Escrito por: Newton C. Braga

Encontrar defeitos em equipamentos de videocassete é algo que o técnico deve saber. A eficiência neste processo é importante, não só pelo tempo que o técnico ganha, como também pela possibilidade de maximizar os lucros e agradar o cliente por um serviço bem feito. Os procedimentos que descrevemos a seguir são determinados pelos profissionais com anos de experiência e, portanto, devem servir de referência para os leitores que fazem os exames de uma forma aleatória ou sem critério.

Este artigo é de 1998 quando ainda eram populares os aparelhos de VCR ou Videocassete. No entanto, muitos ainda os mantém tanto por questões pessoais como para transformar aquelas mídias em mídias mais modernas.

 

Quando um equipamento de videocassete chega a urna oficina com algum tipo de problema, nem sempre o relato do cliente serve de parâmetro seguro para a localização do defeito. Normalmente, a falta de conhecimento técnico ou ainda, a não observância do que realmente acontece, leva a conclusões simples do tipo "não funciona", "a imagem está ruim", "não grava" ou "não reproduz" e o resto fica por conta do técnico.

 

PROCEDIMENTO BÁSICO PARA O RECEPTOR DO VCR

Se a imagem reproduzida na seleção dos canais de TV a partir de um videocassete num televisor for ruim, verifique se a utilização do televisor de modo direto também é ruim. Se for, estará caracterizado que o problema é de antena ou ainda de ajuste fino do televisor, caso a recepção do videocassete seja feita nos canais 3 ou 4.

Se o problema não ocorrer com a saída de áudio/vídeo quando usada ele pode estar rio modulador de videocassete (problemas de funcionamento ou ajuste).

Veja que o videocassete pode enviar os sinais para um televisor pelo: terminais de antena, caso em que fazemos a sintonia nos canais 3 ou 4 ou pelas entradas de áudio e vídeo, figura 1.

 

Dois modos de reacoplar um videocassetea um televisor.
Dois modos de reacoplar um videocassetea um televisor.

 

 

O segundo procedimento, por motivos que já explicamos em artigos anteriores, acaba proporcionando ume melhor qualidade de imagem.

Se a qualidade de imagem obtida no televisor é ruim quando o VCR usado como receptor, tente fazer a gravação de um programa qualquer. Se na reprodução deste programa ocorrerem problemas, então a sua origem pode estar realmente nos circuitos de gravação e reprodução, figura 2. A má qualidade pode se manifestar desde a forma de simples chuviscos ou cores desbotadas, caso em que o aparelho necessita de uma limpeza e verificação das cabeças de vídeo, até a instabilidade, que significa desajustes dos circuitos ou problemas de componentes que podem realmente ter sofrido danos.

 

Detectando problemas no circuito de gravação.
Detectando problemas no circuito de gravação.

 

 

A reprodução somente do som, sem imagem ou com sérios problemas de imagem, também indica a presença de muita sujeira nos entreferros das cabeças de vídeo. Nestes casos, a abertura do aparelho para exame das etapas correspondentes deve ser programada.

 

DEFEITOS BÁSICOS

Outros problemas que podem ocorrer com os aparelhos de videocassete são devidos à inoperância de funções individuais. Neste caso, apenas a função ligada ao controle fica afetada, exigindo um exame especifico. A seguir, damos alguns defeitos comuns em aparelhos de videocassete com as suas possíveis origens:

 

a) Defeito do botão RECORD - o botão de gravação está emperrado, não podendo ser apertado ou não funcionando de modo algum. O primeiro passo é verificar se o cliente não esqueceu alguma fita lá dentro.

Depois, veja se a lingueta de segurança da fita que impede a gravação não está fora de posição, ou foi removida. Se isso ocorreu, e você deseja usar a mesma fita ainda para gravação, cubra o furo da lingueta com um pedaço de fita adesiva, figura 3.

 

Tampando o furo da lingueta
Tampando o furo da lingueta

 

 

b) Não há imagem nem som - o primeiro passo ë verificar se os ajustes que possibilitam obter a imagem estão corretamente ajustados, inclusive se o televisor está no canal correto, caso sua entrada de VHF seja usada (canais 3 ou 4), Verifique também se a chave TV/ VCR (se existir) está na posição correta e, finalmente, verifique a sintonia fina do televisor. Uma outra possibilidade é que o circuito de sintonia de recepção do VCR ne gravação esteja desajustado, caso em que a gravação é afetada.

 

c) O sinal é recebido de modo precário, sem cores ou com cores desbotadas - A primeira possibilidade é que a sintonia fina do receptor esteja desajustada, como no caso anterior.

No entanto, se o aparelho usar as entradas de áudio e vídeo, o problema pode estar no circuito de gravação do videocassete que está desajustado, precisando ser refeita sua sintonia. Se as cores forem gravadas de modo precário, elas aparecem ruins na reprodução.

