Eis aqui uma montagem assustadora! E também para assustar os outros, é claro. Um aparelhinho que você pode esconder no quarto de alguém nas noites de tempestade (Brrr!) ou ainda naquela casa mal-assombrada que a turma gosta de explorar e, quando acioná-lo, produzir um verdadeiro pânico! Uma risada estridente, eletrônica, como de uma bruxa cibernética!

São muitos os leitores que nos escreveram sugerindo montagens de coisas para “assustar" os outros.

Sabemos que estes leitores não são “anjinhos", muito pelo contrário, já que um bom susto nos outros é realmente algo que só mesmo os monstrinhos gostam, mas como também podemos nos classificar neste segundo grupo, aqui vai a “coisa".

Nota: na época não existiam os recursos tecnológicos de hoje, pois o artigo foi escrito em 1985. Hoje, para designar esses “anjinhos” existe um termo inglês que está sendo muito usado: evil genius ou “geninho malvado”. Ficam então muitos de nossos projetos para os nossos leitores que se enquadram na categoria dos evil genius.

 

O que descrevemos é um “sintetizador" eletrônico de risada, que imita, dentro das suas limitações, a risada estridente de uma bruxa, isso com meios totalmente próprios.

Alimentado por pilhas e instalado numa caixinha, este aparelho pode ser facilmente escondido em qualquer lugar e acionado remotamente por meio de fios, ou mesmo sem fios, como explicaremos também. (figura 1)

 


 

 

O volume do som é bastante bom, servindo perfeitamente para assustar quem quer que seja, como sugerimos na introdução.

Os componentes usados nesta montagem podem ser encontrados com certa facilidade em casas especializadas e alguns deles até aproveitados da sucata.

 

COMO FUNCIONA

Uma risada estridente de bruxa tem de ser bem aguda e também tremulante, para não dizer “bruxuleante”, o que seria pleonasmo! Partindo disso, elaboramos dois osciladores que são interligados conforme mostra a figura 2.

 


 

 

O primeiro é um oscilador de relaxação que utiliza transistor unijunção, componente já conhecido de quem montou a Buzina Cósmica do número 3.

Este oscilador produz as tremulações de baixa frequência, ou seja, as variações de tom que caracterizam a risada. A velocidade destas variações é dada por dois componentes no circuito principal, o capacitor C2 e o resistor R2. Se o leitor quiser uma risada mais rápida pode diminuir R2 para 12 k ou mesmo 10 k, e se quiser uma risada mais lenta pode aumentar C2 para 22 µF.

O segundo é um oscilador de áudio que produz o som agudo que caracteriza o que seria o riso de uma bruxa. A frequência deste oscilador, que usa transistores comuns, depende de C4. Valores maiores, como 33 nF ou mesmo 47 nF, permitem obter ligeira mudança no timbre, tornando o riso mais grave.

É uma experiência que o montador deve fazer.

O controle de um oscilador sobre o outro é dado por R4 e também por C3. Com estes componentes o leitor também pode fazer experiências interessantes.

Um valor maior de R4, por exemplo, fornece som mais grave, e uma mudança de C3 para valores como 22 µF ou mesmo 47 µF fazem com que a risada se modifique na forma (variações).

O circuito é alimentado por 4 pilhas pequenas e seu consumo é relativamente baixo, o que garante boa durabilidade para as mesmas.

Os componentes usados na montagem admitem diversas equivalências e até o aproveitamento da sucata.

Da sucata, por exemplo, pode ser aproveitado o alto-falante (tirado de um velho rádio), a barra de terminais que serve de chassi, todos os resistores e todos os capacitores.

Os transistores podem ter os equivalentes indicados na lista de material

Apenas o 2N2646 é que não deve ser substituído por equivalentes, pois pode não ocorrer oscilação.

 

MONTAGEM

Na figura 3 damos o circuito completo do aparelho, com os valores da nossa versão básica.

