Pequenos reparos em radinhos de pilhas podem ajudar o leitor a aumentar o seu conceito de “eletrônico” entre seus amigos e também significar até mesmo uma fonte de renda suplementar, para ajudar nos seus gastos com a compra de componentes e montagens diversas. Damos a seguir algumas “dicas” sobre a reparação de alguns defeitos simples que podem aparecer em rádios transistorizados, do tipo comercial.
Existem pequenos defeitos que acontecem em radinhos de pilhas que podem ser facilmente reparados pelo leitor, mesmo sem muita prática e sem a necessidade de instrumentos especiais para sua localização.
O reparo destes pequenos defeitos pode significar um aumento de seu prestígio junto aos seus amigos ou familiares que na hora da "falha" do radinho, certamente o procurarão por ser o ”eletrônico" da família.
Por outro lado, saber como fazer estes pequenos reparos pode significar até mesmo alguns ganhos extras que o ajudarão a manter este caro passatempo atualmente, que é a eletrônica.
O dinheiro ganho com estas pequenas reparações poderá ajudar na compra de componentes e, evidentemente de nossas publicações!
Observamos aos leitores que a cobrança por estes pequenos reparos deve ser feita com critério, não devendo ser exagerada, pois certamente isso não servirá de modo algum para arranjar novos fregueses ou melhorar seu prestígio.
Problemas de Alimentação
Quando são colocadas pilhas novas no radinho, e depois de ligado ele não “fala" de modo algum, uma primeira suspeita está no contacto do suporte de pilhas.
Esfregando ligeiramente as pilhas no suporte, se o som voltar estará caracterizado o problema.
Retire as pilhas do suporte e verifique como estão os contactos do mesmo.
Se estiverem enferrujados ou corroídos pelo vazamento de pilhas, o reparo consiste em simples raspagem feita com um canivete ou lâmina afiada. Veja se o fio não está também afetado pela corrosão. Se estiver, será conveniente trocar todo o suporte. (figura 1)
Neste caso, dessolde os fios da placa de circuito impresso e depois na soldagem dos novos, observe a polaridade na ligação.
Motor-boating
Quando as pilhas de seu radinho enfraquecem ele começa a “pipocar" emitindo um som semelhante ao de um motor de barco. Este problema é devido a realimentação que ocorrem no circuito pelo aumento da resistência interna das pilhas enfraquecidas.
Em alguns casos, mesmo quando as pilhas ainda tem bastante “energia" para funcionar por certo tempo, a presença deste som incômodo impede o uso do rádio, o que nos tempos atuais, com o preço das pilhas secas, não é conveniente.
Uma maneira de reduzir este efeito e conseguir com que o rádio funcione mais, sem problemas, mesmo com as pilhas fracas, consiste em se ligar em paralelo com a fonte de alimentação um capacitor de 100 µF x 6 V, conforme mostra a figura 2.
Este capacitor fica entre o positivo e negativo da fonte, logo depois do interruptor geral (conjugado ao controle de volume), conforme mostra a figura 3.
Procure um ponto favorável sob a placa para a colocação deste componente, isolando com “espaguete" seus terminais para não encostarem em outros componentes, e solde-o.
Veja que em muitos casos o espaço disponível na caixa do radinho não permite que este componente seja acrescentado.
O controle de volume que raspa e falha
Um problema muito comum nos radinhos transistorizados é o desgaste do potenciômetro de controle de volume.
Quando aumentamos o volume, o som falha, para completamente ou então aparece um ruído desagradável semelhante ao de raspar o alto-falante. (figura 4)
Este mesmo problema pode ainda se manifestar por variações imprevistas do volume do rádio, que pode tocar alto, depois baixo, e com qualquer batidinha na caixa do aparelho mudar de comportamento.
A solução para este problema é a limpeza do potenciômetro de volume e melhor ainda sua troca.
Para a limpeza, é só pingar algumas gotas de benzina, álcool ou outro solvente no local indicado na figura 5, para os potenciômetros dos dois tipos, e mexer no seu eixo, indo e voltando algumas vezes até que um eventual acúmulo de sujeira seja eliminado.
Depois espere um pouco para o solvente se evaporar e ligue o aparelho. Na maioria dos casos, este procedimento resultará numa eliminação do problema ou redução a um nível aceitável.
Se o recurso da limpeza não der certo, então o componente deverá ser trocado.
Para isso, com todo o cuidado dessolde os terminais (do potenciômetro e do interruptor) e solde o componente novo que deve ter as mesmas especificações. Os valores comumente usados são de 4k7 ou 10 k. (figura 6)
Use uma chave estrela (Philips) pequena para fixar o botão do novo potenciômetro firmemente.
Interrupções nas placas
Um tombo pode causar a quebra da placa de circuito impresso ou ainda a interrupção das tiras de cobre. Até mesmo um vazamento das pilhas pode causar a interrupção das trilhas que impedirão o rádio de funcionar. Uma inspeção visual pode reveIar facilmente ao "técnico" uma eventual interrupção, como mostra a figura 7.
No caso, a reparação é feita emendando-se o ponto interrompido da maneira indicada na figura 8.
