Escrito por: Newton C. Braga

Este texto faz parte do livro Instalações Elétricas Sem Mistério (edição de 2005) e aborda um tema bastante importante, nem sempre entendido pelos eletricistas. Nele discutimos a vantagem de se usar 220 V, não pelo consumo, mas pela facilidade da transmissão da energia com menores perdas.

 

 

 

Qual é a vantagem de se usar 220 V em lugar de 110 V  numa instalação que tenha as duas tensões disponíveis?

Muitos acreditam que se usarmos um chuveiro numa rede de 220 V "gastaremos" menos energia do que se usarmos esse mesmo chuveiro com alimentação de 110 V.

O que pagamos de energia não depende nem da corrente e nem da tensão, mas sim dos dois, ou seja, do produto da tensão pela corrente que resulta numa grandeza denominada "potência elétrica", medida em watts.

Assim, a medida do gasto de qualquer eletrodoméstico é dada pelos "watts" (W) que ele exige para funcionar.

Uma lâmpada de mais "watts" de potência é mais forte, porque exige mais energia e, portanto, converte mais energia elétrica em luz.

Para obter uma determinada quantidade de watts exigida por um aparelho de maior consumo a partir da rede de energia, podemos partir tanto da tensão de 110 V como de 220 V.

Supondo que desejamos alimentar um chuveiro de 2 200 W, temos então duas possibilidades:

Se usarmos a rede de 110 V, para obter os 2 200 W a corrente deverá ser de 20 A (pois 20 x 110 = 2 200 W).

No entanto, se usarmos a rede de 220 V, para obter os 2 200 W a corrente deverá ser de 10 A (pois 10 x 220 = 2 200 W).

Veja então que, ligando o chuveiro em 220 V a corrente será menor (o consumo não! Será absolutamente o mesmo: 2 200 W), o que nos leva a uma grande vantagem na instalação: os fios usados podem ser mais finos e as "perdas" neste fio são menores.

Assim, é sempre interessante alimentar os aparelhos de maior consumo, se possível com 220 V, pois, como eles exigem correntes mais altas, podemos economizar na instalação, que não exige fios tão grossos além de termos perdas menores e mais segurança.

Quanto ao consumo, não se iluda: você vai pagar a mesma coisa no final do mês...

A seguir, de modo a facilitar o cálculo de consumo, damos as potências nominais de alguns eletrodomésticos comuns.

Obs: esta potência pode variar sensivelmente em alguns casos, dependendo do tipo e tamanho do aparelho considerado.

Nestes casos, o valor exato pode ser obtido na etiqueta ou plaqueta de características fixada no próprio aparelho.

(*) Para os aparelhos indutivos, ou seja, que possuem motores, é mais interessante especificar a potência em volts-ampères (VA), havendo uma pequena diferença técnica desta grandeza em relação ao watt.

(**) Não confundir este forno térmico que possui um elemento de aquecimento interno resistivo com o forno de microondas que tem um princípio de funcionamento diferente.

 

 


 

Observação importante:

Quando este artigo foi escrito ainda não estavam em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas mudanças para a maneira como as instalações elétricas devem ser feita e também para o formato das tomadas de força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados valem para instalações elétricas antigas, como ainda são encontradas em muitos locais de nosso país. Para instalações novas, os leitores devem consultar as normas vigentes