Auto-rádios, CD Players e toca-fitas de carro podem ser instalados numa infinidade de locais normalmente por pessoal sem um bom conhecimento técnico do assunto. O resultado é que o som obtido de tais equipamentos não corresponde nem ao que oferece o fabricante do aparelho (que acaba sendo culpado por um desempenho a desejar) nem ao que se espera pelo dinheiro investido. Instalar auto-rádios e toca-fitas é relativamente simples e alguns problemas que ocorrem poderiam ser contornados se houvesse algum conhecimento técnico. Para os leitores que gostam do assunto, damos a seguir algumas indicações de como evitar problemas na instalação de tais aparelhos.

Nota: Artigo dos anos 90 para quem gosta de carros antigos..

 

Diversos são os problemas que podem ocorrer se uma instalação de som no carro não for bem feita. Distorções, ruídos, falta de sensibilidade, oscilações, nível desigual de som nos dois canais são alguns exemplos do que pode acontecer.

 

Para que possamos dar algumas indicações de como superar os problemas ser  interessante separar os problemas em dois grupos:

 

a) RUÍDOS

O fato de um rádio de carro estar ligado na mesma fonte de energia que alimenta o circuito elétrico do sistema de ignição é uma fonte de problemas.

Os ruídos de comutação do sistema de distribuição e das próprias faíscas das velas pode entrar no circuito amplificador do rádio ou toca-fitas e acabar sendo reproduzido no alto-falante.

Esses ruídos podem entrar no circuito de três maneiras, conforme mostra a figura 1.

 


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O primeiro percurso é pelo ar, sendo o ruído gerado pelo sistema elétrico do carro irradiado na forma de ondas eletromagnéticas e captado pela antena.

Evidentemente, se esta for a origem do ruído no caso de seu carro, ele não vai se manifestar quando o aparelho for usado na função de toca-fitas.

Também ocorre que a faixa de frequências em que os ruídos do sistema de ignição se concentram coincide na maior parte, com a faixa de AM. Assim, o ruído será maior justamente quando o receptor estiver sintonizado nas estações de ondas médias. Em FM o ruído deve ser bem menor, conforme ilustra o gráfico da figura 2.

 


 

 

 

Para se eliminar o ruído que tenha esta origem, existem duas possibilidades:

Normalmente os carros, por sua estrutura metálica, funcionam como uma blindagem natural evitando que os ruídos elétricos produzidos sejam irradiados. Para "fechar" esta blindagem, as tampas dos motores dos veículos são conectadas ao resto do chassi por meio de uma fita metálica, conforme mostra a figura 3.

 


 

 

Se esta fita metálica estiver desligada, interrompida ou apresentar mal contacto, a tampa não funciona como blindagem e os ruídos gerados podem chegar até a antena.

Outro ponto importante a ser considerado é que a proximidade da antena dos pontos onde o ruído é gerado pode significar uma maior sensibilidade.

Muitos fabricantes de equipamentos de rádio para carro recomendam que a antena fique na parte traseira do veículo, longe do motor portanto, de modo a não captar os ruídos gerados pelo sistema elétrico, conforme mostra a figura 4.

 


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Finalmente, temos a possibilidade de se usar cabos supressores nas velas do carro. Os cabos comuns funcionam como verdadeiras antenas irradiando o ruído gerado pelas velas que passam a interferir no rádio do carro. Com o uso de cabos supressores esta irradiação tem seu nível reduzido consideravelmente.

O segundo ponto crítico da instalação, por onde podem entrar os ruídos é o próprio cabo de conexão da antena. Evidentemente, este caso ficar  patente quando, mesmo com a antena contraída totalmente ainda assim os ruídos forem ouvidos somente na função rádio do aparelho e não na função toca-fitas ou CD Player.

Os cabos são blindados, mas para que a blindagem tenha efeito ela deve ser devidamente aterrada. Este aterramento é feito nas extremidades do cabo, ou seja, no ponto em que ele é conectado ao rádio e à antena.

 


 

 

 

Uma antena mal fixada ou um plugue de antena mal encaixado no rádio pode significar uma blindagem ineficiente e com isso a penetração de ruídos.

Uma verificação do estado do cabo é muito importante.

Veja que a emenda de cabos é condenável neste caso, pois um simples pedaço que seja deixado sem blindagem neste processo, conforme mostra a figura 6, funciona como uma abertura para a penetração dos ruídos.

 


 

 

 

O terceiro ponto a ser considerado é o próprio cabo de alimentação e o aterramento da carcaça do aparelho.

A fonte de alimentação do rádio e/ou toca-fitas é a bateria do carro que possui uma resistência interna e uma impedância. Isso significa que os ruídos gerados pelo sistema elétrico podem ser propagar pela instalação e chegar ao equipamento de som pelo fio de alimentação.

Normalmente estes ruídos são desacoplados, desviados para o chassi, por meio de um capacitor de valor elevado, conforme mostra a figura 7.

 


 

 

No entanto, o que ocorre, principalmente em carros com painéis de plástico é que o chassi do rádio não está em contacto com o chassi do carro.