Se a interrupção for pequena, um pouco de solda pode facilmente resolver o problema, mas se houver o perigo dela soltar novamente, ou para um reparo mais perfeito, use um reforço que consiste num pequeno pedaço de fio descascado que será soldado nas trilhas, conforme mostra a mesma figura.
Limpe bem o local em que será feita a soldagem, principalmente se ela tiver sido provocada pelo vazamento de pilhas, para que não ocorram maus contactos.
Se a maca também estiver partida o leitor poderá colá-la com algum tipo de cola forte como, por exemplo, algumas gotas de Super Bonder ou outra.
Troca de componentes
Um componente partido ou que visualmente se apresente suspeito pode ser trocado por outro de mesmo valor, desde que seja usada uma técnica apropriada que é a seguinte (no caso resistores): corte-o ao meio separando seus terminais, e depois aplique o calor do soldador, puxando cada metade com o alicate de ponta. (figura 9)
Para o caso de capacitores, aplique rapidamente o calor nos dois terminais ao mesmo tempo puxando o componente para fora. Ao colocar o novo componente, limpe os furos e ao mesmo tempo aqueça o local para que os terminais possam entrar facilmente. Se puder use um sugador de solda para esta finalidade, conforme mostra a figura 10.
Na troca de diodos, transistores e outros componentes polarizados, observe sempre a polaridade e posição na colocação. Procure sempre usar o tipo original e nunca substitutos.
Veja que a troca de componentes só deve ser feita se o leitor tiver certeza absoluta que eles estão ruins o que nem sempre pode, ser feito visualmente.
Problemas de alto-falante
Som fanhoso, falta de som, distorções fortes no som também podem ser causadas por problemas do alto-falante. Uma verificação visual pode ajudar na verificação do estado de um alto-falante.
Um problema comum que prejudica a qualidade do som de um radinho é o rompimento do cone na articulação próximo à borda, conforme mostra a figura 11.
Neste caso, a solução mais simples é a utilização de um pouco de cola, que, entretanto, ainda não permitirá eliminar por completo o problema. O som melhora um pouco. A melhor solução é a troca do alto-falante que deve ser substituído por outro de mesmas características.
A ausência de som significa a existência de interrupção na bobina ou no transformador de saída. Se o leitor tiver um alto-falante suplementar será fácil verificar isso.
Ligue-o em paralelo com os terminais do alto-falante do radinho. Se a reprodução for clara, está confirmado que o problema é do alto-falante. Se a reprodução também for deficiente então temos um problema de circuito mais difícil de localizar.
Na troca do alto-falante o leitor deve observar alguns pontos importantes. O primeiro refere-se ao tamanho do novo alto-falante que deve ser o mesmo do original, pois pelo contrário pode haver dificuldades em colocação na caixa.
O segundo refere-se à impedância marcada em Ω no próprio alto-falante retirado e que deve ser a mesma no novo. O melhor será retirar com cuidado o velho e levá-lo à loja para verificar se o novo tem as mesmas características.
Problemas de ajustes
Em certos casos, a falta de sensibilidade de um radinho que “pega" com dificuldades mesmo as estações locais pode estar no ajuste “mexido" inadvertidamente pelo dono do aparelho que tenta melhorar seu desempenho.
Se bem que o ajuste ideal deva ser feito com a ajuda de aparelhos especiais, um ajuste razoavelmente bom, dentro das possibilidades do leitor, pode ser feito de ouvido.
Para isso o procedimento é o seguinte:
a) ajuste das bobinas de FI (frequência intermediária).
Estas são as bobinas com pequenos para fusos coloridos que correspondam a um código de ordem. (figura 12)
Primeira FI - amarela
Segunda FI - branca
Terceira FI - preta
Veja que a bobina com núcleo vermelho não é de FI, mas sim osciladora, sendo calibrada posteriormente, conforme explicaremos.
O ajuste destas bobinas deve ser feito com uma chavinha própria de material não ferroso (palito) preferivelmente, pois o metal de uma chave de fenda pode prejudicar este procedimento.
Comece sintonizando uma estação qualquer no meio da faixa, preferivelmente fraca e colocando o rádio em 3/4 de seu volume máximo.
Depois, vá com a chavinha própria mexendo sucessivamente nos núcleos (parafusos) das bobinas amarela, branca e preta até obter o máximo de volume. Repita este ajuste uma ou duas vezes até obter o máximo.
b) Ajuste do trimmer e da bobina osciladora.
Sintonize uma estação no extremo superior da faixa, em torno de 1 500 kHz e procure ajustar os dois trimmers do variável para que seu volume seja máximo.
O leitor verá que um dos trimmers ”desloca" a estação enquanto que o outro influi na sua intensidade.
O trimmer que “desloca" será usado se o leitor notar que a frequência real da estação (falada pelo locutor) não corresponde ao número marcado no mostrador em que você a “pega". (figura 13)
Depois, sintonize uma estação no extremo inferior da faixa, em torno dos 600 kHz e mexa com cuidado no núcleo da bobina vermelha para obter o máximo de volume.
Em alguns casos, este trimmer também poderá deslocar a estação.
Veja que depois deste ajuste será conveniente retocar os ajustes das FIs para obter novamente melhor rendimento.