Um instrumento simples, mas de grande utilidade para quem trabalha com circuitos de RF é o Dip Meter ou Grid Dip Meter, como também era conhecido nos tempos das válvulas. Veja neste artigo o que ele é e como usá-lo.

O dip-meter teve sua origem em 1947 (quando se publicou pela primeira vez um circuito oscilador utilizando a válvula triodo) e que podia ser usado para verificar a ressonância de circuitos, conforme configuração mostrada na figura1.

 

   Figura 1 – O grid-dip meter
Figura 1 – O grid-dip meter

 

Este circuito oscilador possuía um instrumento medidor de corrente ligado a grade (grid) da válvula para monitorar a corrente neste elemento.

Quando o circuito oscilador era colocado nas proximidades de um circuito que ressonava na sua frequência, ou então de um oscilador que operava na sua frequência, ocorria uma absorção de energia que afetava a corrente de grade, o que imediatamente era indicado pelo medidor.

Desta forma, bastava aproximar o aparelho dos circuitos analisados e verificar o que ocorria com a corrente de grade.

Como eram utilizadas válvulas e as válvulas possuem grades de controle (grid), o circuito foi chamado de “grid-dip meter” ou medidor de mergulho de grade, já que a corrente neste elemento, “mergulhava” diminuindo acentuadamente de valor.

Atualmente, os mesmos circuitos podem ser elaborados utilizando componentes modernos comuns como os transistores bipolares e os transistores de efeito de campo.

É claro que já não teremos os “grid-dip meters” mas sim, dip-meters, porque podemos continuar medir a corrente que cai na ressonância, se bem que não seja na grade, mas sim em outro elemento do circuito.

Para um transistor NPN podemos ter um circuito como na figura 2.

 

   Figura 2 – Dip meter transistorizado
Figura 2 – Dip meter transistorizado

 

Com um BF494 ou BF495 ou ainda 2N2222 podemos trabalhar com frequências na faixa de uns 10 MHz até mais de 200 MHz.

A frequência de operação é determinada pela bobina e pelo ajuste do capacitor variável.

Na figura 3 temos o aspecto de um dip-meter, observando que ele possui um conjunto de bobinas para diversas faixas de frequências, as quais são encaixadas quando precisamos delas.

 

   Figura 3 – Um dip-meter montado
Figura 3 – Um dip-meter montado

 

Para uma construção caseira deste aparelho, a calibração pode ser feita com base nas escalas de um rádio de ondas curtas comuns ou de um receptor de FM.

A utilização deste aparelho é muito simples: colocamos a bobina que deve cobrir a faixa desejada e a aproximamos do circuito em que desejamos verificara ressonância ou oscilação.

Giramos vagarosamente o variável CV até que a agulha do instrumento indicador mostre uma queda da intensidade da corrente.

Neste momento, basta ler na escala calibrada a frequência de oscilação ou ressonância do circuito.

Na figura 4 temos uma versão com transistor de efeito de campo.

 

   Figura 4 – Circuito com JFET
Figura 4 – Circuito com JFET

 

O choque de 1 mH pode ser enrolado com 120 a 150 espiras de fio esmaltado bem fino (32 ou 34) num resistor de 100 k x ½ W ou mesmo num palito de fósforo.

O transistor usado é o BF245, mas equivalentes como o MPF102 podem ser utilizados.

Neste caso também temos a possibilidade de trocar as bobinas que devem formar um jogo que vai de 100 kHz a 100 MHz.

Para 100 kHz enrole 200 espiras de fio 25 num tubo de 1,5 cm de diâmetro sem núcleo.

A tomada será feita em todas as bobinas a 1/4 das espiras a partir do lado de terra.

Podemos dizer que o grid-dip meter substitui em muitas aplicações um frequencímetro comum, principalmente quando analisamos circuitos nas faixas de VHF e µHF.

A principal vantagem em relação ao frequencímetro está no fato de podermos determinar a frequência de ressonância de um circuito desligado (bobina em paralelo com capacitor).

Outra vantagem está na sensibilidade que é maior do que a dos frequencímetro comuns.

Que tal montar seu grid-dip meter agora?