto em campos de baixa como de alta freqüência estabelecidos por diversos padrões internacionais são inadequados.
E mais ainda, mostra que níveis, mesmo que pequenos são causa de problemas que vão desde alterações genéticas e nas proteínas do organismos humano, até efeitos genotóxicos, no streess, alterações das funções imunológicas, tumores cerebrais e de mamas, efeitos neurológicos, efeitos relacionados com o mal de Alzheimer e evidentemente a leucemia.
Estamos preparando uma série de artigos em que pretendemos discutir o problema à luz dessa documentação, mostrando que o perigo existe e que estamos subestimando sua presença. Padrões mais rígidos para determinados equipamentos se fazem necessários e principalmente hoje, para evitar problemas futuros, cuidados no manuseio e uso de qualquer equipamentos que produza radiações tanto de altas como de baixas freqüências.
Esse fato nos leva de volta ao passo, quando Pierre Curie e Madame Curie descobriram a radiação atômica, a antes mesmo que se pudesse estudá-la com cuidado, produtos apregoando suas “qualidades terapêuticas” apareceram no mercado.
Naqueles tempos era comum que “carroças” percorressem as vilas americanas vendendo “xarope de urânio” (!) para curar qualquer coisa, da tosse e dor na coluna até unha encravada. Nenhuma estatística foi feita na época para se determinar o aumento dos causos de morte por leucemia e outras doenças ligadas à radiação na época, mas isso tivesse sido feito...
Hoje mesmo preciso estar atentos a certos usos indevidos da tecnologia, principalmente relacionados com “efeitos terapêuticos” não comprovados de certos produtos que podem ser muito mais perigosos do que se pensa.
Colchões e travesseiros com imãs, dispositivos de massagem e relaxamento que produzem campos magnéticos ou RF, garrafas com imãs para “dotar a água de propriedades terapêuticas”, são alguns exemplos de coisas, que curto prazo não se pode atribuir coisas boas, e a longo prazo as surpresas podem ser muito desagradáveis. Estejam atentos...
Mesmo muito tempo depois de escrevermos este artigo, já em 2011, a polêmica continua. A própria documentação da bioinitiative foi colocada em cheque, pois seria patrocinada pelas empresas de celulares que não tem interesse que seus produtos sejam taxados como nocivos à saúde.