Conforme já explicamos, principalmente no artigo anterior (ART4162) podemos fazer montagens eletrônicas interessantes sem usar solda. Essas montagens experimentais e de desenvolvimento de projetos, conforme vimos se baseia na matriz de contatos. Mas, existem alguns tipos de montagens definitivas que podem ser feitas sem solda e que são simples o suficiente para despertar o interesse pelos novos makers. É delas que trataremos neste artigo.

ART1766S

Professores e instrutores de oficinas makers que pretendem ensinar tecnologia em suas escolas atendendo os requisitos da BNCC ou ainda do programa STEM, não precisam obrigatoriamente contar com um laboratório completo cheio de ferramentas e recursos caros e, principalmente com o tão temido ferro de soldar.

Como já explicamos em artigos anteriores, é possível fazer montagens interessantes, entrando no mundo maker sem usar ferro de soldar. A primeira alternativa dada foi o uso da matriz de contato. Mas existe uma outra que trataremos agora e que pode ser especialmente interessante para o público feminino.

Falamos dos wearables, ou falando português, os “vestíveis” que são dispositivos eletrônicos colocados em roupas e acessórios de uso pessoal tais como bonés, sapatos, cintos, colares, pulseiras e muito mais.

Recursos tecnológicos disponíveis a baixo custo, e a facilidade de se trabalhar com eles permite aos makers criar coisas interessantes e aos professores e instrutores criar oficinas muito atraentes onde a imaginação não tem limites.

Que tal colocar um LED piscante em seu boné ou ainda uma fila de LEDs que mudam de cores bordados em sua roupa? Esta é a possibilidade que se afigura para os makers do mundo dos vestíveis, graças a uma invenção simples, barata e fácil de usar: a linha de costura condutira.

Você a usa como uma linha comum, mas ela se comporta como um fio elétrico que pode ser usada para levar energia a um LED preso na sua roupa que então acende.

 

Figura 1 – A linha condutora
Figura 1 – A linha condutora

 

Você pode usá-la para costurar um LED numa roupa e fazer com que ele pisque quando ligado a uma fonte de energia, conforme mostra a figura 2.

 

Figura 2 – Usando a linha condutora
Figura 2 – Usando a linha condutora

 

 

Veja que você não precisa soldar a linha no circuito de controle ou no LED. Basta enlaçar e dar um nó.

Para ter um LED piscante existem alternativas. Usar o circuito que faça com que o LED pisque como, por exemplo com transistores ou o 4093 ou ainda com uma placa Arduino. Mas, a terceira alternativa, mais conveniente para quem está apreendendo é usar um LED que já tenha um pisca-pisca embutido.

Muitos sites na internet vendem o LED piscante a um preço muito baixo. Em que roupa colocar o LED, depende apenas da imaginação de cada um.

 

Tinta condutora

Outra forma de se fazer montagens simples sem a necessidade de solda é com o uso da tinta condutora ou condutiva, como também é chamada. Trata-se de um tinta que pode ser a base de grafite (carbono) ou de um sal de prata e que pode conduzir relativamente bem a corrente elétrica, conforme mostra a figura 3.

 

Figura 3 – Tinta condutora
Figura 3 – Tinta condutora

 

Dizemos relativamente bem a ponto de permitir a montagem de projetos simples. No entanto, existem projetos mais complexos que exigem um condutor muito melhor e que, portanto, não funcionariam bem com este tipo de condutor. Com esta tinta, podem ser adquiridas canetas especiais cujo traço que deixam num cartão ou folha de papel é condutor. Na figura 4 temos uma dessas canetas.

 

Figura 4 – Caneta com tinta condutora
Figura 4 – Caneta com tinta condutora

 

Não devemos confundir esta caneta com a caneta para fazer circuito impresso de que tratamos em outro artigo.

Um dos problemas desta caneta é que seu custo é ainda muito alto para ser usada em projetos comuns.

Uma terceira técnica para se realizar montagens didáticas ou experimentais muito simples sem usar o soldador é a que faz uso das barras ou ponte de terminais com parafusos. Essas pontes podem ser encontradas em lojas de materiais elétricos, eletrônicos e até mesmo as compradas pela internet. Na figura 5 mostramos duas delas.

 

Figura 5 – Barras de terminais isolados
Figura 5 – Barras de terminais isolados

 

 

A barra mostrada na parte superior tem muitos terminais, mas alguns tipos de plástico são menores e outras que são maiores podem ser cortadas facilmente com um estilete com a mostrada na parte inferior.

Na figura 6 mostramos como prender os componentes nessas barras apertando seus terminais com uma simples chave de fendas.

 

Figura 6 – Usando a barra de parafusos
Figura 6 – Usando a barra de parafusos

 

 

Evidentemente, trata-se de um recurso muito simples não servindo para montagens complexas. Para ensinar como acionar um LED, como controlar o brilho de um LED ou um motor com um potenciômetro, a montagem nesta barra se aplica.

 

Outras técnicas

Com o crescimento do interesse pelas montagens eletrônicas muitas empresas lançaram kits ou mesmo processos que facilitam a montagem de projetos, principalmente com finalidades didáticas.

A LEGO é uma delas e desde há muitos anos disponibilizou para escolas e pessoas interessadas kits para a montagem de diversos tipos de projetos envolvendo principalmente automatismo como robôs, guindastes, elevadores, pontes rolantes com peças no formato bem conhecido do jogo.

Essas peças possuem em seu interior circuitos ou componentes e recursos para fazer sua conexão e montagem por encaixe com a criação de diversos projetos, conforme mostra a figura 7.

 

 

Figura 7 – Robô LEGO para ensino de tecnologia
Figura 7 – Robô LEGO para ensino de tecnologia

 

Na figura 8 mostramos um kit vendido pela Amazon, justamente atendendo o projeto STEM de ensino de tecnologia das escolas americanas, semelhante ao a BNCC recomenda, com o qual é possível montar projetos baseado em microcontrolador (Arduino) por encaixe.

 

 

Figura 8 – Kit de encaixe Arduino
Figura 8 – Kit de encaixe Arduino

 

Na nossa opinião os kits de montagem completos sem a necessidade de soldagem ou outros recursos, como estes servem perfeitamente para trabalhos de iniciação em escolas abaixo da nona série do ensino fundamental.

Eles podem estimular os jovens a gostar pela tecnologia e depois partir para uma atividade em que o trabalho mais complexo usando solda, ferramentas apropriadas, placas de circuito impresso são usados. Estas são as ferramentas do verdadeiro maker depois deste estágio.

É claro que explorando na internet o leitor interessado pode encontrar muito mais.