 

d) Imagens instáveis - a instabilidade de imagem ocorre normalmente quando existe algum problema de interferência no sinal de sincronismo e esta interferência pode ter diversas origens.

Uma primeira possibilidade está na própria frequência da rede de energia. Um videocassete usado em rede imprópria (feito para 50 Hz e operando em 60 Hz) não consegue ter uma imagem estável.

Outro problema que pode ocorrer é a presença de sinais interferentes sobrepostos ao sinal de 60 Hz da rede de energia. Transientes e surtos intermitentes podem se sobrepor ao sinal de sincronismo, causando instabilidade de imagem. Esta sobreposição, se existir na rede de energia do cliente, pode também afetar a estabilidade de imagem dos televisores, dependendo da sensibilidade do seu circuito.

A presença de fábricas e oficinas nas proximidades com aparelhos que possam causar este problema deve ser analisada. Caso isso seja constatado, experimentando um filtro de linha é possível eliminar o defeito.

Finalmente, existe a possibilidade de ter um desajuste no controle de tracking (traçado). Quando a cabeça não consegue acompanhar a trilha em toda sua extensão devido a um desajuste de posição, conforme figura 4, este problema de instabilidade pode ocorrer.

 

Desajuste do traçado da cabeça (traking) causando instabilidades de funcionamento.
Desajuste do traçado da cabeça (traking) causando instabilidades de funcionamento.

 

 

e) Chuvisco na imagem somente na reprodução - este problema, caso apareça de forma intermitente, ocupando apenas uma parte da imagem ou se deslocando na forma de faixas pela imagem, indica que o controle de tracking precisa ser ajustado. Se o ajuste não resolver, o seu circuito deve ser analisado, pois podem existir componentes com defeito.

 

f) Som normal, mas sem imagem - este problema, conforme vimos na introdução, pode ocorrer pelo acúmulo de sujeira nas cabeças. Uma verificação deve ser feita.

 

g) A parte superior da imagem está distorcida e o restante da imagem normal. No entanto, toda a imagem é instável. Este problema pode ocorrer se a constante de tempo do circuito AFC do videocassete é incompatível com a do televisor.

 

h) Durante a rebobinagem a fita para - em alguns aparelhos a contagem da fita para de modo automático no 9999. Se a contagem não iniciou do zero, este valor pode ser alcançado antes de finalizar a rebobinagem.

 

i) A fita não ejeta - muitas pessoas desligam o videocassete e depois tentam tirar a fita apertando o botão EJECT. Com o cassete desligado, o sistema de ejeção da fita não funciona. No entanto, se ele estiver ligado e a fita não for ejetada, isso pode significar problemas no mecanismo, que devem ser verificados.

 

INCOMPATIBILIDADE DO AFC

Este é um problema que pode ocorrer em equipamentos mais antigos e que impede o seu funcionamento com certos televisores.

Quando existe incompatibilidade entre o circuito AFC do VCR e o do televisor, ocorrem distorções da imagem. É preciso tomar cuidado, pois o mesmo tipo de defeito também pode ocorrer devido a um tensionamento incorreto da fita, assim, antes de mexer nos circuitos o técnico deve fazer uma verificação desta possível causa. Ficará claro que o problema de um videocassete é de AFC, se ele nunca conseguiu funcionar com um determinado tipo de televisor e isso o cliente pode informar.

O problema em questão não aparece com televisores mais modernos, que já foram projetados para operar corri uma boa margem de segurança com todos os videocassetes comuns. O problema tem a maior probabilidade de aparecer quando o televisor e o videocassete são de fabricantes diferentes. A solução para este problema é a troca dos circuitos AFC do televisor com que o videocassete vai funcionar, devendo o técnico ter antes certeza de que esta é a origem do problema (o videocassete funciona normalmente com outros televisores, conforme figura 5).

 

O videocassete não funciona com televisores de certas marcas.
O videocassete não funciona com televisores de certas marcas.

 

 

Na figura 6 temos um circuito típico do AFC de um televisor antigo comum, que é formado por redes RC. O que o técnico deve fazer é alterar os componentes, conforme mostrado na figura.

 

O circuito AFC (CAF) típico de um TV em cores comuns.
O circuito AFC (CAF) típico de um TV em cores comuns.

 

 

Normalmente, na prática, não é preciso alterar todos os componentes. Com a alteração de um, dois ou no máximo três dos componentes indicados, já se consegue um bom funcionamento para e videocassete.

 

CONCLUSÃO

Evidentemente, dependendo do grau de sofisticação do equipamento de videocassete, existem outros sintomas de defeitos que podem aparecer.

Nestes casos, sempre é importante que o técnico tenha conhecimento do princípio de funcionamento das funções envolvidas, como também, dos próprios manuais técnicos do fabricante.

Saber exatamente como fazer os ajustes e ter instrumentos para isso, é fundamentai para a realização de um bom serviço que leve o equipamento ao seu desempenho original, mesmo quando feitas trocas de componentes.