Estranhos barulhos estão sendo ouvidos nos céus de diversos países, inclusive no nosso, causando medos e apreensões em pessoas que visualizam neles o fim do mundo ou acontecimentos catastróficos, talvez em consequência da pandemia por que passamos. O que são esses barulhos? O que a ciência tem a dizer sobre eles?

Citados na literatura inglesa como “skyquakes” ou “abalos no céu”, se bem que num tom mais descontraído poderia ser cunhado “terremoto aéreo” estes estranhos som parecem ter uma origem que já tratamos em artigo nosso em que falamos do som brontofônico (ART3969).

O fato é que nesses tempos de pandemia, com muito menor circulação de pessoas e também da redução do tráfego aéreo, o mundo se tornou mais silencioso e em muitos lugares as pessoas estão começando a notar um pouco mais o que ocorre na natureza que as cerca.

Até mesmo a observação do céu passou a ocorrer de uma forma mais evidente, com a redução da poluição e a necessidade de as pessoas ficarem em casa e em condições de poder olhar um pouco para cima.

Estes dias mesmo, um amigo me contatou desesperado, dizendo que estava vendo objetos estranhos no céu e me descreveu o fato. “Uma fila de luzes caminhando ordenadamente no céu”.

Pela descrição, não tive dúvidas. Abri meu aplicativo “starlink” e logo acessei a informação de que os satélites da SpaceX, do empresário inovador Elon Musk estariam sendo visíveis em nosso país e justamente no horário em que meu amigo me relatou o fato.

 

Satélites do programa Starlink fotografados no Brasil
Satélites do programa Starlink fotografados no Brasil

 

Mas, e os “terremotos aéreos” que estão provocando barulhos estranhos em muitos lugares do mundo, ouvidos como trovões distantes, cornetas, zumbidos no espaço e muito mais?

 

Barulhos estranhos – Som Brontofônico

Em nosso artigo Som Brontofônico (ART3969) observamos que sons audíveis podem ser produzidos a partir de vibrações inaudíveis como o passar de um caminho pesado na rua, ou um trovão distante fazendo vidraças vibrarem emitindo som e até mesmo objetos, como se eles fossem os responsáveis pela emissão. Eles estariam, na verdade, reemitindo os sons numa conversão de energia.

Na natureza podemos dar diversas fontes de energia que se manifestariam na forma de vibrações de muito baixas frequências e que poderiam ser convertidas, pelo efeito brontofônico, para formas de vibrações de frequências mais altas.

Por exemplo, movimentos de placas tectônicas, terremotos e mesmo fenômenos atmosféricos poderiam fazer com que o ar vibre e com isso emita sons, cuja origem não se pode determinar, pois seriam produzidos como um todo, ou seja, num grande volume da atmosfera.

Num artigo nosso mostramos que após um terremoto no México foram observadas luzes no céu (ART3896). Elas seriam devidas a descargas que ocorreriam pelo fato das placas tectônicas, atritando-se umas contra as outras no fenômeno ocorrido, gerariam enormes cargas elétricas que então provocariam as descargas com a emissão de luz.

 

Descargas após o terremoto do México – foto de 2017 – Veja referência no artigo
Descargas após o terremoto do México – foto de 2017 – Veja referência no artigo | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Da mesma forma que emissões de luz pelo efeito corona (MA141) podem ser obtidas, a emissão de sons também ser gerados.

Veja que, descargas estáticas de alta tensão, como as que poderiam ser geradas com os mais diversos efeitos na terra e na atmosfera, podem causar ondas de compressão e descompressão do ar, ou seja, sons.

Os alto-falantes eletrostáticos funcionam exatamente dessa maneira. Campos elétricos intensos fazem com que o ar vibre e reproduza o som. Descargas elétricas oscilantes, como as que detectamos nas tempestades na forma de sinais de muito baixa frequência, poderiam perfeitamente fazer o ar vibrar e em lugar do trovão teríamos campos sonoros de infrassons ou mesmo sons se propagando.

Num artigo nosso também tratamos do fato de que os infrassons, ou seja, vibrações de muito baixas frequências (abaixo dos 16 Hz) se propagam pelo solo com muito facilidade. Os elefantes batem suas pesadas patas no chão produzindo vibrações que se propagam a diversos quilômetros de distância.

Suas orelhas enormes dotam este animal da capacidade de ouvir os infrassons. Com isso eles podem fazer a comunicação entre manadas, como se constatou na África.

Como não podemos ouvir os infrassons, dependemos da sua conversão pelo efeito brontofônico, para que se tornem sons e assim possamos ouvir essas vibrações. Elas podem assustar muitos, mas certamente as explicações existem e estão perfeitamente associadas a fenômenos naturais.

 

 

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