Escrito por: Newton C. Braga

Na nossa seção de válvulas (que tem os artigos iniciando pela letra V), temos uma enorme quantidade de circuitos das mais diversas épocas. Muitos deles ainda podem ser montados, desde que se obtenham os componentes em lojas especializadas, e até servem de orientação para recuperação de aparelhos antigos por colecionadores. Algumas dicas de como trabalhar com estes circuitos são dadas neste artigo.

A eletrônica evoluiu muito com a criação constante de novos componentes, principalmente transistores e circuitos integrados. Da mesma forma, componentes tradicionais como resistores, capacitores e outros também sofreram modificações, mantendo, entretanto, suas funções.

Assim, os montadores e recuperadores de equipamentos antigos podem ter dificuldades na hora de substituir um componente antigo ou mesmo adquirir um de determinada especificação para um projeto.

A seguir damos algumas dicas importantes que facilitam o trabalho, não só de valvulados antigos como também de circuitos antigos com transistores, quando esses componentes ainda eram pouco comuns.

 

Valores de Componentes

Um primeiro problema que surge para o montador ou recuperador de equipamentos valvulados antigos está nos valores dos componentes.

Na época das válvulas não havia a padronização de valores de componentes como a de hoje em que temos sequências como 10,15, 22, 33, 47, etc para resistores e capacitores (E6, E12 e E24).

Era comum o uso de valores inteiros para os componentes.

Assim, em lugar de 22 k era comum termos 20 k ou 20 000 Ω para um potenciômetro o resistor. Da mesma forma em lugar de 220 nF era comum termos 0,.2 µF. Para potenciômetros o valor usado era 500k em lugar dos 470 k de hoje e para os eletrolóticos encontrávamos 50 µF nas fontes em lugar de 47 µF que é o valor padronizado.

No entanto, tais componentes tinham uma tolerância muito grande. Assim, numa eventual recuperação de um valvulado antigo nada impede que em lugar de um potenciômetro de 500 k do projeto original seja usado 470 k e no lugar de um capacitor de 0.2 µF seja usado um de 0.22 ou 220 nF.

Também observamos que as válvulas eram alimentadas por 6,3 V no caso dos tipos de 6 começando com 6 no tipo 6AU6, 6AV6, etc. Nada impede que num projeto façamos a alimentação com 6 V exatos, sem termos problemas sensíveis com isso.

 

Tipos

Hoje contamos com uma boa quantidade de tipos de componentes, tais como resistores e capacitores.

Para os resistores era comum o tipo de carbono e fio com aspectos como o mostrado na figura 1.

 

Figura 1- Resistores antigos
Figura 1- Resistores antigos

 

Esses resistor tinham um código de leitura do tipo “cabeça, pinta, corpo” em lugar dos anéis. Eles podem ser substituídos pelos convencionais atuais de mesma dissipação.

Observamos que na maioria dos casos, trabalhando com altas tensões os resistores tinham uma dissipação razoável. Pelo tamanho, podemos ter uma ideia da dissipação do substituto atual. O mesmo vale para os resistores de fio que em alguns casos eram bastante grandes. O importante é manter o valor e a dissipação.

Para os capacitores, nos tempos das válvulas haviam 4 tipos principais em uso.

Os de mica eram usados em circuitos de RF tendo a aparência mostrada na figura 2.

 

 

Figura 2 – Capacitores de mica
Figura 2 – Capacitores de mica

 

A leitura era feita por um código de pintas.

Esses capacitores em muitos casos podem ser substituídos por tipos cerâmicos se bem que nas aplicações de precisão (RF e instrumentação) o uso de capacitores de mica atuais seja recomendada.

Outros dois tipos muito encontrados eram os de papel e óleo empregados nos circuitos de baixa frequência e corrente contínua com o aspecto mostrado na figura 3.

 

Figura 3 – Capacitores de papel e óleo
Figura 3 – Capacitores de papel e óleo

 

Um problema desses capacitores e a absorção de umidade o vazamento do óleo fazendo com estes componentes perdessem sua características com o tempo.

Um procedimento altamente recomendável na recuperação de aparelhos antigos é substituir todos os capacitores e óleo e papel por tipos modernos equivalentes como os de poliéster, desde que de mesmo valor.

A faixa no invólucro que vemos no maior da foto indica a armadura externa, há que eles são de tipos tubulares. Nos aparelhos antigos observar a posição da montagem era importante em amplificadores para se evitar a captação de roncos.

Para os eletrolíticos o outro tipo importante encontrado temos os equivalentes modernos, observando-se que os valores, polaridade e tensão devem ser observados.

Sempre podemos usar um de tensão maior que o original e o valor pode ser aproximado pelo padrão usado.

É importante sempre trocar todos os eletrolíticos de um aparelho recuperado. Esses componentes perdem as características com o tempo pela perda do eletrólito ou seu vazamento.

 

Baterias

Muitos valvulados antigos usavam baterias com tensões altas como 22,5, 45 e 67,5 V. Essas baterias não mais são encontradas e o consumo dos aparelhos era relativamente elevado.

Nada impede que seja feita sua recuperação ou montagem com o uso de uma fonte que forneça a corrente e tensão que esses aparelhos precisam para funcionar.

Na figura 4 algumas baterias usadas em aparelhos antigos.

 

Figura 4 – Baterias antigas
Figura 4 – Baterias antigas

 

Mesmo alguns aparelhos transistorizados antigos usavam baterias de 22,5 V e até mais, dependendo do circuito.