A reparação de auto-rádios e toca-fitas ainda consiste numa atividade rendosa para os profissionais da eletrônica, principalmente de localidade mais pobres onde os clientes se preocupam em aproveitar ao máximo seus equipamentos, mesmo que antigos, por não terem condições de comprar tipos mais novos. Neste artigo damos algumas informações importantes que ajudam a resolver problemas comuns de reparação desses equipamentos.
O maior problema que um técnico reparador de auto-rádios e toca-fitas encontra é quando o componente principal do equipamento, normalmente um circuito integrado amplificador de áudio queima e não é possível encontrar o tipo original no mercado.
Se bem que exista a possibilidade de se aproveitar este componente de algum outro rádio ou toca-fitas que tenha o mesmo componente pifado e o do outro canal esteja bom, nem sempre o técnico tem essa sorte.
O resultado é inevitável na maioria dos casos: abandonar o aparelho ou ainda usar apenas um canal como um equipamento simples de mesa com fonte de alimentação, conforme mostra a figura 1.
Aproveitando o que ainda funciona num auto-rádio
No entanto, não é fácil se contentar com um aproveitamento parcial de um equipamento nestas condições.
Assim, para os que desejam ir além e querem realmente usar o rádio ou toca-fitas com um canal de áudio queimado ou ainda que tenha os dois canais queimados, damos algumas sugestões simples que podem sair mais barato do que comprar um equipamento novo.
USANDO UM AMPLIFICADOR EXTERNO
A primeira possibilidade interessante de aproveitamento do rádio ou toca-fitas consiste em se usar um amplificador externo quando o amplificador original (um ou dois canais) queima.
O que se faz é cancelar o amplificador original, desligando seus alto-falantes e até mesmo eliminando o controle de volume, conforme mostra a figura 2.
Usando um amplificador externo para o canal que não funciona
Tiramos então o sinal antes do potenciômetro de volume de cada canal e aplicamos este sinal, via fio blindado ao amplificador externo.
O amplificador externo deve ser do tipo completo que tenha pré-amplificador pois o sinal com que deve trabalhar é de pequena intensidade. Não servem os módulos amplificadores que são apenas formados de etapas de potência e usados com a ligação direta na saída do rádio ou toca-fitas como mostra a figura 3.
Os circuitos dos módulos de potência não possuem etapas pré-amplificadoras. Por isso não servem
Estes blocos amplificadores ou módulos exigem sinais de grande intensidade para excitação e o rádio ou toca-fitas com a saída queimada não pode fornecê-los.
Devemos também fazer com que o amplificador seja alimentado a partir do controle que liga a alimentação do rádio ou toca-fitas de modo que os dois sejam acionados ao mesmo tempo, conforme mostra a figura 4.
Ligando a alimentação do amplificador externo
Se o amplificador usado tiver controle de balanço o mesmo controle existente no rádio pode ser desligado ou então deixado na posição média. A retirada pode ser necessária se for constatado que ele atenua muito os sinais e o amplificador externo não é excitado convenientemente.
MONTAGEM DE AMPLIFICADOR AUXILIAR
Uma possibilidade interessante para os técnicos mais habilidosos consiste em se acrescentar um amplificador montado em lugar do que está queimado.
Um circuito bom para muitos rádios e toca-fitas de média potência é o que faz uso do circuito integrado TDA2002 e é mostrado na figura 5.
16 W RMS com TDA2002 em ponte para o carro (aprox. 60 W PMPO)
Este circuito, pelos poucos componentes que usa, pode ser montado numa pequena placa de circuito integrado e instalado no interior do próprio rádio ou toca-fitas que tenha um dos canais danificados, conforme mostra a figura 6.
Adaptando a placa amplificadora no interior de um auto-rádio ou toca-fitas (quando há espaço)
Basta então tirar os componentes do setor que não mais funciona e que não se encontra o circuito integrado equivalente e colocar o módulo de um canal novo. O próprio dissipador pode ser aproveitado para o CI do amplificador substituto devendo o técnico tomar cuidado com seu isolamento.
Evidentemente, esta solução é interessante para os casos em que a potência do canal montado tenha a mesma ordem do canal já existente.
Se o amplificador não couber na caixa do rádio ou toca-fitas ou ainda sua potência maior exigir um amplificador de maior porte existe a possibilidade de sua instalação externa.
Neste caso, podemos montar um canal amplificador numa caixinha e instalá-la sob o painel ou em outro local disponível, conforme mostra a figura 7.
Adaptando um amplificador externo para o canal ruim
O sinal de áudio para o módulo é retirado do cursor do potenciômetro de volume do canal inutilizado e transferido por meio de fio blindado.
A alimentação do módulo deve ser retirada do interruptor que controla o rádio ou toca-fitas já existente.
O controle de balanço, nesta configuração continua sendo o mesmo do rádio. Veja que estando o módulo sob o painel, ele funciona apenas controlado pelo volume do rádio ou toca-fitas original que deve estar em boas condições.
CONCLUSÃO
Evidentemente, os leitores que desejarem tentar estas soluções devem ser habilidosos os suficiente para trabalhar em locais estreitos ou mesmo com a dificuldade de montar circuitos compactos.
Lembramos que os fios de conexão desses aparelhos devem ser curtos e diretos de espessura suficiente para conduzir as correntes intensas.
Fios longos e finos significam resistências que podem instabilizar o funcionamento dos amplificadores. Distorções que ocorrem em muitos amplificadores de áudio de carro são devidas justamente a este tipo de acoplamento indevido causado pela resistência dos fios.
Tanto o toca-fitas ou rádio originais como qualquer amplificador externo devem ser aterrados por meio de fios curtos e grossos diretamente ao painel do carro, conforme mostra a figura 8.
O aterramento é importante
Este procedimento é muito importante principalmente no caso de carros com painéis que tenham predominância de material plástico.
Os fios longos de alimentação também podem facilitar a entrada de ruídos, principalmente do sistema de ignição afetando assim em muito a qualidade do som e até impedindo um bom funcionamento na faixa de AM.
Obs: Na época em que este artigo foi escrito a grande maioria dos auto-rádio possuía toca-fitas. Hoje (2010), quando este artigo foi para o site, os auto-rádios são digitais com CD players e MP3. No entanto, alguns procedimentos descritos neste artigo ainda servem de referência.