Na ocorrência de novas descobertas e de avanços muito rápidos da ciência, é comum que muitas pessoas tendam ir além da realidade e tentar aplicar os novos conhecimentos em campos que nem sempre tenham a ver com o assunto.

Neste caso é comum que descobertas da física, da química e mesmo de outras ciências sejam logo associadas a fenômenos e aplicações relacionadas com a saúde das pessoas, com fenômenos paranormais e outras aplicações que não têm comprovação imediata e ficam retidas em especulações.

O melhor exemplo disso temos na descoberta da radioatividade, quando Pierre Curie e Madame Curie, conseguiram isolar o elemento rádio a partir de uma grande quantidade de urânio, descobrindo assim a radioatividade.

 

Pierre Curie e Madame Curie
Pierre Curie e Madame Curie

 

A descoberta foi um grande impacto para a humanidade na época e o desconhecimento de sua natureza e principalmente de seus perigos, logo levaram a problemas que somente muito tempo depois foram detectados.

O primeiro, foi o fato de que os dois cientistas costumavam carregar um pedaço de rádio consigo, mostrando para as pessoas, sem cuidado algum, manuseando-os como qualquer objeto comum, sem se aperceber do perigo que a exposição à radioatividade levava;

Pierre Curie e Madame Curie morreram, certamente como se constatou, de exposição direta à radioatividade. Até hoje os materiais usados pelos cientistas estão contaminados, e no museu que inauguraram recentemente em Paris, tiveram de usar réplicas, pois os originais apresentam perigo potencial de radiação.

Mas, o pior é que diante da nova descoberta, quando se verificou que micróbios e outros organismos expostos a radiação eram mortos. E aí começaram os problemas que são comuns.

Se os micróbios são mortos pela radiação então podemos usá-la para curar as pessoas. Basta ingerir um material radioativo e os micróbios que nos infestam e de doenças perigosas são mortos...

Com esta falsa ideia, sem levar em conta de que também somos seres vivos e portanto afetados, espertos comerciantes criaram um “xarope de urânio” que começaram a vender, sem prescrição médica alguma, aos incautos.

No interior dos Estados Unidos, era comum que carroções percorressem as cidades com espertalhões vendendo “elixir que cura tudo” e dentre eles, o perigoso xarope.

Não se sabe quantas pessoas morreram pelo uso de tal xarope, mas fica o alerta...

 

Água radioativa que “curava tudo” vendida no começo do século
Água radioativa que “curava tudo” vendida no começo do século

 

Até mesmo laboratórios de física atômica para se brincar com radioatividade foram vendidos, sem se perceber o perigo que representavam.

 

“Kit” para fazer experiências com materiais radioativos em casa...
“Kit” para fazer experiências com materiais radioativos em casa...

 

A física quântica passa hoje por um fenômeno semelhante quando pessoas fazendo interpretações errôneas ou não comprovadas, tentar atribuir a seus fenômenos propriedades duvidosas, como a cura por exercícios, alimentação especial, práticas exotéricas e muito mais.

É preciso ter cautela. Estamos num estágio semelhante ao da descoberta dos Curie: conhecemos muito pouco para podermos dizer que podemos controlar ou usar fenômenos quânticos com precisão.

Agora, com a comprovação da existência do bóson de Higgs, logo teremos interpretações que podem levar a ligar esta partícula a muitos fenômenos, que nem sequer têm ainda explicações comuns, quanto mais de uma profundidade que poucos ousam discutir.

Quem fala sobre este assunto, em geral, não passaria num exame de física numa universidade e falha ao tentar fazer suas explicações, até mesmo nos conceitos mais simples da física clássica, quanto mais da relatividade.

O mais comum é confusão que fazem em relação ao conceito de “energia” palavra muito usada nos círculos paranormais, com um significado que nada tem a ver com a física acadêmica.

Gostamos bastante deste assunto, e até participamos de entidades que pesquisas paranormais, dando recursos técnicos para a pesquisa, mas somos muito cautelosos ao dar explicações aos fenômenos.

Diz a física que um fenômeno pode ser explicado quando a nossa explicação permite sua reprodução (método científico) e sempre levamos isso em conta.

Cautela, mais uma vez é o que recomendamos. Vamos estudar? Sim, mas com bases científicas muito bem estabelecidas.