 


 

 

Uma ponte de terminais é usada como chassi, se bem que os leitores que tenham conhecimentos (que daremos em breve, também) possam fazer a montagem em placa de circuito impresso ou matriz de contatos. (figura 4)

 


 

 

São os seguintes os principais cuidados que devem ser tomados com os componentes durante a montagem:

a) Observe com muito cuidado a posição do transistor unijunção 2N2646, que tem um pequeno ressalto que deve ficar, como no desenho, para a esquerda e para cima.

b) Cuidado para não confundir os transistores Q2 e Q3, que são NPN do tipo BC548, BC547, BC238 ou BC237, com o transistor Q4, que é PNP e que pode ser o BC557, BC558 ou equivalente. Veja a posição com o lado chato para cima.

c) Para os capacitores eletrolíticos (C1, C2) deve-se observar a polaridade. A marcação de C4 pode ser 223 ou .022. Se for de poliéster, as três primeiras faixas serão vermelha, vermelha e laranja.

d) Os resistores podem ser de qualquer tamanho, desde que tenham os valores indicados na lista. Para uma montagem mais compacta, se os for comprar, use de 1/8 W.

e) O suporte de pilhas tem polaridade que é dada pelas cores dos fios e são usados dois interruptores. S1 é um interruptor de pressão que serve para disparar a risada. Para um disparo remoto, o fio de ligação deste interruptor pode ser longo (até 10 metros). Já S1, que é um interruptor simples, pode até ser eliminado, numa versão econômica. É só não esquecer de tirar as pilhas do suporte quando o aparelho estiver fora de uso.

f) A ligação do alto-falante será feita por dois fios e ele pode ser de qualquer tipo.

Todo o conjunto pode ser instalado numa caixinha como sugere a figura 5.

 


 

 

Para testar e usar o aparelho é simples:

 

PROVA E USO

Coloque as pilhas no suporte e aperte S, depois de ligar S1, se for usada. O aparelho deve emitir o som semelhante a uma risada.

Se algo ocorrer de forma diferente, verifique a montagem. Confira todos os componentes.

Se quiser modificar o comportamento do aparelho, veja nos itens referentes ao funcionamento como fazer.

Se o leitor quiser algo mais “sofisticado" usando, por exemplo, um dos muitos controles remotos simples que temos no nosso site (WWW.newtoncbraga.com.br) na figura 6 temos o modo de se ligar ao relé.

 


 

 

Toda vez que você apertar por poucos segundos o interruptor do transmissor, o relé do receptor será acionado, fazendo as vezes de S, que disparará a risada.

Neste caso o receptor deve estar previamente ligado, assim como interruptor S1 da Risada da Bruxa, se for usado.

A antena do receptor deve ficar na posição vertical, e o alcance do sistema, em condições favoráveis, chegará aos 50 metros.

Uma brincadeira de “assustar” pode ser feita com a colocação do aparelho numa caixa e o acionamento da resida em seu interior por controle remoto.

Obs.: o autor usou seu protótipo no natal, colocando o circuito numa caixa sob a árvore de Natal. Ele era acionado por um controle remoto em seu bolso sempre que as crianças se aproximavam da árvore...

 

Q1 - 2N2646 - transistor unijunçá'o

Q2, Q3 - BC548 ou equivalente (BC547, BC237, BC238)

Q4 - BC558 ou equivalente (BC557, BC307, etc.)

FTE - alto-falante de 8 Ω

S - interruptor de pressão (botão de campainha)

S1 - interruptor simples

B1 - 4 pilhas pequenas – 6 V

R1 - 47 Ω x 1/8 W - resistor (amarelo, violeta, preto)

R2 – 15 k x 1/8 W - resistor (marrom, verde, laranja)

R3 – 10 k x 1/8 W - resistor (marrom, preto, laranja)

R4 – 22 k x 1/8 W - resistor (vermelho, vermelho, laranja)

R5 - 1 k x 1/8 W - resistor (marrom, preto, vermelho)

C1 - 220 µF x 6 V - capacitor eletrolítico (podem ser os eletrolíticos para 6V ou mais)

C2, C3 – 10 µF x 6 V - capacitores eletrolíticos

C4 - 22 nF (223) - capacitor cerâmico ou de poliéster

Diversos: ponte de terminais, fios, solda, suporte para 4 pilhas pequenas, etc.