Os primeiros registros do uso de fogões solares remetem-se ao século XVIII quando o físico alemão Tschirnhausen (1651-1708) documenta o uso de fogão solar composto de uma lente grande para concentrar os raios solares e aquecer água em um recipiente de argila (HALACY & HALACY, 1992 apud CUCE, 2013).

 

Nota: Artigo publicado na revista Mecatrônica Jovem 6 de junho de 2022

 

O princípio físico envolvido nestes equipamentos é de concentrar os raios solares em um ponto onde é posicionada uma panela que receberá o calor proveniente desta concentração dos raios solares de forma realizar a cocção dos alimentos.

Os fornos ou fogões solares podem ser divididos em 03 tipos principais: painel, parabólico e caixa, conforme mostra a Figura 1. No caso do forno tipo painel e parabólico é necessário envolver a panela em uma superfície transparente (plástico ou vidro) para reduzir a perda de calor por convecção. No caso do forno tipo caixa, o tampo da caixa pode ser de um material transparente (acrílico ou vidro), promovendo o isolamento no tocante a perdas de calor por convecção.

 

 

Figura 1. Tipos de fogões solares (a) painel, (b) parabólico, (c) caixa.
Figura 1. Tipos de fogões solares (a) painel, (b) parabólico, (c) caixa. | Clique na imagem para ampliar |

 

 

O uso de fogões solares depende unicamente da presença de radiação solar, não sendo afetado pela temperatura do ar externo. Em outras palavras, em um dia frio (10 a 15°C) mas sem nuvens, a cocção de alimentos será possível com o uso de forno solar.

Deve-se ressaltar que a cocção de alimentos com fornos solares exige um tempo maior quando comparado com fornos convencionais. Por exemplo, o cozimento de um bolo em um forno convencional (com temperaturas em torno de 180°C) leva em torno de 30 a 40 minutos. No caso de um forno solar, o mesmo bolo será cozido em torno de 120 minutos (2 horas).

Assim, o uso de forno solar exige do usuário uma forma diferente de organizar o cozimento dos alimentos para que a refeição seja preparada no horário desejado.

 

1 Eficiência de fornos solares

A avaliação da eficiência de um forno solar pode ser expressa como mostrado na Eq. 01:

 

ηforno = Qefetivo / Qfornecido

 

(1) onde:

• Qefetivo: calor que é transferido efetivamente para a panela onde ocorre a cocção em Joules. Uma forma de avaliar este valor seria colocar em uma panela de massa Mpanela uma quantidade de água determinada (Mágua) e avaliar o aumento da temperatura da massa de água e da panela (ΔT=Tfinal-Tinicial) e este calor seria determinado por:

 

 

Qefetivo = MáguaCp,água+MpanelaCp,panelax ΔT

 

sendo: Cp,água o calor específico da água e Cp,panela o calor específico do material da panela.

 

• Qfornecido: calor que é fornecido pela radiação solar fornecida no local onde está instalado o forno solar, podendo ser calculado por:

Qfornecido = Gradiaçãox Aforno

sendo: Gradiação (usualmente 900 W/m²) e Aforno é área do forno.

Verifica-se em diversas publicações (Cuce, 2013; Khalifa et al.,1985) que os valores de eficiência de fornos solares podem variar entre 7 a 29%.

 

2 Construção de forno solar de baixo custo

Diversas configurações de fornos solares podem ser construídas e neste artigo será apresentado a seguir as etapas de construção de um forno solar tipo painel de baixo custo. Além disso, um vídeo pode ser encontrado no You Tube (https://www.youtube.com/watch?v=F4EsMsCc0ic) onde podem ser acompanhados os passos de construção do forno aqui apresentado.

 

2.1 Lista de materiais e ferramentas

• Duas placas de papelão ou de polipropileno (polionda) de 65 x 90 cm.

• Fita dupla face.

• Papel alumínio ou filme metalizado (dois a três rolos, dependendo do tamanho).

• Rolo pequeno de arame fino.

• Um tubo de cola.

• Caneta ou lápis.

• Régua ou trena.

• Estilete ou tesoura.

• Alicate pequeno.

 

 


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2.2 Etapas

• Marcar uma placa de papelão de acordo com a figura (não dobrar ainda), e a seguir cortar o trecho marcado (linha tracejada C-D):

 

 


 

 

 

 


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• Marcar a outra placa de papelão de acordo com a figura (não dobrar ainda):

 

 

 


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• Colar a fita dupla face nas linhas feitas nas duas placas:

 

 


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• Dobrar as placas seguindo as linhas/fitas:

 

 


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• Retirar o filme protetor da fita dupla face

• Colar o papel alumínio ou o filme metalizado na placa de papelão. Se necessário, a cola pode ser utilizada nas bordas para fixar o papel alumínio e dar acabamento.

 

 

 

 


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• Fazer os furos indicados nos desenhos das placas nos cantos das duas placas.

• Unir as duas placas utilizando pedaços de arame ou barbante, alicate e fita adesiva de acordo com a figura, de forma a obter o forno mostrado nas fotos a seguir:

 

 


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• Prender dois pedaços de arame ou barbante com cerca de 1 metro de comprimento nos furos A1 e B1.

• Posicionar o forno na direção do sol, e utilizar os dois arames/barbantes dos furos A1 e B1 para abrir o forno, criando um "funil" que refletirá os raios solares para o local onde a panela será colocada, como na figura.

 

 


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Referências

Cuce, Erdem; CUCE, Pinar Mert. A comprehensive review on solar cookers. Applied Energy, v. 102, p. 1399-1421, 2013.

Halacy B, Halacy C. Cooking with the sun. Lafayette, CA: Jack Howell; 1992.

Khalifa AMA, Taha MMA, Akyurt M. Solar cookers for outdoor and indoors. Energy 1985;10(7):819–29.

 

 

 

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