Escrito por: Newton C. Braga

Mais alguns problemas que podem ocorrer com equipamentos transistorizados serão abordados nesta seção. Reparos, ajustes, soluções para pequenos problemas serão dadas com a finalidade de preparar o leitor para uma atividade profissional na reparação de equipamentos, ou simplesmente consertar seus próprios aparelhos.

Obs.; Este artigo é de 1985 quando eram comuns os aparelhos citados no texto.

 

Um dos problemas que ocorrem com gravadores e toca-discos de baixo custo é a perda da qualidade de reprodução depois de certo tempo de uso, devida principalmente ao desgaste da cabeça gravadora, à sujeira e, no caso dos toca-discos, o desgaste ou deterioração da cápsula.

No caso dos gravadores, o problema da sujeira evidencia-se com a perda da capacidade de reprodução dos agudos e depois com uma que da de sensibilidade, ou seja, o som vai tornando-se cada vez mais baixo.

No caso dos toca-discos, a perda de sensibilidade traduz-se também numa distorção leve primeiramente e depois na queda do volume.

Para os toca-discos a solução única é a troca da cápsula. Para os gravadores e toca-fitas, entretanto, em casos em que o problema se deve à limpeza, esta pode ser feita com facilidade, solucionando o problema.

Vejamos como proceder em todos estes casos:

 

1. LIMPEZA DE CABEÇAS GRAVADORAS

O contacto da fita com a cabeça gravadora (e apagadora também), como mostra a figura 1, faz com que poeira e partículas de metal se acumulem justamente na parte sensível do elemento.

 

Figura 1 – Limpeza de cabeças
Figura 1 – Limpeza de cabeças

 

Deste modo, o campo magnético que deveria ser “captado" pela cabeça gravadora, a partir da fita que contém a informação gravada, é distorcido ou completamente desviado. (figura 2)

 

Figura 2 – Sujeira na cabeça
Figura 2 – Sujeira na cabeça

 

O resultado é a distorção na reprodução ou então a perda de sensibilidade.

A limpeza da cabeça gravadora pode ser feita com a ajuda de um cotonete (palito envolto por algodão) molhado em álcool isopropílico.

Passando várias vezes o algodão na parte central da cabeça, podemos remover toda a sujeira e com isso devolver ao gravador toda a sua sensibilidade. (figura 3)

 

Figura 3 – Limpando a cabeça
Figura 3 – Limpando a cabeça

 

Se, com este procedimento, não conseguirmos devolver a sensibilidade ao gravador, o problema pode estar no próprio desgaste da cabeça gravadora.

 

2. DESGASTE DE CABEÇAS E SUBSTITUIÇÃO

O atrito constante da fita com a cabeça gravadora pode levar esta última a um desgaste que prejudicará seu funcionamento.

Distorção e falta de sensibilidade são alguns sintomas apresentados por uma cabeça de leitura gasta. (figura 4)

 

Figura 4 – Desgaste de cabeça
Figura 4 – Desgaste de cabeça

 

No caso em que se notar sinais evidentes de desgaste de uma cabeça gravadora, deve ser feita sua substituição.

Na figura 5 temos a maneira como uma cabeça é tipicamente fixada num gravador, através de dois parafusos philips.

 

Figura 5 – Fixação da cabeça
Figura 5 – Fixação da cabeça

 

Para um gravador estereofônico, a cabeça terá quatro fios de ligação que correspondem aos dois canais.

São então ligados estes fios da seguinte maneira: dois deles são interligados, correspondendo à blindagem do fio de ligação. Os outros dois vão aos condutores centrais do cabo de ligação, correspondendo um a cada canal.

Ao fazer a substituição, o montador deve anotar o tipo de cabeça usada, marcando seu número, e também a disposição dos fios de ligação que devem ser dessoldados ou então terem os pinos de conexão retirados.

Colocando a cabeça nova, sua posição deve ser ajustada experimentalmente para se obter a melhor reprodução. O ajuste é feito através dos parafusos de fixação.

 

3. CÁPSULAS FONOGRÁFICAS

As cápsulas que possuem agulhas denominadas permanentes têm vida limitada, de modo que, depois de certo tempo, o desgaste da agulha causa problemas de reprodução.

Estes problemas podem ser os seguintes:

A agulha corre transversalmente sobre o disco, por estar bastante gasta e não poder acompanhar mais os sulcos do disco.

Ocorre distorção pelo desgaste, pois a agulha não pode penetrar no sulco até a posição que permitiria a captação de toda a faixa audível.

Ocorre a falta de sensibilidade pelo mesmo motivo anterior ou ainda pela deterioração do elemento sensível no seu interior.

Em todos os casos analisados a solução é única: a troca da cápsula por outra igual ou equivalente.

As cápsulas possuem também 4 fios de ligação nos aparelhos estereofônicos e dois nos aparelhos monofônicos. (figura 6)

 

Figura 6 – Cápsulas fonográficas
Figura 6 – Cápsulas fonográficas

 

Ao fazer a troca, deve-se anotar a posição destes fios, conforme sugere a figura 7.

 

Figura 7 – Posições dos fios
Figura 7 – Posições dos fios

 

Veja que na versão estereofônica temos dois fios comuns que vão ligados à malha (condutor externo) do cabo blindado. Os outros dois são separados e correspondem um a cada canal.

 

4. RONCOS E RÁDIO RECEPÇÃO

Em alguns casos de "defeitos", os toca-discos de baixo custo ou fonógrafos podem em certo tempo apresentar roncos ou até mesmo a captação de estações de rádio!

De fato, se houver a interrupção do fio de blindagem (malha) ou um mau contacto, o ronco de 60 Hz da rede de alimentação pode penetrar no circuito e ser amplificado. O resultado será um “ronco" contínuo no alto-falante, mesmo quando o braço do toca-discos está fora do disco. (figura 8)

 

Figura 8 – Captação de estações
Figura 8 – Captação de estações

 

Se o leitor residir em cidade que exista estação de rádio forte, ou morar perto da antena transmissora, o sinal desta estação pode "penetrar" pelo cabo mal blindado e ser reproduzido no alto-falante.

Deixando o braço do toca-discos na posição de repouso e -abrindo o volume do amplificador, você ouvirá claramente a estação de rádio ”intrometida".

E, o que fazer neste caso?

Se o seu toca-discos ronca demais, o primeiro ponto a ser verificado é se a ligação da malha do cabo que vai ao braço está perfeita, e se, no interior do aparelho, sua ligação ao chassi está correta.

Se existir um jaque de ligação ao amplificador, veia se a malha está bem soldada no local indicado na figura 9.

 

Figura 9 – Ligação do plugue
Figura 9 – Ligação do plugue

 

Se tudo estiver em ordem, tente inverter a ligação da tomada do amplificador, ou seja, gire-a meia volta. (figura 10)

 

Figura 10 – Girando a tomada
Figura 10 – Girando a tomada

 

Se ainda o ronco persistir, como solução pode-se fazer uma blindagem interna ao toca-discos, utilizando-se para isso uma folha de alumínio que deve ser aterrada, ou seja, deve ser ligada ao negativo da fonte. (figura 11)

 

Figura 11 – Usando uma blindagem
Figura 11 – Usando uma blindagem

 

Se nada disso der certo, desligue o braço do toca-discos do amplificador. Se o ronco persistir, sua origem está no próprio amplificador. Verifique os capacitores de filtragem da fonte, em primeiro lugar, e as blindagens dos cabos que vão aos potenciômetros de volume e tonalidade, se existirem.