Escrito por: Newton C. Braga

Eis um tema polêmico, que diante dos avanços rápidos da tecnologia, está deixando de ser proibido dentro da ciência oficial e passando a fazer parte não só das pesquisas dos centros mais avançados, mas centro de discussão de diversas área. A perspectiva de termos criaturas baseadas no silício e não na química do carbono como nós é assustadora, mas ao mesmo tempo fascinante. Neste artigo vamos discutir um pouco mais sobre esses assunto.

Nos anos 60, quando ainda era estudante, um livro russo me fascinou. De fato, na época, além de estudar física, fazia pesquisas em biônica e participava de um grupo de discussões cujo tema central era o insólito. A APEX, associação de pesquisas exológicas, discutia desde OVNIS, até a comunicação entre as plantas e os fenômenos paranormais.

O livro tratava justamente do longo caminho que levou a natureza chegar até nós, e que não parava por aí. A vida poderia continuar evoluindo e mais, passar por uma transição que talvez mudasse totalmente tudo, e é claro ao nosso modo de pensar agora quando tomamos consciência de que isso poderia realmente ocorrer.

O livro “A Origem da Vida” de A. Oparin, especulava que a vida não necessariamente poderia se basear apenas no carbono.

 

Aleksandr Oparin
Aleksandr Oparin

 

 

O Livro Origem da Vida.
O Livro Origem da Vida.

 

 

Segundo o autor, o carbono é a única substância que pode originar cadeias complexas, apresentando a capacidade de se autorreproduzir em temperaturas baixas, especificamente na faixa em que a água permanece líquida podendo então atuar como catalisador.

No entanto, existe uma outra substância que poderia dar origem a estruturas complexas, mas isso não ocorreria nas temperaturas baixas, o que impede que ela seja origem da vida de modo natural em nosso universo.

Trata-se justamente do silício, que é uma das substâncias mais abundantes em nosso universo.

No entanto, estamos vendo que se o silício não pode dar origem a formas vivas naturais, ele pode perfeitamente ser a base para a criação de formas vivas artificiais, criadas justamente pelas formas de vida naturais que somos nós.

Ao longo dos anos, com o desenvolvimento cada vez maior da física e da tecnologia dos semicondutores, justamente baseada no silício, estamos sentindo que isso realmente pode estar acontecendo agora..

É claro que não vamos ver repentinamente criaturas como o Dr. Data do filme Jornada nas Estrelas entre nós. Criaturas completas com inteligência e muito mais, elaboradas de forma imediata.

O processo deverá ser gradual e é justamente o que estamos presenciando.

Uma das possibilidades vem justamente do que já estamos observando em nossos dias que é a aproximação cada vez maior da tecnologia eletrônica em relação aos seres vivos.

Antigamente, quando a eletrônica ainda estava nos seus primeiros dias, ela era uma curiosidade, uma espécie de “magia” muito longe do público comum.

O próprio rádio que dava seus primeiros passos eram manuseados apenas pelos seus proprietários e numa casa, outras pessoas, os “leigos” não podiam tocar em seus controles. Havia um toque de magia nestes equipamentos que criava uma barreira entre os usuários e eles.

Isso, com o tempo foi desaparecendo e logo a tecnologia, ainda das válvulas criou outros equipamentos.

Numa fase seguinte os equipamentos já passaram a interagir mais com as pessoas sendo criados os walk-talkies e outros que chegavam a um número maior de usuários.

Com a chegada do transistor e do circuito integrado, a eletrônica passou a ser levada pelas pessoas, numa integração maior, onde o equipamento não mais pertencia à casa e não a pessoa. Foram os rádios transistorizados, gravadores portáteis e as calculadoras que se tornaram populares.

Com o avanço de tudo isso chegamos aos chips integráveis nas mais diversas coisas, dando origem a IoT, a IoM (Internet das Coisas Médicas) e com isso a entrada no corpo humano.

Paralelamente a tudo isso, os próprios chips passaram a integrar uma quantidade tão grande de componentes que recursos de inteligência artificial passaram a ser integrados.

Mas, isso tudo ainda está longe do que se pode denominar vida, mas o caminho estava sendo traçado.

Já em 1968 escrevi um artigo falando de circuitos que se “auto-reparam” o que pode ser considerado um recurso dos seres vivos, em que eles reproduzem células danificadas, por exemplo, para curar um ferimento.

Ora, isso é uma das características dos seres vivos que, repentinamente poderá ser integrada nos circuitos, partindo para o que seria um chip que pode se “curar” de um defeito.

Outra característica dos seres vivos que deve ser considerada é a reprodução. Um chip ou um equipamento eletrônico não pode, por si só, se reproduzir, mas pode ser reproduzido por outros equipamentos eletrônicos.

Talvez essa seja uma das características da vida artificial do futuro que a diferenciará da vida de carbono. Sua reprodução é artificial, feita por máquinas.

No entanto, ela integrará os recursos da inteligência artificial e da auto-reparação e é claro a possibilidade dela mesmo determinar sua reprodução, controlando-a.

É claro que existem os aspectos mais profundos a serem discutidos, como o que envolve o que denominamos “alma” ou “espírito”.

Os pesquisadores que tratam desse assunto relativamente aos seres humanos estão fazendo muitas descobertas importantes que indicam uma convergência da ciência com as chamadas “paraciências” ou mesmo com as religiões e um assunto interessante é justamente o que envolve o assunto “alma” e “mente”.

Alguns estudos, ainda em fases iniciais parecem indicar que nossa mente tem recursos de computação quântica que envolveriam contatos com outras dimensões ou através de outras dimensões.

Isso explicaria coisas como a consciências e algumas habilidades que temos que não poderiam ser explicadas somente pelo número de neurônios que possuímos e pela sua quantidade.

Existiriam estruturas nos neurônios capazes de nos dotar de capacidades “extras” que não podem ser explicadas da forma convencional.

Com o avanço da nanotecnologia, estas estruturas poderiam ser agregadas a chips de vida artificial e, pelo menos no momento, não podemos prever como eles se comportariam em relação ao assunto mente ou alma.

É algo muito intrigante, mas a ciência avança e fica muito difícil prever se tudo isso é apenas uma especulação ou se estamos no caminho para que se torne realidade.

Fica por conta de todos pensar no assunto. Voltaremos com essas questões à medida que as pesquisas avançam e que nosso conhecimento sobre esses problemas que deixam o terreno da tecnologia e avança por outras áreas bastante complexas como as que envolvem filosofia, religião e muito mais.