Fuzz-booster é um efeito para instrumentos de corda (guitarras, violão, etc.) que modifica o timbre do som através de uma distorção. Se o leitor tem um conjunto musical ou ainda toca algum Instrumento de corda e quer experimentar este efeito de uma maneira simples, a montagem de um fuzz-booster não apresenta muitas dificuldades.

Descrevemos neste artigo um circuito muito simples, baseado em configuração comercial, que proporciona o efeito de fuzz (distorção) e booster (reforço) para instrumento de cordas.

O circuito eletrônico pode ser intercalado entre a maioria dos instrumentos de corda e os amplificadores. As restrições ocorrem apenas em relação a determinados tipos de cápsulas cujas baixas impedâncias podem não casar com as características do circuito, exigindo-se então um pré-amplificador.

Alimentado por uma única bateria de 9 V ou então por 6 ou 8 pilhas pequenas, não recomendamos o uso de fonte pelo ruído que pode produzir, este aparelho é bastante compacto, possui baixo consumo de corrente e é muito fácil de usar.

A qualquer momento, por simples desencaixe dos plugues o leitor pode retirá-lo de funcionamento voltando seu instrumento à operação normal.

Alterações de alguns componentes permitem alterar o ganho do circuito em função de seu instrumento, e os ajustes de efeito são conseguidos em apenas dois controles.

 

CARACTERÍSTICAS:

Tensão de alimentação: 9 a 12 V

Consumo: 10 mA (tip)

Ganho: 1 000 vezes (tip)

Impedância de entrada: 10 k ohms

Impedância de saída: 5 k ohms

Sinal de saída: até 9 Vpp

 

COMO FUNCIONA

Um sinal puro tem uma forma de onda senoidal, conforme mostra a figura 1. instrumentos de corda não geram um som puro como este, mas normalmente seu timbre é tal que as formas de onda são bastante suaves, se aproximando bastante de uma senóide.

 

Figura 1 – Som puro
Figura 1 – Som puro

 

As diferenças são justamente fatores determinantes do timbre do instrumento, ou seja, o que permite diferenciamos notas iguais de um violão ou de uma guitarra, mesmo tendo as mesmas freqüências, conforme mostra a figura 2.

 

Figura 2 – Sons de timbres diferentes
Figura 2 – Sons de timbres diferentes

 

Veja então que, se modificarmos a forma de onda de um som gerado por uma corda vibrante de um instrumento musical, também modificamos o seu timbre.

A nota não muda, mas muda o modo como o instrumento soa e isso é um efeito importante para a música.

Um amplificador ideal não deve distorcer um sinal a ser reproduzido, e isso é válido para as caixas amplificadas, normalmente usadas com os conjuntos musicais.

No entanto, podemos introduzir circuitos amplificadores, nos sistemas que propositalmente causem deformações nos sinais, apenas de certos instrumentos, obtendo-se então o efeito fuzz.

Uma maneira simples de conseguirmos uma deformação é usar um amplificador que tenha um ganho tão alto que ele sature com um sinal, de modo a cortá-lo de determinada forma.

Assim, para um sinal senoidal, se ocorrer a saturação antes do sinal chegar ao máximo, teremos um 'achatamento' conforme mostra a figura 3 e, portanto, uma modificação de forma de onda ou timbre.

 

Figura 3 – Alterando a forma de onda
Figura 3 – Alterando a forma de onda

 

Outra forma de obtermos uma deformação é colocarmos no percurso do sinal, na sua saída, por exemplo, após o achatamento, uma rede RC que provoque uma queda exponencial, de tal forma que nova modificação seja conseguida, conforme mostra a figura 4.

 

Figura 4 – Usando uma rede RC para deformar o sinal
Figura 4 – Usando uma rede RC para deformar o sinal

 

O resultado final é então algo como uma forma de onda, e timbre completamente diferente do original, o que se traduz num efeito muito interessante.