Assim, conforme mostra a figura 8, é necessário ligar um fio terra do rádio ou toca-fitas ao chassi do carro e este fio não tem uma resistência nula.

 


 

 

Isso significa que, por pequena que seja a resistência deste fio, ela pode ser suficiente para que o ruído gerado apareça sobre ela e penetre no circuito onde é amplificado.

Evidentemente, o ruído que entra no aparelho desta maneira aparece em todas as funções, ou seja, mesmo quando ele está sendo empregado como toca-fitas.

Nos carros em que o painel seja de metal e que portanto permite um melhor contacto elétrico este problema pode se manifestar se o aparelho não for devidamente fixado.

Com pequenos movimentos o contacto se torna imperfeito e não só ruídos de contacto como ruídos do sistema elétrico aparecem nos alto-falantes.

A solução para o problema está na melhoria do aterramento da carcaça ou caixa do aparelho. O fio fino e comprido usado como terra deve ser substituído por um fio grosso e curto, conforme mostra a figura 9.

 


 

 

 

A escolha do ponto de conexão também é importante, devendo ser evitados pontos de terra que sejam comuns ao sistema de ignição.

 

b) DISTORÇÕES

A maioria das pessoas associa a qualidade de som de um equipamento à sua potência. Quanto mais "watts" tiver um equipamento melhor ele será e tanto mais caro também.

Sabendo desta crença as industrias passam a utilizar especificações de potência que "aumentam" os números de watts visando com isso impressionar, senão enganar, o consumidor no sentido de lhe impingir o maior número de watts como se isso significasse melhor qualidade de som.

Assim, hoje em dia em lugar de encontrarmos um "tradicional" amplificador de 20 watts rms por canal, o vendedor nos "empurra" o mesmo aparelho como sendo de 160 watts PMPO, pois 160 impressiona (e vende) mais que 20!

O importante para o leitor saber é que o ambiente de um carro não é dotado de uma acústica que possa ser considerada ideal, assim ‚ muito mais importante nos preocuparmos em termos o número de watts que usamos sem distorção, do que ter excesso de watts que não podemos usar, pois se abrirmos todo o volume do aparelho a distorção será perceptível.

Assim, o que se recomenda é que o equipamento tenha os watts que usamos, com uma margem de segurança: se o leitor gosta de ouvir música a um volume normal (não excessivo), o que significa que raramente abre mais do 1/3 do volume do seu aparelho, isso ‚ sinal de que você está desperdiçando os outros 2/3 não usados pelo qual deve ter pago bastante!...

Mas, para que o som de seu equipamento possa ser devidamente reproduzido em seu carro, sem distorções ou perdas, existem algumas considerações a serem feitas e que se não forem observadas podem afetar bastante os resultados finais.

O primeiro ponto importante a ser observado ‚ em relação à impedância dos alto-falantes usados e sua potência.

Se vamos ligá-los em paralelo, conforme mostra a figura 10, eles devem ter a mesma impedância e o dobro da impedância mínima de saída do sistema de som.

 


 

 

Dois alto-falantes de 8 ohms em paralelo resultam em 4 ohms de impedância.

A potência dos alto-falantes deve ser compatível com a do aparelho de som. Não adianta usar alto-falantes de 100 watts se nesta ligação cada um só recebe metade, e seu equipamento d  40 watts por canal. Cada alto-falante estará no máximo reproduzindo 20 watts e você pagou por 100W. Alto-falantes de 40 watts (dando uma margem de segurança) fariam o mesmo e você teria pago bem menos.

Lembre-se que um alto-falante não cria energia, mas sim transforma-a em som. Se o equipamento de som fornece 20 watts não adianta usar alto-falantes de mais potência, que o som reproduzido ainda será de 20 watts.

É importante também que no mesmo canal, os alto-falantes usados sejam do mesmo tipo e tamanho.

Se os alto-falantes forem diferentes, suas características serão tais que a distribuição de energia não vai ocorrer de modo igual, conforme mostra a figura 11, e determinadas notas aparecerão mais fortes em um do que em outro alto-falante.

 


 

 

 

O segundo ponto importante a ser considerado é a fase dos alto-falantes.

Se os alto-falantes não estiverem ligados em fase, o que se consegue observando a marca de polaridade, na reprodução os movimentos dos cones não estarão em harmonia. Isso significa que, quando um cone estiver indo para frente na reprodução de uma nota, o do outro alto-falante estará indo para trás. O resultado é uma interferência destrutiva que causa distorções e perdas para o som.

 

 

CONCLUSÃO

Um som bem instalado num carro deve agradar o ouvinte, apesar das características acústicas desfavoráveis que o ambiente apresenta. Ruídos, distorções excessivas, rendimento baixo indicam um som mal instalado. Não é difícil verificar a causa desses problemas, se o equipamento de som for de boa qualidade e, portanto não for o causador de tudo. Um bom exame da instalação dos alto-falantes, do próprio aparelho e da antena pode facilmente revelar a causa de problemas. Mesmo não sendo um profissional de instalação o leitor não terá dificuldades para a resolução de boa parte dos problemas que foram abordados neste artigo.

 

 

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