O tema do ENEM deste ano para a redação foi bastante polêmico: educação de surdos no Brasil. Para nós que estamos no ramo da tecnologia, trata-se de um tema muito rico, pois pode nos levar a pensar nas soluções tecnológicas que podem ser adotadas para a educação de surdos. É justamente da possibilidade de usarmos tecnologia na educação de surdos que tratamos neste artigo.

Se o percorrermos nosso site não encontraremos apenas circuitos de ajuda auditiva e também artigos técnicos que tratam de aparelhos de surdez e suas tecnologias. Temos também algumas soluções interessantes como a do Sensi-Som (MA073) um simples recursos técnico, ao alcance de todos, que transforma sons em vibrações mecânicas que podem ser percebidas pelo tato. O deficiente auditivo pode então perceber pelos dedos as vibrações que ocorrem para cada som e associá-las ao som correspondente.

Podemos dizer que se trata de um simples recurso técnico que permite “ouvir pelos dedos” e que pode ser de enorme valia para a educação de surdos.

 

Uso de vibradores para transmitir sensações sonoras a deficientes auditivos.
Uso de vibradores para transmitir sensações sonoras a deficientes auditivos.

 

Partimos então do ponto em que para que possamos educar surdos não precisamos necessariamente que eles precisem ouvir.

O que eles precisam é ter meios de receber informações do mundo externo e interpretá-las de maneira eficiência de modo que possam processá-las e utilizá-las na sua formação.

Outra maneira, também explorada no mesmo artigo é transformar as vibrações correspondentes aos sons em tensões que possam estimular o sistema nervoso, como um leve formigamento, mas que tenha uma frequência correspondente ao som e que, portanto, possa ser processada pelo deficiente.

 

Uso de impulsos elétricos para se obter o mesmo efeito, mas com a excitação direta do sistema nervoso.
Uso de impulsos elétricos para se obter o mesmo efeito, mas com a excitação direta do sistema nervoso.

 

 

Mas não é apenas com a conversão direta do som em uma forma de estímulo que possa ser processado pelo deficiente usando outros órgãos sensoriais que seria útil na educação de surdos.

O ponto de partida que pode ser usado no desenvolvimento de equipamentos de novas tecnologias para ajudar na resolução do problema é criar uma interface que possa transferir para o deficiente informações numa forma que ele possa processar.

Quando tratamos de som pensamos apenas nesse tipo de vibração que se propaga pelo ar pensando em substituir o ouvido diretamente, como fizemos com os dois circuitos sugeridos anteriormente no nosso artigo.

No entanto, podemos ir além e pensar em interfaces que operem com informações que possam ser processadas pelo deficiente de forma diferente.

Podemos pensar em luz, imagens e até mesmo sinais elétricos aplicados ao cérebro.

 

Partindo do Celular

Os aplicativos que permitem ditar mensagens consistem num passo importante para interfacear os deficientes auditivos com o mundo exterior.

É claro que para uma aplicação com um deficiente não podemos pensar apenas numa pessoa ditando ao aplicativo para que o deficiente leia a mensagem como os que já existem e são usados por muitos jornalistas. Podemos ir muito além.

Um aplicativo que realmente integrasse esse deficiente ao mundo poderia incluir sons ambientes, por exemplo, colocando na tela um “bang” quando captasse um barulho de explosão, “Pac, Pac” quando captasse ruídos de bater na mesa, e até mesmo “miau” quando o gatinho da casa se manifestasse... Fica a ideia para os desenvolvedores de aplicativos.

O recurso dos óculos inteligente, um dos vestíveis integrados à internet que começa a se tornar popular, poderia incluir um desses aplicativos, colocando no canto da imagem o texto correspondente ao que alguém fala de forma clara.

E mais que, isso poderia até traduzir se os sons captados não forem na língua nativa do deficiente.

Outra possibilidade importante é que cada vez mais o cérebro humano está sendo explorado e algumas de suas características elétricas já começam a ser aproveitada em aplicações tecnológicas.

Sinais emitidos em determinadas condições já podem ser identificados e usados em comandos externos. O inverso também está sendo estudado e determinados tipos de estímulos já podem ser usados para comandos específicos.

O mesmo talvez ocorre em breve com a possibilidade de transmitirmos informações diretamente ao cérebro. Já exploramos isso em artigos como MA111 – Conexões Mentais, MA109 – Interfaces Cérebros Computador, MA105 – estados Superiores da Mente.

O fato é que a tecnologia está evoluindo de forma muito rápida e descobertas imprevisíveis podem levar a soluções até então impensadas sobre a possibilidade de se transferir informações diretamente ao cérebro sem a necessidade de se usar sons.