Nesta época em que os toca-discos para discos de vinil estão de volta, os termos técnicos dos anos 30, 40 e 50 que estavam relacionados com esta tecnologia passam a fazer parte do dia a dia de muitos aficionados. De fato, se bem que em muitos casos a válvula tenha sido substituída por amplificadores digitais alguns termos antigos ainda permanecem. É de dois deles que trataremos agora.

Analisando o meu livro Radiotron Designer Handbook, edição de 1953 (Eu mal sabia ler nessa época, quanto mais em inglês), verifiquei que haviam muitos item em que se detalhavam as soluções técnicas para os problemas de ruídos e distorções em equipamentos de som valvulados.

No caso dos toca-discos existem dois ruídos que são exclusivos e que não existem no caso dos CDs e outras formas de gravações digitais. O Scratch e o rumble.

 

Scratch

Podemos definir como o som desagradável reproduzido nos alto-falantes de um sistema que opera com toca-discos para discos de vinil, quando a agulha do fonocaptor encontra partículas de sujeira ou ainda riscos nos discos. Também conhecido pelo termo inglês “ruído de superfície” ou ainda chiado..

A tradução seria “raspar” e realmente lembra o som que se produz quando se raspar uma coisa em outra. Trata-se de um som de alta frequência que, de certo modo pode ser atenuado pelo controle de tom, reduzindo-se os agudos.

No entanto, para os casos de discos muito afetados com riscos ou problemas de sujeira onde o scratch se torna muito desagradável, podemos utilizar filtros. No nosso banco de circuitos temos diversos circuitos de filtros que podem ser utilizados para esta finalidade, como o mostrado na figura 1.

 

Figura 1- Um filtro de scratch
Figura 1- Um filtro de scratch

 

O filtro apresentado se baseia num amplificador operacional, mas podemos ter versões passivas como a mostrada na figura 2.

 

Figura 2 – Um filtro scratch passivo
Figura 2 – Um filtro scratch passivo

 

Discos riscados e arranhados produzem sons desagradáveis quando utilizados. O circuito sugerido pelo 101 Electronics Circuits na figura 2 é ligado entre o pré-amplificador e a entrada do sistema de gravação (CD, MP3, etc.) para reduzir estes chiados ou “scratch” como é denominado em inglês, O circuito é passivo e tem um único ajuste que é feito em R2. Tanto a entrada como a saída devem ser feitas com fios blindados. No original são pedidos capacitores de mica prateada, difíceis de obter atualmente. Podem ser utilizados capacitores cerâmicos de boa qualidade.

 

Rumble

O outro tipo de ruído que ocorre com os toca-discos é o rumble também denominado hum. Trata-se de zumbido de baixa frequência que é reproduzido 1quando um amplificador ou circuito de som capta a frequência da rede de energia, no nosso caso 60 Hz ou 120 Hz. No caso do 120 Hz ele ocorre quando o ruído de uma retificação de uma fonte de onda completa é captado.

Este ruído também pode ser eliminado através de filtros, como o mostrado na figura 3. Trata-se de um filtro passa-altas.

 

Figura 3 – Filtro de rumble
Figura 3 – Filtro de rumble

 

Neste caso temos também um circuito com operacional. Mas o mesmo pode ser implementado com componentes passivos.

É claro que, para os leitores que sofrem os dois problemas, existe a possibilidade de se combinar os circuito num só, conforme mostra a figura 4,

 

Figura 4 – Filtro scratch e rumble
Figura 4 – Filtro scratch e rumble

 

 

Este circuito de nosso banco de circuito pode ser elaborado com transistores modernos como os BC548.

Veja que nestes circuitos existe o problema de captação de ruídos pelos cabos, o que significa que a montagem deve ser muito cuidadosa para que em lugar de eliminar os ruídos, ele os aumente.

 

Wow

Podemos incluir numa categoria final de ruídos o wow (uau) que é uma modulação de muito baixa frequência que ocorre pela variação da velocidade do motor que gira o prato. Temos neste caso um problema mais de origem mecânica do que eletrônica.

Correias, polias e outros dispositivos que movimentam o prato é que devem ser analisados para se eliminar este tipo de ruído.