A reparação de DVDs exige conhecimentos especiais e, além disso, a disponibilidade de ferramentas para o retrabalho com componentes SMD. A tecnologia de montagem, o uso de módulos e microprocessadores torna este aparelho diferente dos tradicionais no processo de reparação. Veja neste artigo algumas dicas de como fazer a sua manutenção.
Cuidados com o DVD
A durabilidade de um DVDs é muito maior do que as fitas de vídeo, pois o meio de gravação óptico e não sofre desgaste com o uso.
A vida útil teórica é infinita, no entanto, na prática muita coisa pode acontecer com um disco DVD com o passar do tempo.
Os especialistas, no entanto, acreditam que, se bem cuidados, os DVDs podem manter as informações gravadas por pelo menos 100 anos.
Para que seja possível contar com esta durabilidade, será importante conhecer os modos de se cuidar bem dos DVDs.
Estes cuidados são:
Não deformar o disco
Se o disco sofrer qualquer tipo de deformação, por exemplo, for amassado ou dobrado, as informações não poderão ser lidas.
A base do disco é feito de policarbonato, um material de grande resistência e flexibilidade, no entanto se for forçado, este material pode quebrar ou rachar.
Evitar calor
Não deixe o DVD em locais em que ele receba o sol diretamente, ou ainda calor de outra fonte.
Com o aquecimento ocorrem deformações que impedem a leitura dos dados.
Evitar aranhões
O DVD é tolerante a arranhões de até 1 mm, pois existem algoritmos que permitem ignorar uma pequena parcela da informação gravada e que não pode ser lida devido a presença de defeitos, sem que isso prejudique a qualidade da reprodução, mas existe um limite para isso.
Segure o DVD sempre pelas bordas.
O toque dos dedos na superfície sensível pode deixar manchas de gordura que afetam a focalização do LASER.
Limpe o DVD com camurça (nas casas especializadas existem pequenas escovas que são de feitas de materiais indicados para esta finalidade e que não arranham o disco.
O movimento de limpeza deve ser feito sempre do centro para fora e nunca no sentido circular, pois o movimento no sentido circular pode provocar riscos justamente paralelos a uma trilha cobrindo informações em sequência o que dificulta a correção pelos algoritmos o que não ocorre se as perdas de dados forem de poucos bits mas em trilhas diferentes.
Evite o uso de substâncias químicas
Não use produtos químico tais como solventes, amoníaco ou detergentes devem ser usados na limpeza dos DVDs.
Eles podem atacar a superfície plástica que protege o DVD.
Se a superfície do DVD estiver manchada pela presença de impressões digitais e não for possível fazer sua remoção com a camurça use álcool isopropílico.
A Manutenção
Os circuitos dos DVDs são normalmente fazendo uso de microprocessadores.
As técnicas de diagnóstico e manutenção são as mesmas dos equipamentos com que a maioria dos técnicos está acostumada a trabalhar como, por exemplo, os que envolvem CDs.
Devemos considerar que os DVDs possuem uma parte eletrônica que é responsável pelo processamento dos sinais lidos e que devem ser enviados ao televisor ou monitor de vídeo e uma parte mecânica que é responsável pelo movimento do disco.
Devemos então considerar dois tipos de problemas que podem ocorrer:
De natureza mecânica quando o DVD não gira, não é ejetado, ou ainda apresenta outro tipo de problema relacionado com peças móveis do local em que ele é instalado.
De natureza elétrica quando alguma coisa ocorre com o sinal no circuito que ele deve ser processado.
O diagnóstico dos problemas eletrônicos deve ser feito com recursos básicos de eletrônica, ou seja:
Ferramentas para remoção de partes: chaves de fenda, alicates, chaves Allen, chaves Philips, etc.
Ferramentas específicas de ajustes e remoção de peças que são semelhantes as usadas no trabalho com videocassetes.
Instrumentos de medida e teste tais como multímetro, freqüencímetro, osciloscópio e em alguns casos até mesmo um PC.
A seguir, alguns procedimentos básicos para análise de problemas são indicados tomando para um equipamento comum.
Problemas Eletrônicos:
Os componentes dos DVDs são pequenos, normalmente em tecnologia SMD com circuitos integrados dotados de elevado número de terminais.
