Da mesma forma que a eletrônica oferece recursos eletrônicos para a transmissão de conversas captadas por um microfone, ou ainda de imagens interceptadas de uma linha de vídeo, ela também oferece ao agente secreto circuitos para sua detecção.

Os grandes agentes que podem contar com milhares de dólares em equipamentos sofisticados, podem fazer uso de um analisador de espectro, que é um aparelho com a aparência mostrada na figura 1.

 

Figura 1 – Analisador de espectro
Figura 1 – Analisador de espectro

 

Este aparelho apresenta numa tela as intensidades dos sinais de rádio que estejam compreendidos entre duas frequências pré-selecionadas.

Se houver um transmissor forte ou próximo operando nesta faixa, seu sinal aparece e a sua frequência de operação é determinada.

Para o agente de menor posse, ou ainda que não possa contar com um equipamento volumoso e de difícil utilização, a solução está num detector de transmissores, que nada mais é do que um medidor de intensidade de campo.

Este aparelho, com a aparência mostrada na figura 2, também é usado para trabalhos de ajustes de transmissores, indicando quando o sinal irradiado tem máxima intensidade.

 

Figura 2 – O medidor de intensidade de campo
Figura 2 – O medidor de intensidade de campo

 

Um instrumento indicador é utilizado para mostrar, pelo movimento de sua agulha, quando nos aproximamos de algum transmissor escondido. Pela variação de seu sinal fica fácil localizar um transmissor de escuta que tenha sido colocado clandestinamente numa sala.

O aparelho que descreveremos consegue detectar pequenos transmissores escondidos numa sala com facilidade, operando numa faixa que vai dos 20 aos 300 MHz.

A alimentação é feita por meio de uma bateria que tem excelente durabilidade e que ajuda a se obter uma montagem bastante compacta para fazer parte do arsenal eletrônico do agente secreto.

O detetive que desejar impressionar o seu cliente não terá equipamento mais conveniente: retirando o instrumento da sua maleta ele fará uma “varredura” da sala, antes de iniciar uma conversa séria sobre um trabalho!...

 

COMO FUNCIONA

Os sinais emitidos por um transmissor podem excitar qualquer circuito, mas normalmente o circuito não responde a eles por estar sintonizado numa frequência diferente.

Assim, para detectar estes sinais e importante que o circuito seja aperiódico, ou seja, detecte e amplifique qualquer frequência.

Começamos pelo diagrama completo do detector de transmissores que é mostrado na figura 3.

 

Figura 3 – Diagrama do detector
Figura 3 – Diagrama do detector

 

No nosso caso, temos um amplificador com dois transistores sem sintonia alguma e que responde a sinais de uma ampla faixa de frequências.

Neste circuito, os sinais captados pela antena vão diretamente para o gate de um transistor de efeito de campo de junção, onde são amplificados. A polarização do gate desse transistor é feita pelos resistores R1, R2 e RS..

O sinal é amplificado um certo número de vezes pelo transistor de efeito de campo e levado à base de um transistor comum (bipolar) que é Q2, onde recebe nova amplificação.

Do emissor do transistor, os sinais são levados ao circuito detector já com boa intensidade.

O detector consiste no diodo D1, que retifica esses sinais, enquanto que XRF impede que a componente de alta frequência chegue ao indicador. Obtemos neste ponto uma tensão contínua cuja intensidade é proporcional à do sinal captado pela antena.

Esta tensão faz circular uma corrente pelo instrumento indicador, movimento a sua agulha de modo proporcional à sua intensidade.

 

MONTAGEM

Os componentes são fixados numa placa de circuito impresso conforme a disposição mostrada na figura 4.

 

Figura 4 – Placa para a montagem
Figura 4 – Placa para a montagem

 

O transistor de efeito de campo admite equivalentes como o MPF102, apenas devendo o montador observar as diferenças que existem na disposição de terminais para os diversos tipos.

Também existem equivalentes para o BC548, como o BC238, BC547, BC237, etc.

Os resistores são todos de 1/8 W e os capacitores devem ser cerâmicos do tipo disco de boa qualidade.

O choque XRF é do tipo comercial miniatura e valores entre 50 uH e 470 uH podem ser utilizados, mas na sua falta ele pode ser construído pelo montador. Basta enrolar de 50 a 100 voltas de fio esmaltado bem fino num palito de dentes ou mesmo num resistor de 100 k ohms x ½ W.

O diodo deve ser obrigatoriamente de germânio e o instrumento indicador é um microamperímetro de 0-50 uA ou próximo disso. A polaridade da ligação desse instrumento deve ser observada para que a agulha não deflexione “ao contrário” no caso de inversão.

A antena pode tanto ser um pedaço de fio rígido de 20 a 40 cm, como pode ser do tipo telescópica, caso em que a aparência do aparelho será muito melhor.

Na figura 5 mostramos como o instrumento pode ser montado numa caixa plástica do tamanho de uma saboneteira.

 

Figura 5 - Montagem
Figura 5 - Montagem

 

A bateria de 9 V é conectada ao circuito por meio de clipe apropriado, devendo ser observada a polaridade, pois se for invertida ele não funcionará.

 

PROVA E USO

Para testar o aparelho o leitor pode usar qualquer um dos transmissores descritos neste livro. Ligando o transmissor e aproximando o detector, a agulha deve deflexionar com seu sinal.

Mesmo com o transmissor escondido, a agulha deve deflexionar no sentido de detectá-lo quando for feita sua aproximação.

Para usar o aparelho basta ligar S1, esticar a antena a percorrer o local suspeito ficando atento para qualquer movimento anormal da agulha.

No caso de detectar um sinal, movimente-se no sentido de obter a indicação de maior intensidade até localizar o aparelho.

Encontrando um transmissor oculto procure não desarma-lo nem falar nada que acuse sua presença: continue conversando normalmente sobre outros assuntos.

Verifique pelo tipo de aparelho ou pela intensidade do sinal qual seria e possível alcance do transmissor e em função disso determine a distância possível em que estaria o receptor.

Saia da sala normalmente e imediatamente dê uma busca na região para localizar os possíveis operadores do receptor.

 

 

Semicondutores:

Q1 - BF245 - transistor de efeito de campo de junção

Q2 - BC548 - transistor NPN de uso geral

D1-1N34 ou equivalente - diodo de germânio

 

Resistores: (1/8 W, 5%)

R1 - 4,7 M ohms

R2 - 10 M ohms

R3 - 1 M ohms

R4, R5 - 12 k ohms

R6 - 1,2 k ohms

 

Capacitores:

C1 - 100 pF - cerâmico

C2 - 2,2 nF - cerâmico

CS - 100 nF - cerâmico

 

Diversos:

A - antena telescópica (ver texto)

S1 - Interruptor simples

XRF - 100 uH - choque de RF (ver texto)

B1 – 9 V - bateria

M1 - 0-50 uA - microamperímetro

Placa de circuito impresso, caixa para montagem, conector de bateria, fios, solda, etc.

 

 

Artigo Publicado originalmente em 1985