Muitos de nossos leitores iniciantes gostariam de aprender como reparar equipamentos eletrônicos, tornando-se profissionais e até abrindo uma oficina. É claro que, como em qualquer outro ramo de atividade, devemos aprender tudo desde o começo. Veja neste artigo algumas técnicas simples que podem ser utilizadas no teste de circuitos e componentes.

 

Obs.: Para os leitores que desejarem saber mais, aprofundando-se no assunto,recomendamos nosso livro ”Conserte Tudo” e a série “Como Testar Componentes” em 4 volumes.

 

Mesmo que multímetros possam ser adquiridos a preços muito baixos atualmente, existem outros instrumentos de prova mais simples que podem até ser montados pelos interessados.

Um desses instrumentos de construção caseira é o provador de continuidade, cujo diagrama e aspectos são mostrados na figura 1.

 

   Figura 1 – O provador de continuidade
Figura 1 – O provador de continuidade

 

Duas pilhas, um resistor e um LED numa pequena caixinha plástica podem formar o seu primeiro aparelho de prova.

Vejamos alguns testes simples de componentes e circuitos que podem ser testados com este provador.

 

Resistores

Podemos testar resistores de 0,1 ohm a 10 k Ω com este provador, ligando-o conforme mostra a figura 2.

 

   Figura 2 – Testando resistores
Figura 2 – Testando resistores

 

O brilho do LED no teste deve ser inversamente proporcional ao valor do resistor, ou seja, quanto maior o resistor menor o brilho.

Se o LED permanecer apagado é sinal que o resistor se encontra aberto.

Podemos determinar o valor do resistor com certa aproximação comparando o brilho dele no teste co o brilho do LED quando usamos um resistor de valor conhecido.

 

Capacitores

Para estes, se o valor for pequeno podemos apenas descobrir se ele se encontra em curto, nada nos revelando no teste, se ele se encontra aberto ou com fugas.

Para os eletrolíticos acima de 10 µF, quando fazemos o teste, o LED dá uma breve piscada se ele estiver em bom estado e permanece aceso se ele estiver em curto.

 

Diodos

Na figura 3 temos o modo de se fazer o teste de um diodo.

 

   Figura 3 – Teste de diodos
Figura 3 – Teste de diodos

 

São dois testes para polarizar o diodo no sentido direto e depois no sentido inverso.

Para um diodo bom o LED acende num teste e permanece apagado no outro.

E acender nos dois, o diodo está em curto e se permanecer apagado nos dois, o diodo está aberto.

 

Continuidade

O estado de diversos componentes pode ser verificado pela medida de sua continuidade, ou seja, se deixam ou não passar a corrente.

Assim, componentes com bobinas, lâmpadas, alto-falantes, fusíveis podem ser facilmente testados com o nosso provador de continuidade.

Basta verificar se o LED acende.

Se isso ocorrer, eles estão com a continuidade perfeita e por isso podemos considerá-los eletricamente em bom estado.

Na figura 4 temos alguns componentes que podem ser testados.

 

 Figura 4 – Teste de continuidade de componentes
Figura 4 – Teste de continuidade de componentes

 

 

Comprovação de tensão

Todas as etapas de um circuito de alimentação precisam de uma certa tensão para operar.

Temos então a partir de uma fonte de alimentação uma linha de alimentação que leva a energia para os diversos pontos de um circuito.

Um tipo de comprovação importante que fazemos num circuito é verificar se todas as etapas recebem alimentação.

Na figura 5 temos como exemplo as etapas de amplificação de FI de um radinho comum onde são mostrados os pontos que podem ser testados para verificar se a alimentação chega até as diferentes etapas.

 

   Figura 5 – As etapas de um circuito com os pontos de teste de alimentação
Figura 5 – As etapas de um circuito com os pontos de teste de alimentação

 

Se o leitor não tem um multímetro para medir as tensões nesses pontos, que podem variar caindo de valor a partir da tensão da fonte pode usar um simples circuito de teste com um LED, conforme mostrado na figura 6.

 

   Figura 6 – Circuito de teste de tensão com LED
Figura 6 – Circuito de teste de tensão com LED

 

Neste circuito, a partir de tensões de 2,0 V, se o LED for vermelho ele acende.