Os invólucros com até mais de 200 pinos (SOIC, BGA, e outros) são comuns exigindo que o profissional esteja preparado para a realização de trabalhos delicados.
Duas opções devem ser consideradas:
Trocas de componentes SMD
Os componentes para montagem em superfície (surface mounting devices ou SMD) são montados nas placas de circuito impresso segundo tecnologia que inclui o uso de máquinas.
As linhas de montagem são automatizadas e os componentes fixados e soldados sem a intervenção humana.
Inicialmente os componentes são colados na placa de circuito impresso do lado cobreado e depois é feita a soldagem.
Pela simples observação é difícil dizer que tipo de componente temos pela frente já que os invólucros usados para capacitores, diodos, resistores, transistores e circuitos integrados SMD são todos semelhantes.
Podemos, eventualmente, desconfiar de uma função passiva quando o componente tem dois terminais e de que se trata de um transistor quando tem três terminais.
Entretanto, o melhor para é ter uma lupa (lente de aumento) para verificar a marcação do componente.
A posse do diagrama é importante para se poder identificar exatamente que tipo de componente é usado numa determinada posição da placa.
Um componente suspeito ou com sinais de que está queimado, deve ser trocado com o uso de ferramentas especiais.
Lembramos para testar estes componentes usamos os mesmos procedimentos empregados no teste de equivalentes comuns e o uso do multímetro se aplica neste caso.
A figura 1 mostra como remover um componente danificado cortando-o ao meio e depois soldando um novo em seu lugar.
Um fato importante é que os componentes eletrônicos equivalentes discretos em formatos convencionais podem ser usados na reparação desde que haja espaço suficiente para sua instalação.
Conforme mostra a figura 2 um resistor comum é usado para substituir um resistor SMD queimado.
É importante observar que esta troca não traz problema algum de desempenho ao aparelho já que, por exemplo, podemos encontrar transistores como o BC548 tanto no formato comum como SMD e a “pastilha” de silício no interior de cada um é a mesma mudando apenas o invólucro externo.
Para os profissionais, será importante a aquisição dos kits de reparação de SMDs”.
Estes kits contem as ferramentas básicas para o trabalho com os componentes de dimensões reduzidas com acessórios tais como:
- Pinças
- Lupa
- Fixadores de placas
- Sugadores
- Punções
- Estoque de componentes comuns como resistores e capacitores de valores mais comuns
- Solda
- Troca de placas
Um problema num circuito integrado dedicado mais importante como, por exemplo, um microprocessador ou outra função especializada que está num componente com invólucro de muitos terminais como o mostrado na figura 3, exige a troca da placa.
De modo justamente a facilitar a manutenção por parte das oficinas autorizadas, muitos equipamentos têm uma montagem modular em que os diversos blocos funcionais do circuito são instalados em placas separadas.
Nestes casos, é preciso que o profissional esteja apto a diagnosticar o defeito de modo a ter certeza de que ele se encontra realmente numa placa.
Problemas Mecânicos:
Os mecanismos de acionamento do disco, ejeção e colocação em posição do disco são semelhantes ao de CD players comuns.
Estes mecanismos estão sujeitos a falhas mecânicas comuns como o desgaste das pequenas roldanas e polias e eventualmente correias que podem escapar, patinar ou mesmo romper, exigindo sua a troca.
Também devem ser considerados os problemas de ajustes e a necessidade de lubrificação que deve ser feita nos pontos corretos.
Diagnóstico Eletrônico
O diagnóstico segue as mesmas regras de qualquer outro equipamento eletrônico.
Evidentemente, se o aparelho apresenta um defeito específico, o profissional deve ir diretamente às etapas que exercem as funções que estão com problemas.
No caso geral em que o aparelho está inoperante, o procedimento é o seguinte:
- Verificar se existe alimentação nos diversos blocos.
As tensões na entrada do circuito devem ser medidas para verificar se a tensão de alimentação chega à fonte e, portanto que não existem problemas no cabo de alimentação ou no fusível de entrada.
Um fusível reposto que volta a queimar isso caracteriza um problema de funcionamento que deve ser verificado com testes por etapas.
Verificar se cada etapa do aparelho recebe alimentação.
Verifica-se com o multímetro se todas as etapas estão recebendo alimentação.
Falta de tensão na saída da fonte permite isolar este setor do aparelho como o responsável pelo problema de funcionamento.
