As características e "avalanche" de determinados tipos de junção apresentando uma característica de resistência negativa tornam-nas ideais para a produção de sinais de frequências muito altas, na faixa de microondas como, por exemplo, as que são típicas dos diodos Tunnel e Gunn.
Um componente desta família muito importante ‚ o diodo Impatt, cujo nome vem de Impact Avalanche Transit Time.
Este componente pode ser usado para produzir sinais na faixa de 3 a 100 GHz com potências de saída que ficam normalmente entre 0,1 e 1 W, o que é mais do que os outros componentes da mesma família já citados.
A ideia básica do diodo Impatt é de W. Schockley dos laboratórios da Bell Telephone e vem de 1954.
Inicialmente Schockley propôs o uso de uma junção PN no seu dispositivo mas posteriormente para se obter um componente prático a idéia teve de ser aperfeiçoada por W. T. Read em 1958 que passou ao uso de uma junção completa do tipo P+/N/I/N+.
No entanto, um dispositivo prático só apareceu pela primeira vez em 1965 utilizando além da estrutura proposta por Read diversas outras.
ESTRUTURA
Na figura 1 temos a estrutura básica de um Diodo Impatt lembrando que nos dispositivos práticos podem ocorrer muitas variações.
![Estrutura básica do diodo Impatt
Estrutura básica do diodo Impatt](/images/stories/almanaque/alm1011_0001.jpg)
No fundo podemos dizer que se trata de uma junção PN mas um pouco mais sofisticada pelas regiões intermediárias o que não nos deixa entretanto de poder classificar o dispositivo como um diodo.
O símbolo + empregado na figura significa que se trata de uma região semicondutora que tem um grau de dopagem um pouco maior que as regiões normais.
Vemos então que, graças a estas regiões existe um campo elétrico um pouco mais intenso na região N de modo a confinar o fenômeno da avalanche numa região menor do componente.
A região marcada com I indica um semicondutor intrínseco que possui uma baixa densidade de cargas. Este setor do componente funciona praticamente como um isolante até o momento em que portadores de carga são injetados vindos de outras regiões.
O diodo proposto por Read a partir da forma básica é mostrado na figura 2.
![Estrutura de um diodo Impatt na prática.
Estrutura de um diodo Impatt na prática.](/images/stories/almanaque/alm1011_0002.jpg)
As dimensões muito pequenas dessa estrutura permitem que ela opere em frequências tão altas como 100 GHz.
FUNCIONAMENTO
O funcionamento básico do componente ocorre em duas áreas básicas.
A primeira é a região de avalanche ou injeção onde os portadores de corrente (elétrons ou lacunas) são gerados. A segunda é a região de impulso através da qual os portadores de carga passam levando um certo tempo.
Este tempo de trânsito é fundamental para o funcionamento do dispositivo já que levam o circuito a uma espécie de ressonância gerando o sinal na frequência desejada.
Na operação normal o diodo Impatt é polarizado no sentido inverso de tal forma a atingir a tensão de ruptura inversa da junção PN.
O campo elétrico na função PNPO produzido por regiões P e N altamente dopadas é muito forte.
Isso significa que a tensão aparece numa região bastante estreita o que faz com que os portadores sejam acelerados muita intensidade.
Quando estes portadores colidem com a estrutura cristalina do material eles liberam mais portadores de carga que também são acelerados e que por sua vez também colidem com tomos da estrutura cristalina liberando mais portadores num efeito em avalanche.
O resultado final da aplicação da tensão mínima de ruptura com a liberação de uma certa quantidade de portadores de carga ‚ a diminuição da resistência do componente. Temos então uma região de resistência negativa fundamental para que ocorra a oscilação.
Lembramos que na região de resistência negativa um aumento da tensão provoca uma redução da corrente.
Veja, entretanto que no diodo Impatt este efeito não ocorre com a corrente que polariza o componente diretamente mas sim sobre a tensão alternada que ‚ gerada pelas diferenças de fase que ocorrem com o movimento dos portadores de carga em ondas dentro do próprio componente.
Isso significa que, quando um sinal AC ‚ aplicado a este componente os picos de corrente ficam 180 graus defasados dos picos de tensão.
Esta defasagem é resultante de dois atrasos que ocorrem no componente: o primeiro decorrente da injeção de cargas e o outro decorrente do tempo de trânsito.
Na figura 3 vemos o que ocorre com os sinais no diodo Impatt em vista do que falamos.
![](/images/stories/almanaque/alm1011_0003.jpg)
Quando a tensão aumenta a ponto de ocorrer a ruptura inversa da junção a produção de portadores de cara não ocorre imediatamente, mas é retardada. Isso ocorre porque essa produção de portadores não depende apenas do campo elétrico presente mas também do número de portadores que j estejam presentes.
Depois que o campo elétrico passa do valor de pico o número de portadores continua a crescer alcançando um máximo 90 graus depois do pico de tensão de entrada.
Quando o campo torna-se negativo o processo de geração de portadores para e a corrente começa a cair.
No entanto, logo após sua criação os portadores de carga começam a atravessar a região N+ estabelecendo assim a corrente externa.
Veja pelos gráficos que, enquanto a corrente demora um tempo curto para fluir pela região de aceleração a tensão se mantém por mais tempo.
Veja que esta defasagem faz com que ao se aplicar uma tensão ao componente a corrente ficar fora de fase. Assim, se a tensão correta for aplicada ao componente ele entra em oscilação podendo gerar sinais de frequências muito altas.
OUTROS TIPOS
Um componente derivado do diodo Impatt e com nome parecido é o Trapatt. O nome deste componente vem de Trapped Plasma Avalanche-Triggered Transit e consiste num diodo oscilador de microondas.
O Trappat ‚ formado por um diodo semicondutor numa cavidade coaxial ressonante. Quando devidamente polarizado ondas de alta frequência são emitidas dentro da cavidade.
Com a reflexão estas ondas realimentam o processo de emissão levando o dispositivo a oscilação.
USOS
A possibilidade de se usar este componente para gerar sinais na faixa de microondas de 3 a 100 GHz com muita facilidade sem a necessidade de muitos componentes o torna ideal para aplicações em alarmes, radares, equipamentos de telecomunicações que operem nesta faixa de frequências.
Para polarizar o diodo Impatt no ponto de funcionamento normalmente são exigidas tensões na faixa de 75 a 150 volts.
Um ponto importante que deve ser levado na sua aplicação é o elevado nível de ruído que aparece junto ao sinal devido ao processo de avalanche que ocorre no componente.