O circuito pode ser usado para tensões até 15 V.

Se o circuito analisado tiver tensões maiores, o resistor em série com o LED deve ser aumentado.

Ao utilizar o circuito a polaridade deve ser observada, pois invertido ele não funcionará.

Uma ideia de montagem é mostrada na figura 7, onde o teste de tensões foi instalado num tubinho de plástico.

 

   Figura 7 – Sugestão de montagem do teste de tensões
Figura 7 – Sugestão de montagem do teste de tensões

 

 

Usando o Comprovador de Tensões

Para usar o teste, ligamos a garra jacaré preta a um ponto em que tenhamos 0 V no circuito, ou seja, o negativo da fonte ou o terra da placa de circuito impresso.

Encostamos então a ponta de prova nos diversos pontos do circuito de alimentação em que desejamos ver se há tensão.

Veja, entretanto, que nos pontos de polarização de muito baixa corrente, ela pode não ser suficiente para acender o LED.

Se for usado um multímetro para verificar as tensões de um circuito ele deve ser usado conforme mostra a figura 8.

 

   Figura 8 – Medindo tensões num circuito de alimentação com o multímetro
Figura 8 – Medindo tensões num circuito de alimentação com o multímetro

 

 

Na figura 9 temos o mesmo circuito de alimentação de um rádio comum com o aspecto real e os pontos de teste para se verificar a presença de tensões.

 

Figura 9 – Pontos de teste de tensão

 

Para estas medidas, o multímetro deve estar numa escala baixa de tensões contínuas.

Os melhores resultados (mais precisos) serão obtido com os multímetros de maior sensibilidade.

Para os multímetros de menor sensibilidade é importante observar que a tensão lida é sempre um pouco mais baixa do que a real, devido a presença do instrumento.

Nos circuitos deste tipo são usados resistores em série com linha, cuja finalidade é proporcionar quedas sucessivas de tensão conforme as etapas alimentadas.

Num circuito deste tipo é comum que os capacitores abram, impedindo assim a circulação da corrente, ou ainda que as trilhas sejam interrompidas, conforme mostra a figura 10.

 

   Figura 10 – Interrupção na linha de tensão
Figura 10 – Interrupção na linha de tensão

 

 

Podemos descobrir isso com a medida da tensão antes e depois do circuito, conforme mostra a mesma figura.

Se não houver tensão num ponto em que deveria haver temos as seguintes possibilidades de defeitos.

a) O resistor R pode estar aberto ou com o valor muito alterado para mais.

b) A trilha da placa de circuito impresso está interrompida.

c) Os capacitores na trilha depois do resistor podem estar em curto.

d) Os componentes da etapa alimentada podem estar em curto fazendo com que a tensão caia a zero.

Na figura 11 temos um circuito típico de uma fonte de alimentação com os pontos onde devemos verificar a presença de tensão.

 

   Figura 11 – Pontes de teste numa fonte
Figura 11 – Pontes de teste numa fonte

 

Abaixo da fonte, na mesma figura temos um provador que serve para verificar a presença de tensão também em circuitos de corrente alternada.

O LED neste circuito acende com os semiciclos da tensão de alimentação alternada.

Voltando à figura 11, verificamos se temos tensões nos pontos (a) e (b).

Se a tensão estiver presente em (a) mas não em (b) podemos suspeitar dos componentes da etapa reguladora.

E não estando presente em (a) podemos suspeitar dos diodos, do transformador e ao capacitor eletrolítico.

 

E se as tensões estiverem corretas e o aparelho não funcionar?

Neste caso, deveremos suspeitar de componentes que não afetam as tensões quando estão com problemas.

Podemos citar como exemplos transistores e capacitores abertos, transformadores e indutores com enrolamentos interrompidos, desde que não estejam nas linhas de tensão e outros.

Caberá neste caso ao técnico analisar o circuito e baseado no seu funcionamento encontrar os componentes “suspeitos”.

Para isso é preciso conhecer eletrônica e nossa sugestão está na leitura de nossos livros Curso de Eletrônica – Eletrônica Básica e Curso de Eletrônica – Eletrônica Analógica.