Lixo Eletrônico

 Newton C. Braga (*)

 Em artigo anterior desta série tratamos dos perigos que a tecnologia pode gerar, afetando o meio ambiente, mas também podendo fornecer os recursos para que os problemas gerados possam ser corrigidos no futuro. No entanto, existem ainda outros problemas graves que ocorrem em nossos dias e em nosso país associados a produtos de tecnologia. Um deles refere-se às pilhas comuns. Gastas, as pilhas são descartadas de forma simples, jogadas no lixo, decompostas pelo tempo e os produtos químicos que elas contém, dispersados no meio ambiente. O perigo que essas substâncias químicas representam tem sido observado já  há um bom tempo, principalmente pelos que se preocupam com o meio ambiente. As pilhas fabricadas até há algum tempo possuíam uma boa dose de mercúrio e cádmio em seu interior que, como sabemos, são elementos que mesmo em pequeníssimas quantidades são altamente tóxicos, e portanto perigosos. No nosso país e em muitos países avançados é proibido usar o mercúrio na fabricação das pilhas, por isso elas apresentam um potencial de perigo menor quando descartadas. A Ray-o-Vac, por exemplo, não usa esses elementos em suas pilhas desde 1996..No entanto, em países como a China, não existe essa preocupação, e as pilhas que esse país “exporta”  e que são adquiridas a um custo muito baixo em barraquinhas e outros comércios informais possuem esse elemento em quantidade que não pode ser desprezada. Essas pilhas têm um custo muito baixo, quando comparadas com às que são encontradas no comércio normal, fabricadas em nosso pais ou importadas legalmente, mas além da má qualidade, pois sua capacidade de fornecimento de energia é menor e elas já vem com parte da carga perdida, durante o tempo de viagem, elas têm o agravante da toxidade. E, não é apenas no momento que a descartamos que o perigo se manifesta, poluindo o meio ambiente, pois as substâncias de seu interior são carregadas pelas águas da chuva até os mananciais que nos fornecem água para beber. Temos ainda o perigo delas vazarem nos brinquedos de nossas crianças ou mesmo nos nossos eletrônicos colocando-nos em perigo. Quantas vezes você já não teve de tirar uma “pilha vazada” esquecida no interior de um aparelho, limpando com os dedos aquela substância esbranquiçada parecida com um pó que sujava os contactos? Talvez você, e a maioria dos leitores, não tenha parado para pensar que naquele momento você pode ter tido um perigoso contacto com substâncias contendo mercúrio e cádmio, capazes de lhe provocar um envenenamento que só no futuro você vai perceber as conseqüências e certamente não associar o fato ao seu gesto. Cuidado com as pilhas! Use as nacionais ou de procedência garantida... É bom para sua saúde, para a saúde dos seus e para o próprio meio ambiente..

 

(*) Newton C. Braga é diretor técnico das Revistas Saber Eletrônica e Eletrônica Total, colabora com as revistas Mecatrônica Fácil e Mecatrônica Atual (www.editorasaber.com.br) , tem mais de 100 livros publicados no Brasil e Exterior

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  Artigo publicado originalmente no jornal São Paulo Leste em novembro de 2007.