A maioria dos equipamentos modernos usa fontes chaveadas em que temos um transistor de potência ou um SCR comutando um transformador, conforme mostra a figura 4.
Este componente é o elemento crítico das fontes chaveadas já que, por trabalhar com correntes elevadas, eles operam no limite de suas características e por isso estão sujeitos à queimas.
Ao entrar em curto, eles causam também a queima do fusível e a inoperância total do equipamento.
Se as etapas recebem alimentação é verificamos os sinais e tensões em todas elas.
O osciloscópio é a ferramenta mais indicada para o trabalho com este tipo de equipamento, pois ele permite a visualização tanto dos sinais digitais como analógicos.
No entanto, com um multímetro comum pode-se medir as tensões nos principais pinos e comparando-as com o diagrama ou com a função que se sabe haver no local, detectar se o componente com problemas é o circuito integrado ou os componentes discretos a ele associados.
Programação
O número elevado de funções que este tipo de equipamento tem pode levar os usuários a se confundirem e com isso pensarem haver um problema onde na verdade é apenas uma falha de comando.
Deve-se ler o manual do aparelho antes de se tentar abrir o equipamento em busca de um defeito e verificar se a função que está inoperante na verdade não foi corretamente programada.
Quando for reparar um DVD é muito importante que ele tenha disponível o manual de operação, pois isso pode ajudar a encontrar problemas com muito mais facilidade.
É claro que nem sempre isso é possível, daí ser importante para os técnicos terem acesso a estes manuais.
As esquematecas que existem em nosso país podem fornecer os diagramas de muitos equipamentos comerciais e também os manuais de ajustes e reparação.
O custo destes manuais não é elevado e pode ser agregado ao custo do trabalho de reparação caso o profissional não tenha o do aparelho que está entrando em sua oficina.
Apêndice:
Para o leitor damos uma relação de alguns circuitos integrados usados em DVDs e CDs da Philips.
BTL Power Drivers – são os circuitos que acionam os motores que movimentam os CDs e DVDs.
TDA7072 – Acionador de motor simples em ponte BTL (Bridge Tied Load)
TDA7073 – Acionador de motor duplo em ponte BTL
TDA8541 – Circuito acionador de servo-motor similar ao 7072 mas com menor queda de tensão interna.
TDA8542 – Circuito acionador de servo-motor duplo semelhante ao 7073 mas com menor queda de tensão interna.
Controle de Diodo e Acionador de LASER:
TDA1300 – Amplificador de dados de controle de potência para o LASER usado em CDs de áudio e vídeo.
TZA1015T - Amplificador de dados e fonte para o LASER em circuitos de CD e de leitura apenas.
TZA1022T – Amplificador de diodo e alimentação de LASER para alta velocidade ROM x30.
TZA1024T – Amplificador e controle de LASER para CDs de áudio e vídeo.
Controle de Motores:
TZA1012TT – Controle de motor sem escovas digital
TZA1013TT – Controle de motor analógico
TZA1015 – Controle de motor de 12 V
Servo Digital:
SAA7327 – Processador digital para servo e decodificador com DAC para CD de vídeo.
SAA7399 – Servo digital e microcontrolador
Decodificadores:
SAA7327 – Processador para servo digital e decodificador de CD com DAC integrado.
SAA7335GP - Decodificador DVD/CD (DVD x2 e CD x20)
Microcontroladores:
OM5232 – Microcontrolador pré-programável para sistemas de CD
OM5234 – Microcontrolador pré-programável para sistemas de CD
OM5238 – Microcontrolador pré-programado para sistemas de CD
P89C130 – Microcontrolador Flash com driver LCD para sistemas de CD
P89C132 – Microcontrolador Flash com ISP para sistemas de CD
P89C138 – Microcontrolador Flash para sistemas de CD
P89C238 – Microcontrolador Flash para sistemas de CD
P89C638 – Microcontrolador Flash para sistemas de CD
P89CL781 – Microcontrolador pré-programado de baixa tensão
Drivers LCD:
OM4068 – Driver de segmentos (32 saídas)
PCF8566 – Driver de segmentos (24 saídas)
PCF8566T – Driver de segmentos (24 saídas)
PCF8576C – Driver de segmentos (40 saídas)
PCF8577 – Driver de segmento (32 saídas)