Este simples receptor transistorizado pode funcionar com tensões de alimentação muito baixas como 0,5V. Pilhas experimentais, fotocélulas e até mesmo os dínamos caseiros podem alimentar com facilidade este receptor, que sintonizará estações de ondas médias locais.
Receptores ou aparelhos que funcionam com fontes de energia alternativa são sempre interessantes.
Pilhas feitas de batatas, água e sal, laranja, pilhas de moedas, pilhas solares, dínamos experimentais caseiros são alguns exemplos de fontes de energia que podem alimentar este receptor.
Usando dois transistores de germânio, retirados de velhos rádios, este receptor terá boa sensibilidade, não precisando de longas antenas e até tendo potência suficiente para alimentar um pequeno alto-falante de bom rendimento.
Outros materiais usados na montagem deste rádio podem também ser aproveitados de sucata, o que torna a sua elaboração muito econômica.
Este receptor funcionará também com pilhas semi-gastas, pilhas de relógios, admitindo uma tensão máxima de 3 V (típ.).
Daremos também uma boa relação de transistores equivalentes aos originais que podem ser usados no projeto.
COMO FUNCIONA
O segredo da operação de circuitos transistorizados com fontes de tensão muito baixa está na utilização de transistores de germânio.
Diferentemente dos transistores de silício, que precisam de pelo menos 0,6V para começar a conduzir, os transistores de germânio o fazem com apenas 0,2V.
Se bem que os transistores modernos sejam, na maioria, de silício, nos rádios antigos transistorizados encontramos bons transistores de germânio capazes de dar excelente amplificação aos sons.
No nosso caso, optamos pelo tipo básico 2SB75 ou 2SB175 de germânio com um ganho de 50 vezes em média.
Ligando dois transistores na configuração Darlington conseguimos multiplicar o ganho: 50 x 50 =2500, o que significa uma boa amplificação, muito maior do que a que teríamos num rádio de galena (sem amplificação).
Para se chegar ao ponto ideal de operação em função da tensão de alimentação, existe um único ajuste feito por um potenciômetro (ou trimpot) de 4M7.
Valores a partir de 1 M ohms podem ser usados, em caso de sua falta.
Como os transistores usados são do tipo PNP, o emissor é quem recebe alimentação positiva, temos a polaridade não usual da alimentação do circuito. pede a detecção do sinal neste tipo de circuito.
MONTAGEM
Na figura 1 damos o diagrama completo do receptor.
Sua montagem é feita numa ponte de terminais, como mostra a figura 2, que será fixada numa base de madeira ou outro material isolante.
Os componentes externos à ponte como o variável, o alto-falante e a bobina de sintonia são fixados de diversos modos na base.
A bobina é formada por 80 a 100 voltas de fio esmaltado de 24 a 28AWG num bastão de ferrite de aproximadamente 1 cm de diâmetro.
A tomada é feita mais ou menos na 40ª espira do lado da ligação com a indicação (T).
O capacitor C1 tanto pode ser cerâmico, como de poliéster e seu valor não é crítico.
Valores entre 47 nF e 470 nF podem ser usados sem diferenças no desempenho.
O capacitor C2 também não é crítico, podendo ter valores entre 100 e 1000 uF e tensões de trabalho entre 3 e 25 V.
Os transistores admitem muitos equivalentes, cujas pinagens devem ser obedecidas.
Na figura 3 damos algumas pinagens.
O alto-falante pode ser de 8 ohms do tipo usado em rádios transistorizados que apresentam bom rendimento.
Usando uma caixa acústica pequena, o rendimento será melhor com maior volume.
Quanto ao diodo podemos usar qualquer um de germânio como o 1N34, 1N60, OA89 etc.
Não use diodos de silício, pois a tensão maior de operação impede a detecção neste tipo de circuito.
O variável tanto pode ser do tipo miniatura, aproveitado de um velho rádio transistorizado, como do tipo grande duplo ou triplo, de rádios Valvulados.
Na figura 4 mostramos o modo de se fazer a ligação nos dois casos.
Finalmente, temos as fontes alternativas de energia.
Na figura 5 temos uma pilha de água e sal e uma pilha de moedas, que podem ser usadas na alimentação do circuito.
Pequenos motores de corrente contínua quando girados por uma manivela, ou mesmo com os dedos, podem gerar energia para acionar o rádio.
Neste caso devemos apenas determinar qual é o sentido de rotação que dá a polaridade correta e, eventualmente, ligar um diodo, conforme mostra a figura 6, para evitar o retorno da corrente.
O diodo pode ser tanto de germânio como de silício (1N4148, 1N4002 ou equivalentes).
Uma hélice aeromodelo no eixo do motor permite que se gere energia a partir do vento.
PROVA E USO
A prova de funcionamento pode ser feita com uma pilha comum, observando-se a sua polaridade.
Ligue uma antena externa que deve ter pelo menos 3 metros de comprimento.
A ligação à terra pode ser feita no pólo neutro da tomada ou em qualquer objeto de metal que tenha contato com a terra.
Em alguns casos o simples segurar do fio terra já dá bons resultados.
Uma vez instalado, ajuste ao mesmo tempo o potenciômetro P1 e o variável CV para sintonizar as estações fortes.
Comprovado o seu funcionamento, experimente as fontes alternativas de energia.
Se a fonte não der volume suficiente, experimente a troca do eletrodo, da solução ou então associe mais de uma célula.
Para o caso de baterias químicas é importante fazer a troca da solução de tempos em tempos, quando se notar seu enfraquecimento.
Q1, Q2 - 2SB75 ou equivalentes - transistores PNP de germânio de uso geral
D1 - 1N34 ou equivalentes -diodo de germânio
P1 - 4M7 - potenciômetro
L1 - bobina - ver texto
CV - variável - ver texto
C1 – 100 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster
C2 - 100 a 10 000 uF - capacitor eletrolítico
Diversos:
knob para CV e para P1, ponte de terminais, bastão de ferrite, fio esmaltado, base de montagem, fonte de energia alternativa, antena, fios, solda etc.