Este artigo e projeto certamente está entre os de maior sucesso na história da Revista Saber Eletrônica. Publicamos na edição 74 de outubro de 1978, já com o anúncio da disponibilidade do kit. Neste artigo conto um pouco da história de sucesso deste projeto.

 


 

 

Não é preciso dizer que o artigo foi chamada de capa. Numa época em que estavam aparecendo os primeiro videogames, que eram caros e importados, a possibilidade de se montar seu próprio jogo era algo espetacular.

A história começa com nosso amigo Augusto de Macedo Costa, nos procurando na editora para analisar a possibilidade de ele fabricar um videogame interessante que ele havia conhecido nos Estados Unidos e desejava produzir aqui.

Me interessei. Abrimos o jogo americano e logo percebemos que não era tão simples. O jogo se baseava totalmente num microcontrolador AY-3-8500. Era um componente que já tinha tudo programado e não havia modo de se fazer um circuito igual com a mesma complexidade.

O Sr. Augusto então me perguntou se tendo em mãos AY-3-8500 seria possível fabricar o jogo. Analisei o circuito percebendo que sim, pois os componentes periféricos necessários eram absolutamente comuns.

Ele saiu então em busca do componente nos fornecedores e descobriu que ninguém tinha. Veio até mim perguntando onde ele era feito. Pelas informações, disse a ele que o componente era feito pela General Instruments em Singapura.

 

Figura 1 – O circuito integrado
Figura 1 – O circuito integrado

 

 

Augusto coçou então o queixo e foi embora.

Achei que tinha desistido, mas não. Para minha surpresa dois dias depois ele me telefonou.

- Newton, estou em Singapura. Comprei uma boa quantidade dos Cis. Vamos fabricar esse videogame.

Trouxe o Ci e comecei a ajudá-lo montando um protótipo que se negava a funcionar. A imagem saia torta na TV analógica sintonizada num canal livre.

Depois de algumas tentativas, descobrimos que havia um jumper que deveria ser utilizado no padrão de TV nosso, que é diferente do padrão original. Colocado o jumper o protótipo funcionou!

Nascia assim a Superkit, e com ela o primeiro de muitos kits que a Editora Saber vendou ao longo dos anos.

Tenho conversado com o Augusto. Ele até manifestou o desejo de voltar ao mercado de kits, mas é difícil em nossos dias, sendo pequeno, enfrentar a concorrência principalmente da China. Acabou de desistir.

Não podemos deixar de deixar a ele nossa homenagem por ter sido um dos pioneiros da venda de Kits em nosso país, muitos dos quais ajudei a projetar e divulgar através dos artigos da Revista Saber Eletrônica.

O kit tinha vários jogos:

- FUTEBOL

- TENIS

- PAREDÃO (DUPLA)

- PAREDAO (SIMPLES)

- TIRO AO POMBO

- TIRO AO PRATO

A comutação de um jogo para outro é feita por uma simples chave já que a montagem descrita permite a realização num único aparelho de todos os jogos.

No jogo mais apreciado, o tênis, cada jogador mexe sua raquete através de um joystick que nada mais é do que um potenciômetro. Ele deve movimentá-la de modo a interceptar a bolinha (um quadradinho que se move na tela).

Se ocorrer a rebatida a bolinha vai em direção ao campo adversário que deve interceptá-la. Se um dos jogadores não consegue, a bolinha passa direto, e o ponto é incrementado para o outro jogador. 

Para o jogo de tiro, uma arma era utilizada, sendo sua montagem dada em outro artigo de sucesso, ou ainda vendida em kit.

No artigo demos uma explicação detalhada do seu princípio de funcionamento como podemos ver pela figura 2 em que temos a formação da tela.

 

Figura 3 - A tela
Figura 2 - A tela | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Foram vendidos milhares de jogos tendo nessa época aparecido uma versão pronta da Philco e depois chegaram os Atari e outros que tomaram o mercado.

Alguns fatos curiosos merecem comentário.

Não é preciso dizer que milhares de pessoas se colocaram a montar o aparelho, muitos sem condições de empunhar um ferro de solar. Até alguns que se achando “experts” acabaram revelando que não era bem assim.

Lembro-me de um Sr, de certa idade, de boa aparência que muito bravo dizia que ia nos processar por vender um “kit que não funcionava” e ele trouxe sua montagem, dizendo que entendia de eletrônica e tinha feito tudo certo.

Ao nos mostrar a montagem tivemos de fazer muito esforço para não rir.

Os componentes estavam todos soldados por baixo da placa...

Precisamos de muita psicologia para lhe explicar que estava errado, mas reparando a má montagem, devolvemos o aparelho funcionando e ele se acalmou, ou melhor, percebeu a “mancada” e saiu sem dizer muita coisa.

Coisas por trás dos bastidores que os leitores não ficam sabendo...

Se você quer saber mais e até tentar a montagem ou reparo de um videogame que tenha achado em sucata, leia o artigo completo em TV Jogo Eletron (ART2735) e a TV Arma (ART2731).

Na internet temos visto a venda do circuito integrado se bem que não dadas as informações se é a versão original.