Por diversas vezes, em artigos e palestras, discutimos os perigos que os campos de baixa frequência representam para a saúde, principalmente os criados por eletrodomésticos com bobinas e as linhas de transmissão de energia de alta tensão.

Se bem que o assunto seja controvertido e algumas precauções já existam no sentido de preservar a saúde das pessoas, surge agora no mercado um novo equipamento que pode representar um perigo potencial que precisa ser analisado mais profundamente.

É desse novo produto que trataremos neste artigo: os carregadores de bateria de celulares e de outros eletro-eletrônicos que usam baterias.

Por diversas vezes exploramos em artigos e palestras os perigos que os campos de baixa frequência gerados principalmente por linhas de transmissão representam. (*)

Alguns países, cientes do perigo que a exposição a estes campos representam, limitaram a presença de resistências a, pelo menos, 100 metros de qualquer linha de transmissão de energia de alta tensão.

No Brasil existem recomendações, mas não a obrigatoriedade, e o que vemos em alguns casos mostra o descaso com que o problema é tratado.

Casas a menos de 5 metros, em alguns casos, de uma linha de alta tensão, expondo seus moradores e campos intensos, cujas conseqüências só serão descobertas à longo prazo.

 

Exemplo de moradia em local perigoso
Exemplo de moradia em local perigoso

 

Também tratamos de alguns eletrodomésticos que potencialmente apresentam algum risco pelos campos eletromagnéticos intensos que produzem.

 

Lembrando o que ocorre

Nosso corpo consiste num meio condutor, em que correntes elétricas podem ser induzidas pela presença de campos eletromagnéticos, ou seja, de ondas de baixa ou de alta frequência.

Este fenômeno é usado em algumas ferramentas médicas como os aparelhos de cauterização por rádio-frequência, onde um sinal gera uma corrente nas células, as quais se aquecem e “queimam” no local em que se deseja que uma ferida cicatrize.

Mas ao lado dos benefícios, existem os perigos.

Por exemplo, os soldados americanos descobriram que ficando de uma antena poderosa de radar era possível se aquecer no frio inverno da Groenlândia onde as suas bases ficavam.

Esta descoberta levou justamente ao desenvolvimento dos fornos de microondas. Não se saber exatamente que tipo de problemas os que se aqueceram nas microondas tiveram, mas vocês podem ter uma idéia do que acontece com um pedaço de carne colocada em seu forno.

Para os campos de baixa frequência, descobriu-se que a frequência das linhas de transmissão, 60 Hz em nosso país, está muito próxima da frequência de ressonância de certos íons em nossas células.

O resultado disso seria a ruptura de certas ligações químicas nas células com conseqüências danosas ao organismo. Alguns estudados associam casos de leucemia à proximidade de linhas de transmissão.

 

Os carregadores sem Fio

Os carregadores sem fio, em sua maioria, são do tipo do tipo indutivo. Nles temos uma bobina numa base ligada à rede de energia na qual é apoiado o telefone a ser carregado, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – Princípio de funcionamento
Figura 1 – Princípio de funcionamento

 

Nessa base existe uma bobina chata que cria um campo magnético intenso que é interceptado por uma segunda bobina instalada na tampa traseira do celular.

Essa bobina funciona como o secundário de um transformador, sendo nela induzida uma corrente que serve para carregara bateria

Nos carregadores comuns utiliza o padrão Qi em que temos até 5 W para os dispositivos de baixa potência e até 120 W para os dispositivos de alta potência.

 

Figura 2 – Carregador comercial
Figura 2 – Carregador comercial

 

Para o caso de celulares, os carregadores são de baixa potência, o que quer dizer que o campo é pouco intenso.

Mas, para outros aplicativos como barbeadores, furadeiras elétricas e outros que usam baterias com maior capacidade e que, portanto, exigem mais corrente de carga o perigo pode se manifestar.

O que ocorre é que o campo criado não fica restrito apenas à base. Se bem que o alcance indicado para o posicionamento dos celulares em relação as bobinas deva ter uma distância máxima de 4 cm no padrão Qi, mais longe ainda temos campo atuante, conforme mostra a figura.

 

Figura 3 – Raio de ação da bobinado carregador
Figura 3 – Raio de ação da bobinado carregador

 

Assim, uma pessoa muito próxima pode ser envolvida por esse campo, e tanto maior será o seu efeito quanto maior sua intensidade e maior sua proximidade.

Para que se tenha uma idéia de como a proximidade pode afetar uma pessoa, os fabricante recomendam que objetos metálicos não sejam posicionados perto dos carregadores durante seu funcionamento.

Nele podem ser induzidas correntes de turbilhão (Eddy) que provocarão seu aquecimento, com eventuais perigos ou danos.

Se isso ocorre com um objeto metálico, também ocorre com objetos condutores em geral.

Isso nos leva a recomendar certas precauções no uso de tais carregadores, principalmente os tipos de maior potência que sejam usados com ferramentas elétricas e outros eletro-eletrônicos de alto consumo.

Não fique próximo do carregador durante o período de recarga de seu celular.

Se usar na sua mesa de trabalho, ponha o carregador distante de seu corpo. Se usar em seu quarto, não o instale em sua cabeceira.

 

Figura 4 – Posicionamento correto
Figura 4 – Posicionamento correto

 

E agora é esperar pelos estudos, que logo revelarão o potencial de perigo. Mas, como não queremos correr risco, é bom prevenir.