No nosso projeto fazemos justamente isso. Um amplificador operacional do tipo 741 é usado para ampliar o sinal do instrumento, mas com um ganho tão grande (determinado por R2) que facilmente ocorre a saturação.

O ganho de 1 000 vezes do circuito, dado pela relação entre R2 e R1 facilmente leva o circuito a saturação, quando ajustamos P1 e com isso o recorte do sinal.

Na saída do operacional já temos um sinal deformado, mas ainda assim o passamos por um circuito RC que o torna ainda mais recortado, levando-o a uma saída com picos que tornam o efeito final muito interessante.

A intensidade de saída, para excitar o amplificador final sem alterações a partir daqui é obtida ajustando-se P2.

A alimentação vem de uma fonte simétrica (para que os dois semiciclos do sinal sejam amplificados com iguais características) obtida com o divisor formado por R4 e R5. Os capacitores em paralelo com estes resistores desacoplam a fonte.

 

MONTAGEM

Na figura 5 temos o diagrama completo de nosso aparelho de efeitos.

 

Figura 5 – Diagrama completo do aparelho
Figura 5 – Diagrama completo do aparelho

 

A placa de circuito impresso é bastante simples e pode seguir o layout da figura 6.

 

Figura 6 – Placa para a montagem
Figura 6 – Placa para a montagem

 

Para o circuito integrado sugerimos a utilização de um soquete DIL de 8 pinos e se a versão for estereofônica existe a possibilidade de termos dois canais de efeitos.

Um duplo operacional 741 como o MC1458 pode ser usado neste caso. Os potenciômetros P1 e P2 são comuns, tanto linear como log, e um deles pode incluir o interruptor geral S1. Os capacitores C1 e C2 podem ser cerâmicos ou de poliéster.

C3 e C4 podem ser eletrolíticos para 12 V de tensão de trabalho ou mais.

Os resistores são de 1/8 ou 1/4 W com tolerância a partir de 5% e para entrada e saída use jaques de acordo com os instrumentos e cabos que você trabalhar.

Em alguns casos, a utilização de caixa metálica será interessante para minimizar a captação de zumbidos.

Neste caso o terra da alimentação deve ser ligado à caixa para servir de blindagem.

 

PROVA E USO

Intercale o aparelho entre o instrumento e o amplificador como mostra a figura 7.

 

Figura 7 - Utilização
Figura 7 - Utilização

 

Ligue o amplificador e o circuito de efeitos. Toque e ao mesmo tempo e ajuste o controle até obter a modificação desejada de timbre. P1 dá ganho a deformação, enquanto que P2 ajusta a excitação do amplificador externo.

Se notar excesso de sensibilidade, altere R2. Este componente pode ter valores na faixa de 1 a 10 M ohms conforme o tipo de instrumento usado.

Para alterações mais profundas no timbre, altere C1 que pode ficar entre 10 e 68 nF tipicamente.

Comprovando o funcionamento é só utilizar o aparelho.

 

Cl-1 - 741 - amplificador operacional

P1 - 10 k ohms - potenciômetro

P2 - 4,7 k ohms – potenciômetro

S1 - Interruptor simples

B1 - 9 V ou 12 V - bateria ou pilhas

J1 e J2 - jaques de entrada e saída

R1, R4 e R5 -10 k ohms x 1/8 W- resistor (marrom, preto, laranja)

R2 - 10 M ohms x 1/8 W - resistor (marrom, preto, azul)

R3 - 100 k ohms x 1/8 W – resistor (marrom, preto, amarelo)

C1 - 56 nF (563 ou 0,056) - capacitor cerâmico ou de poliéster

C2 - 220 nF (224 ou 0,22) - capacitor cerâmico ou de poliéster

C3 e C4 - 10 uF x 12 V – capacitores eletrolíticos

Diversos: placa de circuito impresso, soquete para integrado, caixa para montagem, suporte para pilhas ou conector de bateria, jaques de entrada e saída, cabos de conexão ao amplificador, botões plásticos para o potenciômetro, fios, solda, etc.